Jornal do Cariri
Cariri sob ameaça de circulação da variante delta do coronavírus
Profissionais alertam para a existência de casos atípicos, com quadros clínicos semelhantes ao da delta
Foto: Divulgação
Robson Roque
31/08/21 0:00

O Cariri é a única região do Ceará ainda imune a casos da variante delta, cepa do novo coronavírus considerada uma das mais agressivas, junto com as mutações alfa, beta e gama. Até o fechamento desta edição, na segunda-feira (30), não existem casos confirmados entre as 29 cidades caririenses. Por outro lado, profissionais consultados pelo Jornal do Cariri alertam para a existência de casos atípicos, com quadros clínicos semelhantes ao da delta, que já possui 62 confirmações no Ceará. Cidade pernambucana que faz limite com Crato, Exu registrou, no sábado (28), a primeira pessoa infectada com esta variante. Municípios são orientados a intensificar ações para que seja evitada a inserção da variante no Cariri.

O médico Carlos Magno Alencar, que atua no tratamento domiciliar e emergencial de pacientes acometidos pela covid-19, acredita que a variante delta já esteja circulando na região. “Tenho visto alguns casos que chamam a atenção, por ter uma apresentação atípica, principalmente quando se fala de velocidade na evolução do caso”, conta. Ainda segundo o médico, a expectativa é de que casos sejam confirmados até o final de setembro e que haja uma evolução de pessoas infectadas pela variante. “É o que as autoridades sanitárias alertam, tornando-se a cepa dominante na população do Cariri, assim como no resto do país”, acrescenta.

O especialista explica que, apesar de sintomas semelhantes, a variante delta difere do vírus comum, pela menor incidência de tosse e perda de olfato e paladar. Fundamentado nas evidências de outros países nos quais a cepa já está instalada, o médico Carlos Magno Alencar detalha a relação existente entre a variante e a faixa etária de pessoas afetadas. “Veremos, agora, possivelmente, mais crianças e adolescentes sendo acometidos, pois é o que as estatísticas de países como a França e o Reino Unido estão nos mostrando. Este fato está a ocorrer principalmente porque esta é a população que ainda não está imunizada”, argumenta.

De acordo com o infectologista Paulo Marcelo Martins Rodrigues, da Escola de Saúde Pública do Ceará, a delta "é duas vezes mais transmissível e tem a capacidade de contornar os nossos mecanismos de defesa”, diz. Ele acrescenta que a variante “se tornou um problema por onde passou”. Desde julho, 62 casos da variante delta foram confirmados em 22 municípios cearenses, em todas as regiões, com exceção do Cariri. Do total, 20 ocorrências da cepa oriunda da Índia são de passageiros que desembarcaram no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, e outros três são trabalhadores do local. Eles retornavam de viagem para Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Recife e México. Um caso da variante alfa, do Reino Unido, foi confirmado no início da segunda metade de agosto.

“O crescimento dos casos da variante delta no Ceará, de transmissão importada ou comunitária, inspiram preocupação”, afirma o novo secretário estadual da Saúde, Marcos Gadelha. “A Sesa se articula para que as barreiras sanitárias do Estado sejam reforçadas, além de fazer todo o rastreamento dos pacientes. Mas a população também precisa reforçar cuidados, evitando viagens desnecessárias, cumprindo autoisolamento em casos de exames positivos para covid-19, mantendo o distanciamento social, evitando aglomeração e não deixando de usar máscara, álcool 70% e lavar a mãos frequentemente”, ressalta o secretário. As recomendações começaram a ser seguidas por municípios do Cariri na semana passada. Juazeiro do Norte, por exemplo, estabeleceu barreiras sanitárias no Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes. Com uma semana de atuação, a barreira realizou 50 testes em passageiros vindos de estados com detecção da Delta. A ação é feita por meio de parceria entre as secretarias de Saúde do Ceará e de Juazeiro do Norte. Também foi instalada uma barreira na rodoviária intermunicipal. Nos dois equipamentos, os testes são feitos principalmente em passageiros vindos do Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina. “Todos os setores estão trabalhando juntos a fim de evitarmos a propagação do vírus. O monitoramento da variante delta está sendo realizado através de barreiras sanitárias no aeroporto e rodoviária da cidade, onde é realizada uma triagem dos passageiros, como também um trabalho de orientação de conscientização para prevenção da covid-19”, detalha a coordenadora municipal de Vigilância em Saúde, Nara Hellen.

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