Após as últimas chuvas que caíram na região, a Câmara de Juazeiro do Norte voltou a debater o empréstimo de US$ 80 milhões, ou cerca de R$ 420 milhões, entre o Município e a Corporação Andina de Fomento (CAF). A discussão, na sessão do dia 10, contou com a participação de representantes da Associação Lagoa Seca, João Almeida (presidente) e Gilmara Oliveira (secretária), um dos bairros que, recorrentemente, são mais prejudicados pela falta de infraestrutura e drenagem.

João Almeida e Gilmara usaram a tribuna da Câmara para cobrar uma solução para o impasse político entre Prefeitura e Câmara, que segundo avaliaram, tem inviabilizado o empréstimo que deve resolver o problema da drenagem em bairros como Lagoa Seca, São José, Campo Alegre e Carité.

João Almeida avaliou que os poderes Executivo e Legislativo estão “em uma celeuma política” e pediu que haja uma convergência de idéias, que seus líderes se entendam para viabilizar os recursos necessários para as obras que beneficiarão as populações prejudicadas com a ausência da infraestrutura.

Além de membro da Associação, Gilmara é proprietária de um café, praticamente destruído por uma inundação causada pelas últimas chuvas. Gilmara destacou que a incerteza climática causa temor em moradores e empresários do bairro. “Estamos aqui pedindo, clamando para que seja feito, pelo menos, o começo do processo”, disse.

No dia 06 de outubro, um projeto de lei do vereador Capitão Vieira Neto (PTB) revogou a autorização da própria Câmara, para que o Município contraísse o empréstimo. A motivação para a revogação foi a aprovação do empréstimo pelo Senado, no dia anterior, 5 de outubro. Líder da oposição, Vieira Neto cita uma fala do prefeito Glêdson Bezerra (Podemos), em que afirma que o Município estaria quebrado financeiramente.

Durante a sessão, Vieira Neto rebateu Gilmara, que pediu sensibilidade por parte da Casa. O vereador questionou qual o projeto favorável à população que não foi aprovado pela Câmara. Vieira disse, ainda, que a Câmara desautorizou porque não conhece o projeto e onde os recursos serão aplicados.

O prefeito Glêdson reafirmou que não é contra o empréstimo e que espera bom senso, por parte da Câmara, para viabilizar os recursos. “É importante salientar que, nem se eu quisesse, faria o empréstimo no ano passado, porque Juazeiro do Norte estava inadimplente”, esclareceu.

O prefeito destaca, ainda, que hoje o Município tem capacidade de pagamento reconhecida. “Nós pegamos o Município com a capacidade de pagamento C, Capag C, e fomos para Capag B. Então, Juazeiro, hoje, tem o selo de bom pagador”, destacou.

A autorização para o empréstimo foi dada pelo Senado da República, após o aval da Secretaria do Tesouro Nacional e da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. Sobre a revogação da autorização pela Câmara, o prefeito Glêdson vetou o projeto, mas a expectativa é que o veto seja derrubado pelo Legislativo.

Chuvas - No último sábado (12), os juazeirenses foram surpreendidos com um fenômeno até então inédito para a maioria: chuva de granizo. Segundo a Funceme, as condições que colaboraram para registros se deram pela formação de áreas de instabilidade que se formaram a leste da região Nordeste. O cenário contribuiu para a formação dessas nuvens que o topo muito frio, chegando a -60ºC. Com as chuvas do final de semana, pontos de alagamentos e comprometidos foram registrados pelos moradores nos municípios do Cariri.