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UFCA recebe acervo de Pedro Bandeira, o Príncipe dos Poetas Populares
Primeiro livro do poeta foi escrito à mão na década de 60
Foto: Marcos Carvalho
Joaquim Júnior
30/05/23 10:30

Natural da Paraíba e caririense de coração, Pedro Bandeira foi um dos maiores poetas e escritores brasileiros. Com extensa lista de projetos, premiações e reconhecimentos, o “Príncipe dos poetas populares” faleceu aos 82 anos de idade, no ano de 2020. Para preservar seu trabalho e proporcionar o acesso a pesquisadores e admiradores das próximas gerações, a família doou parte do acervo à Universidade Federal do Cariri (UFCA), que planeja, segundo o reitor, Ricardos Ness, criar um museu para expor os itens recebidos.

Íria Maria Bandeira, filha do poeta, que recebeu o título de Tesouro Vivo do Estado do Ceará no ano de 2018, conta que o pai dela já tinha exposto o desejo de doar o material à universidade há alguns anos. À época, a UFCA era ainda o Campus Cariri da Universidade Federal do Ceará (UFCA). Com o falecimento de Pedro, a filha atendeu à vontade de pai e teve o aval de outros familiares. “Ganhou Pedro Bandeira, ganhou a universidade, ganhou o conhecimento, ganhou a cultura, ganhamos todas”, enfatizou.

Ela acredita que preservar o acervo de Pedro Bandeira é preservar a história da cantoria. Como lembra, o trabalho dele inspirou novos artistas e foi acompanhado por milhares de nordestinos através do rádio, das poesias, dos shows e de inúmeros trabalhos. Dessa forma, Íria acredita que não teria sentido deixar o acervo inacessível ao público.

“Pedro Bandeira era um homem de prosperidade em todos e nos melhores aspectos dessa palavra. E assim é que essa energia, não só sua poesia, chegue a todos e todas, contagie e se multiplique. Fique a semente de amor, de luz, de inspiração, e de repente, a cantoria seja coloca no patamar que ela merece e deve estar”, finaliza.

Confira, abaixo, a entrevista com Íria Bandeira

Como surgiu a iniciativa para a doação do acervo do poeta Pedro Bandeira à Universidade Federal do Cariri (UFCA)?

Bom na verdade, ainda em vida, na gestão da reitoria do Jesualdo na UFC, ainda UFC, já havia tido um contato nesse sentido. A universidade já havia buscado uma aproximação com Pedro Bandeira e pensado num trabalho pra tornar um bem público, digamos assim. Pelo viés da academia, mas não chegaram a um termo e, com a morte dele, me veio essa intenção, Sempre me pareceu uma ideia muito interessante porque, além de salvaguardar documentos como correspondências, fotografias que contam a história da poesia popular, do cantador de viola, do repentista notadamente neste país, além de salvaguardar pra que não perdesse, porque ele tinha todo esse acervo, mas não tinha as técnicas próprias pra que esse acervo fosse protegido das intempéries e do próprio desgaste que o tempo traz a tudo.

Então, aí me veio a ideia, eu conversei com a minha irmã e ela disse que eu poderia adotar as providências que eu considerasse necessária. E eu assim o fiz. Procurei a instituição, através da Fanka, professora da universidade, que é uma pessoa que eu tenho ligação por conta das atividades holísticas. E, a partir daí, viabilizamos tudo. Acho que foi, assim, a medida mais correta. A grande emoção tomou conta de todo mundo, durante o evento, durante a solenidade de concretização dessa parceria. Mostrou que céus e terras estavam contentes com essa decisão. Ganhou Pedro Bandeira, ganhou a universidade, ganhou conhecimento, a cultura – que eu nem vou separar aqui com erudita ou popular porque cultura é uma só, são várias leituras, digamos assim –,ganhamos todas... Ganhou a família por saber que não estaria em melhor lugar para conservação e para acesso de tudo e de todos como é, e assim deve ser, a universidade pública.

Há uma média de quantas peças foram doadas? Pode dar exemplo de alguma delas?

Não, não dá pra fazer a média assim, porque na realidade, no dia da solenidade, foram encaminhadas, digamos assim, umas amostras. Foram levadas nove caixas que continham uma vasta literatura de cordel de 50 anos atrás até os dias atuais, tanto de autoria do Pedro Bandeira quanto de outros poetas nordestinos e de outras regiões do país também, xilogravuras antigas, mais recentes de Pedro Bandeira em várias fases do seu trabalho, dos poetas, dos irmãos Bandeira e de outras autoridades desse tecido que é a poesia popular, além do encontro de algumas xilogravuras também de encontro deles com autoridades políticas que foram usadas ao longo dos anos na produção dos cordéis. E também levamos alguns CDs, algumas fitas cassete com cantorias e os troféus. Iniciamos a levar porque muitos troféus, não sei nem dizer o número de tantos porque foram mais seis décadas de cantoria e muitos festivais participados no Brasil e também no exterior, com premiações assim variadas, muitas medalhas de honra ao mérito, título honorífico de cidades, de estados... Ele é cidadão de Natal, do Rio Grande do Norte, cidadadão cearense, cidadão Juazeirense, já que ele é da Paraíba, e títulos da Academia Cearense de Letras, do Clube dos Jumentos, o diploma que o honrou com o título de Príncipe dos Poetas Populares.

Então, assim, já levamos algumas honrarias que ele recebeu e alguns livros, inclusive, que distribuímos, porque estamos doando também os livros dele, o material que era comercializado por ele, digamos assim, que era em livrarias e às vezes também nas próprias cantorias que ele fazia, nas festas que ia... Então, esses livros, nós também estamos doando para que a universidade possa distribuí-los para outras bibliotecas, outras academias e assim não fique somente no audiovisual, somente na internet e que essa coisa física da obra de Pedro Bandeira possa também ser distribuída. Então a gente está levando também os livros por ele publicados, escritos, e os livros que foram publicados por vários outros autores falando de sua história, da sua vida e notadamente da sua obra poética. Nós levamos também pra lá algumas cartas, eu acredito, que tem um acervo enorme de cartas que eram trocadas com autoridades, mas notadamente com o seu público, sabe? Com os seus fãs, com outros poetas... Então essas cartas também, eu acredito, que já foram alguns exemplares. É isso, mas eu acho que isso representa talvez 10% do seu material, porque muita coisa ainda tem pra ser levada que encontra-se no seu auditório, o antigo auditório Pedro Bandeira.

A gente ainda está organizando, juntando, na realidade, porque a universidade é que vai fazer essa catalogação, essa recuperação desse material. Tem também alguns objetos que nós vamos levar que eram de seu uso literários, máquinas antigas e a universidade vai ver que fim vai dar tudo isso. Muitos quadros, muitas fotografias... Eu acho até que já entra aqui no exemplo do que são essas peças. Tem muitas fotografias ao longo desses anos todos em que ele esteve viajando, com registro de suas viagens. Conta muita coisa. É muita história não só do Pedro Bandeira. Pedro Bandeira profissionalizou a cantoria. Lembro do Geraldo Amâncio falando disso, assim, que ele ensinou a vender ao poeta, cobrar pelo seu trabalho inclusive na produção dos seus folhetinhos, aquelas folhas avulsas com as canções, a própria literatura de cordel.

Ele foi o primeiro cantador a ter um auditório. Não consta aqui... Não saberia dizer se um outro cantador já teve auditório próprio com  programas diários transmitidos inicialmente pelo rádio, depois pela TV durante muitos anos. O programa do Auditório Pedro Bandeira, o Poeta e o Nordeste, que era transmitido então pela Rádio Iracema, às vezes em cadeia com a Rádio Progresso também. Era o porta-voz, inclusive, entre as comunidades rurais. Os avisos eram no serviço de utilidade pública do programa de Pedro Bandeira que se mandava. Pessoas da cidade pra conversar com as pessoas. Naquele tempo, o acesso era mais difícil, então as pessoas avisavam que tinham nascido crianças. “Ah! Avisa que nasceu um menino homem!”, eu me lembro muito disso!

Os romeiros iam aos programas. Ele tinha o hino da cantoria voltado para o padre Cícero, que é o poema Graça Alcançada! E os romeiros lotavam, nas romarias, o auditório e traziam para pagar... Era muito comum fazer uma promessa com o padre Cícero e, quando a graça fosse alcançada, seria publicado uma canção Graça Alcançada, na voz de Pedro Bandeira ou de Lourdes Novaes, também falecida, sua parceira mais comum de cantorias. E era aquele registro de canções pelos romeiros, uma coisa muito linda. Então foi um programa que prestou um grande serviço. Além de outros programas que ele teve. Começou na Rádio Educadora do Crato já com esse sistema.

O cantador de viola, a literatura de cordel, eram os jornalistas do seu tempo e muitos não deixaram de ser – inclusive os que, como Pedro Bandeira, resolveram somar a experiência e a cultura do repente à grandeza de seus versos também o conhecimento acadêmico. Ele cursou três cursos superiores e especializações, então ele acabou assim complementando. Passou a complementar ainda mais a sua condição de influenciador. Hoje chamamos assim, né? Mas o cantador de viola e os grandes cantadores eram influenciadores de sua época. E eram eles que levavam muitos esclarecimentos, conhecimentos parar os sertões. Uma coisa linda! Já o fazia o avô de Pedro Bandeira, meu bisavô, o poeta Manoel Galdino Bandeira, considerado um dos maiores cantadores e repentistas de todos os tempos.

É assim uma coisa, um ponto pacífico. Não há discussão quanto à grandeza de Pedro Bandeira, como de um Pinto Monteiro. Quer dizer, esses grandes... Então no sangue de Pedro Bandeira já tinha essa vertente trazida do seu avô, da sua mãe e os irmãos Bandeira, inclusive uma mulher, trouxeram esse legado pra o mundo assim. Trouxeram pra o mundo da mídia através do rádio, através dos livros publicados, através dos jornais que ficaram conhecidos.

Pedro Bandeira notadamente foi sempre um homem que esteve na mídia e trouxe, deixou inclusive para a posteridade. Fez surgir... Quantos cantadores não surgiram a partir da grandiosidade de grandes nomes no Brasil, dentre os quais o de Pedro Bandeira, né? Muitos viram isso da fama... “Isso dá fama, isso dá dinheiro, inclusive”. Como eu falava antes, Pedro Bandeira aprendeu a ganhar dinheiro com cantoria, viveu confortavelmente com isso. Foi uma das diferenças que esses cantadores de sua época fizeram, como outros... Os Nonatos, Os Batistas ,Os Vilanova são homens que conseguiram ter uma vida economicamente estável e tranquila somente com cantoria de viola – o que era impensável antes dele. Não era uma coisa comum. Então, o acervo tem muita coisa, gente. É muito material e vai tudo pra lá (UFCA). Estará em boas mãos.

De acordo com a UFCA, há pretensão de criação de um museu com itens recebidos. A família continuará acompanhando as próximas etapas? De que forma?

Ah, olha aquela equipe! Dos professores, do pessoal do Laboratório de Ciência da Informação e Memória (Lacim); a professora Vitória, uma graça de pessoa; o reitor, um ser assim iluminado. Então, todos e todas da instituição com quem tivemos contato deixaram as portas abertas pra que a gente continue dando opinião se assim for da nossa vontade, participando, combinando como vai ser. Embora a gente tenha assinado que eles têm todo o direito de inclusive descartar o que considerar que não é interessante pra eles, de dar os melhores encaminhamentos porque confiamos que a instituição está pronta neste tempo pra isso. Como bem disse o reitor na solenidade, quando eles conversaram a primeira vez acerca dessa doação, a Universidade Federal do Cariri ainda não estava instituída, não havia ainda os meios técnicos e geográficos, espaços pra acomodar tudo isso. Hoje isso está se estruturando, a universidade já tem acho que dois outros importantes acervos, está pra receber mais um. Então as coisas estão acontecendo. Foi na hora certa, sabe? Como é tudo onde homens e mulheres de boas energias se encontram e tensionam, colocam em prática essas peças essas boas ideias, essas boas vontades. Então foi o momento certo.

Nós acreditamos que a universidade está pronta pra cuidar disso e vai fazê-lo muito bem. E a gente como um governo, a nível federal atualmente, que tem muito zelo pela cultura, acreditamos que verbas serão disponibilizadas pra que esse museu venha a acontecer. O reitor também vai apresentar à comissão que a intenção de que o primeiro título de doutor Honoris Causa (in memoriam) da Universidade Federal do Cariri seja é destinado, seja honrado em nome do poeta Pedro Bandeira e tudo que ele representa pra cultura popular. E ele como mestre da cultura neste Estado... Então foram muitas coisas boas. Sempre uma vai desenrolando outras e nós achamos que não poderia ter um momento mais oportuno.

Foi bom, está sendo bom e nós acreditamos que tudo será resolvido da melhor forma. Se considerarmos que há alguma coisa a pontuar, acreditamos que tem espaço pra que a família se manifeste, mas talvez nem seja necessário pela seriedade e boa vontade dos que estão à frente da instituição e notadamente do laboratório e dos cursos, porque também vai muitos CDs, DVDs, fitas cacete, LP serão doados também de cantorias e de cantadores desse país. Então outros cursos, pessoal do audiovisual... Vai ter vai ter, assim, “pano pra manga” pra todo mundo trabalhar. Porque é um acervo bem, eu não sei se a palavra seria “eclético”, bem “heterogêneo”. Tem muitas coisas. Então, vários vários estudos, queira Deus, várias teses, vários trabalhos de conclusão de curso, de mestrado, de doutorado, poderão surgir a partir desse material, acredito. Já ouvi conversas que já tem gente de se organizando para estudar. Qiue seja em nome da poesia.

Para finalizar, peço que você conte como avalia é a importância da preservação do material e da garantia do acesso ao vasto trabalho do grande poeta popular.

Eu acho que preservar o acervo de Pedro Bandeira é preservar a história da cantoria. E que se interliga com outras coisas. Por exemplo, Pedro Bandeira é um dos fundadores da Missa do Vaqueiro. Então a poesia de viola, o repente de viola, se uniu e atravessou a sanfona, o trabalho do extraordinário Rei do Baião, se uniu junto ao trabalho do padre, do pastor. Inclusive, Pedro Bandeira era teólogo também. Então, assim, só com esse exemplo a gente vê a transversalidade desse acervo. Eu me lembro desses senhores juntos conversando na nossa casa. A nossa casa sempre foi uma casa de muita gente, de muito movimento, de gente dos sítios, de jornalistas, de cantores, de escritores. Gente, uma coisa linda demais, sabe? De romeiros, dos fãs... Então assim, era uma diversidade que cruzou o caminho de Pedro Bandeira ou que Pedro Bandeira cruzou com o seu caminho.

Tudo isso está registrado de alguma forma. Ou em entrevistas ou em fotos ou em cartas ou em poemas. Ele tendo sido também vereador. Teve sua passagem na política, porque era um apaixonado pelo Juazeiro e aquele tempo ele compreendeu que precisava ter essa oportunidade de prestar um serviço também em honra a essa terra que o acolheu tão divinamente. Então, assim, esse acervo já é público por natureza. Tem tanta gente que que passou, que o construiu junto com Pedro Bandeira que não tem como deixá-lo privado. Não faz menor sentido. Ele é público. Porque Pedro Bandeira era um homem público. A sua poesia, embora tivesse os seus registros românticos, poemas por exemplo, que ele fez para a minha mãe; para antigas namoradas; pra noiva; sei lá, poemas que ele fala do seu íntimo; da sua fé; tem coisas lindas, como a existência de Deus; gargalhada de caveira; cego de amor; os sonetos... Mas a grande parte da sua obra, a maioria da sua obra fala de pessoas públicas e do social. Ele tinha uma preocupação da natureza, do meio ambiente.

Nossa, era muita coisa nesse sentido, muita defesa. Então tudo isso é de um patamar público. Um grande poeta, um grande literato. Os grandes homens, as grandes mulheres em suas obras se tornam públicos. Não tinha como nós ficarmos com isso. Até chegamos assim, uma hora ou outra, de ventilar a construção de um local pra visitação e tal, mas seria privado, seria uma instituição familiar, não sei. Não... É pelo viés da coisa pública mesmo. É uma honra ao comunitário. Nós compreendemos que nós somos pessoas individuais vivendo uma experiência coletiva aqui na Terra. Então o bem comum estará sempre adiante e à frente. A gente aprende isso no Direito. Eu estive advogada durante muito tempo, Pedro Bandeira também foi advogado, um grande advogado criminalista. Então, assim, fez júris memoráveis, inclusive versos. Então a gente compreende muito bem isso. O coletivo sempre. Sempre que tiver o interesse particular e o interesse coletivo, o interesse coletivo se sobrepõe sem sombra de dúvidas e não está posto à discussão.

Então, a gente considera que a importância da preservação do material é total pela amplitude do que é contido ali e dá acesso desse trabalho a estudantes e professores, e saber que ele não vai ficar restrito à academia. Vitória, que é a professora responsável hoje pelo Lacim, já dizia de mandar para escolas públicas municipais e estaduais o que houver de repetido no acervo, porque tem muita literatura de cordel, que ele era um colecionador. Então, às vezes, ele tinha mais de uma peça, recebia presentes, as pessoas mandavam, tem outras inéditas. Eita, uma maravilha! Então, é isso.

E, como peça principal, tem um livro, o primeiro livro de Pedro Bandeira escrito à mão, lá na década de 60, quando o grande sonho da vida dele era ser escritor – e eu me emociono ao dizer isso. Ele comprou um caderno capa dupla, capa dura, e escreveu à mão, todo o livro, colou o seu retrato na primeira página. E é um livro grandioso esse, que tem aí 50, quase 60 anos escrito de próprio punho. Ele plantando a semente dos seus sonhos. E a grande lição que fica é que esse sonho não pode ficar restrito a nós, que todos tenham acesso ao material, à energia de Pedro Bandeira. Eu disse pra o reitor e à coordenadora do Lacim “não vai faltar dinheiro pra fazer com que a obra de Pedro Bandeira e desses outros grandes homens e mulheres que doarem seus importantes acervos à universidade, não vai faltar dinheiro pra que ela seja trabalhada e divulgada, porque Pedro Bandeira era um homem de prosperidade em todos e nos melhores aspectos dessa palavra”. E assim é que essa energia, não só sua poesia, chegue a todos e todas, contagie e se multiplique. Fique a semente de amor, de luz, de inspiração e, de repente, a cantoria seja colocada no patamar que ela merece e deve estar.

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