Jornal do Cariri
Pressão para flexibilizar
23/02/21 0:00

O decreto estadual que instituiu a redução no horário de funcionamento do comércio e toque de recolher em todo o Estado está sendo uma grande dor de cabeça para os prefeitos do Cariri. No dia 18, um dia após o anúncio, o governador Camilo Santana se reuniu com mais de 170 prefeitos do Ceará, de forma remota, para pedir unidade no cumprimento das medidas. O problema é que os gestores municipais enfrentam pressão e resistência por parte de comerciantes locais. Eles não aceitam parte dos termos do decreto e questionam porque as medidas não foram impostas durante a campanha eleitoral. Sem estrutura para fiscalizar, parte dos prefeitos fecha os olhos e deixa à vontade. Na reunião com o governador, alguns prefeitos pediram a flexibilização do decreto para a região do Cariri, que segundo avaliação, está sob controle. Os prefeitos procuram uma justificativa para amenizar a pressão.

Mau exemplo

O presidente da Câmara de Antonina do Norte, Ronim Dias, tem propagado pelo Município que é obediente às leis e fiel aos bons costumes. Apenas teoria. No fim de semana, fazendo o estilo ‘curtindo a vida adoidada’, Ronim aparece em um vídeo nas redes sociais (Instagram), com mais dois homens dentro de um carro, exibindo garrafas de cerveja e com o volume de som em toda altura. Os três seguiam para uma festa em Campos Sales. Nos embalos de ‘sábado à noite’, Ronim descumpre o decreto estadual que determina toque de recolher a partir das 22h. Carro, bebida e infração às leis é a realidade do vídeo. Vale lembrar que Ronim foi preso no dia da eleição, por provável compra de votos. Ronim se articula e vai votar no deputado estadual David de Raimundão. Vai ter dificuldades em, mais uma vez, explicar o inexplicável para pedir o voto.

Bom exemplo

O prefeito de Várzea Alegre, Zé Helder, resolveu tomar uma atitude conjunta para conter o avanço da covid-19. No dia 19, de forma remota, se reuniu com os prefeitos de Granjeiro, Chico Clementino; Lavras da Mangabeira, Ronaldo da Madeireira; e de Cedro, Joãozinho de Titico. No seu gabinete estavam o comandante da Polícia Militar, Tenente Wellington, e outros quatro secretários. Na pauta, medidas de enfrentamento a covid-19 e como garantir o cumprimento do decreto do Governo do Estado. Como encaminhamento, ficou decidido campanhas de conscientização, maior atuação da Vigilância Sanitária e reforço no efetivo policial para a fiscalização. Os quatro municípios editaram decretos ratificando o decreto estadual. O encontro mostra que o prefeito Zé Helder vai se firmando como liderança regional para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa.

Não vai ter salário

Os servidores municipais de Farias Brito devem sofrer atraso nos salários já nestes primeiros meses da gestão Dede Pereira. O aviso foi dado pelo secretário de Finanças, Emanuel Pinheiro, para a presidente do Sindicato dos Professores do Município, Antônio Silva. Na comunicação oficial, o secretário deixou claro que não tem dinheiro. Somente neste mês de fevereiro, a administração sofreu um bloqueio de FPM no valor de R$ 590 mil e mais uma multa de R$ 2,6 milhões da Receita. No primeiro caso, a gestão deixou de pagar parcelas de dívidas acordadas com a União e, no segundo, deixou de informar relatórios e prestações de contas obrigatórias. Apesar da gestão, Deda aponta o ex-prefeito Zé Maria como culpado. A fama de gestão incompetente já pegou. Inexperiência foi a principal motivação para a perda dos recursos. Terão que explicar aos servidores.

Nepotismo na mira

Os prefeitos de Porteiras, Jati e Penaforte estão, literalmente, na mira do Ministério Público Estado. Através da Promotoria de Porteiras, o órgão mais que convocou, desafiou a população dos municípios a denunciar casos de nepotismo nas administrações. Claro, a motivação é o histórico das gestões passadas e o caminho tomado pelas novas. É costume de gestores dos municípios nomearem parentes até terceiro grau para cargos de segundo, terceiro e quarto escalão. Isso sem falar nos cargos de secretariado, o que é permitido pela lei, mas imoral aos olhos da população. As denúncias podem ser feitas por meio de um canal direto do órgão e as identidades mantidas em sigilo. Segundo o promotor André Barroso, a finalidade da convocatória oficial, feita no último dia 12, é acompanhar o cumprimento das regras de combate ao nepotismo.

Carta aberta

O prefeito de Altaneira, Dariomar Rodrigues, resolveu quebrar o silêncio, após mais de 60 dias de operação “Salus”. Lavagem de dinheiro, peculato, associação criminosa e fraude a licitações, são alguns dos crimes investigados e que levou 13 pessoas, inclusive dois ex-secretários de Dariomar para prisão. Após a liberdade dos secretários recentemente, Dariomar emitiu nota, denominada de “Carta aberta aos altaneirenses”. O prefeito inicia falando do seu sonho de “fazer mais para os que mais precisam e fazer para todos aqueles que menos têm” e que acredita nas justiças de Deus e dos homens. Argumentos bem próximos da raiz demagógica dos políticos tradicionais. Sobre o silêncio, Dariomar disse que o fez em “respeito à dor das famílias dos que sofreram com o afastamento de seus entes queridos”. A oposição avalia que o prefeito se superou.

Enquanto isso...

... Ainda em Altaneira, o prefeito Dariomar Rodrigues parece bem longe de se livrar dos problemas da saúde no Município. Investigado por desvios na pasta, Dariomar tem enfrentado uma série novas denúncias. No dia 18, profissionais de um PSF local enviaram imagens ao blog A Pedreira, de um veículo do programa em péssimas condições para o uso.

... Os profissionais reclamam que não existe diálogo com o atual secretário municipal de Saúde, Júnior Paulino. O secretário é acusado de agir com autoritarismo, coagir servidores e fazer transferências ilegais, por perseguição política. Os vereadores Ariovaldo Soares e Valmir Brasil, ambos do PDT, foram acionados para mediar a situação.

... O ex-prefeito de Granjeiro, Vicente Félix de Sousa, o Vicente Tomé, foi colocado em liberdade. Vicente é um dos acusados de mandar matar o ex-prefeito de Granjeiro, João Gregório, o João do Povo, em dezembro de 2019. Vicente estava preso na Penitenciária Industrial e Regional do Cariri (PIRC) em Juazeiro do Norte.

... Vicente Tomé foi preso no dia 15 de julho de 2020, após a Justiça decretar sua preventiva. Vicente estava em prisão cautelar usando tornozeleira eletrônica. Ele foi denunciado pelo Ministério Público com mais 16 pessoas, inclusive, seu filho Ticiano Tomé, vice-prefeito eleito com João do Povo. Ticiano permanece preso.

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