Jornal do Cariri
Sem folia
Madson Vagner
18/02/21 0:00

Os prefeitos do Cariri que estavam pensando em garantir popularidade com eventos carnavalescos recuaram na pretensão. Terão que esperar para o próximo ano. Claro, se a pandemia da covid-19 passar. Um decreto do Governo do Estado acabou com a alegria dos populistas, mas garantiu a preservação da vida. Do lado dos comerciantes de bares, restaurantes e afins, o questionamento é porque não houve a mesma fiscalização durante a campanha eleitoral, quando os candidatos abusaram das aglomerações e financiaram verdadeiros carnavais, que proporcionaram a segunda onda que se espalha pelo Brasil. No Ceará não é diferente. Em alguns municípios caririenses, houve prisão e denúncia de abuso de poder. Um dono de bar algemado reclamou que não viu político na mesma situação a alguns meses atrás. Ficou a bronca dos maus exemplos da eleição de 2020. 

Sem possibilidade 

Depois do anúncio de que estavam proibidos festejos carnavalescos no Ceará, várias cidades começaram a cogitar a possibilidade do adiamento da festa para o mês de julho, período de férias. Apesar do avanço da doença no Estado e um lento processo de imunização da população, há quem mantenha a esperança de realizar os festejos. Com pensamento bem diferente disso, o prefeito de Várzea Alegre, Zé Helder, já descartou a festa, mesmo que seja para o segundo semestre deste ano. Em entrevista ao Site Miséria, o prefeito garantiu que o festejo está fora de cogitação este ano e que “a prioridade neste momento é cuidar da saúde e da proteção das pessoas em combate à covid 19”. Várzea Alegre tem o maior carnaval do Cariri e a atitude do atual prefeito deve enfraquecer a discussão pela realização da festa em julho. Fica o bom exemplo. 

Na mira do MP 

A nova prefeita de Jati, Mônica Mariano, demorou menos de 40 dias de gestão para entrar na mira do Ministério Púbico do Estado. Denunciada em vários processos de dispensas de licitação, Mônica terá 10 dias – a partir do dia 11 – para se explicar ao promotor André Augusto Cardoso. O Ministério Público aborda contratações, segundo a denúncia, recheada de superfaturamento aos fundos da Prefeitura. Para os denunciantes, as contratações sem licitação beiram o absurdo. Em um dos casos, mesmo tendo à disposição uma procuradoria-geral com vários assessores jurídicos, a Secretaria de Assistência Social contratou um escritório de advocacia por R$ 36 mil para seis meses de atuação. Parecia prevê o que viria pela frente, diante de outras contrações igualmente sem licitação. Era um prenúncio de crise. 

Sede ao pote 

Se alguém ficou chocado com a contratação de assessoria jurídica pela prefeita de Jati se prepare para mais surpresas. Outras contrações de serviços, como borracharia, no valor superior a R$ 26 mil, e lavagem de veículos acima de R$ 37 mil, ambas para quatro secretarias, parecem ultrapassar o limite do ponderável. Não se pode negar que tudo está justificado dentro da lei. A assessoria jurídica, contratada a peso de ouro, só tem que convencer o Ministério Público. Para opositores, a prefeita foi com muita sede ao pote. Mas, ninguém pode negar que a prefeita não tenha vontade de fazer licitação, tanto que contratou, também sem licitação, uma consultoria no valor de quase R$ 50 mil. O documento foi enviado à Câmara, que poderá tomar providências ou se calar. Qual será a decisão dos representantes do povo? 

Rachadinha familiar 

O prefeito de Salitre, Dodo de Neoclides, perece disposto a seguir os passos do pai, o ex-prefeito Neoclides. Um escândalo envolvendo seu irmão e outros familiares estourou e deve virar peça de investigação pelo Ministério Público. Um áudio vazado nas redes sociais, mostra Denival Pereira explicando como organizou um esquema de rachadinha entre familiares dentro da Prefeitura. Familiares e amigos contratados dividem os salários com outros familiares. Denival é diretor do Departamento de Pessoal e irmão de Dodo, o que se configura nepotismo. Pelo menos cinco familiares são citados no esquema, montado para evitar desgastes diante do grande número de parentes na gestão. No dia 12, a Câmara proibiu a entrada da imprensa na sessão. Teriam os vereadores algo a esconder? Com a palavra, o presidente Carlinhos da Bulandeira. 

Um fôlego a mais 

O prefeito de Altaneira, Dariomar Rodrigues, está comemorando o relaxamento das prisões das 13 pessoas indiciadas pela Operação “Salus”, que investiga fraude em licitação e desvio de dinheiro público da saúde no Município. O relaxamento foi decidido pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJ-CE), a pedido do Ministério Público do Estado (MPCE), que quer o retorno dos autos à Polícia. Entre os presos estão dois secretários de Dariomar na gestão anterior. Todos os investigados passaram a usar tornozeleira e continuam à disposição da Justiça. A decisão, publicada no dia 9, pede retorno do processo com a conclusão da investigação em 30 dias. Apesar da alegria em ver seus comandados soltos, Dariomar tem motivos para se preocupar. O relatório da Polícia Civil está recheada de relatos que levam a avaliação de envolvimento do prefeito nos delitos. Agora é esperar. 

Enquanto isso... 

... Ainda em Altaneira, enquanto a Operação Salus investiga desvio na saúde, uma profissional da área denuncia a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para o exercício da função. Segundo a denúncia da servidora, falta até máscaras de proteção. A denúncia foi feita a veículos de imprensa de forma anônima, por medo de represárias. 

... Ao tomar conhecimento das acusações, o secretário de Saúde, Júnior Paulino, negou a falta das máscaras. Em nota, o gestor chegou a admitir que o Município está com escassez de EPIs e que já iniciou processo de licitação, mas garantiu que os servidores estão protegidos. A dúvida é: alguma empresa participará da licitação com a investigação em curso. 

... Em Brejo Santo, o deputado estadual Guilherme Landim está diante de um desafio sem precedentes no seu berço eleitoral. Guilherme convenceu a tia, a ex-prefeita Tereza Landim, da sua inviabilidade política para disputar a reeleição. Mas, apesar da vitória com a sua mãe, a ex-deputada Gislaine Landim, o deputado percebeu que o problema é maior. 

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