JORNAL DO CARIRI _CURSOS-PROMO_970X120
Religiões: 84% da população caririense acima de dez anos são católicos
Crato e Juazeiro são municípios mais católicos do Brasil
Foto: Natália Alves
Joaquim Júnior
10/06/25 0:00

Crato e Juazeiro do Norte lideram, em primeiro e segundo lugar, respectivamente, os municípios brasileiros (com mais de 100 mil habitantes) com maior população católica. Os dados integram o Censo 2022: Religiões, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De 112.949 habitantes cratenses que se enquadram na pesquisa, 91.812 afirmaram ser da religião Católica Apostólica Romana (81,29%); já em Juazeiro do Norte, do total de 245.645 pessoas, 199.311 são católicas (81,14%). Em todo o Cariri, das 887.123 pessoas com dez anos ou mais anos de idade, 746.025 são católicas (84,09%). Por sua vez, os evangélicos nessa faixa etária chegam a 97.378 pessoas (10,97%).

A pesquisa aponta que, na Região Metropolitana do Cariri (RMC), formada por Barbalha, Crato, Caririaçu, Farias Brito, Jardim, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri, das 542.578 pessoas com dez anos ou mais de idade, 451.495 são da religião católica (83,2%); 58.270 são da evangélica (10,73%); 4.193 são espíritas (0,77%); 2.308 da umbanda e do candomblé (0,42%); nove são de tradições indígenas (0,001); 8.168 de outras religiões (1,5%); 17.959 não possuem religião (3,31); 30 não souberam responder (0,005); e 147 não declararam (0,02%).

Como cratense, o padre Rocildo Alves, reitor do Santuário Eucarístico Diocesano e Sacerdote do Clero da Diocese de Crato, disse enxergar o destaque de Crato como um motivo de ação de graça e de louvor. Pensando no contexto histórico e cultural do porquê de a religiosidade no Cariri ser tão intensa, ele cita as raízes do Vale do Cariri, quando catequeses cristãs vieram ao encontro das culturas indígenas existentes. “Toda a catequese foi feita pelos frades capuchinhos que vieram do Recife, do Convento da Penha, e fundaram missões aqui no Vale do Cariri”, pontuou o religioso, ao citar que a Missão do Miranda deu origem à Vila Real do Crato, hoje cidade do Crato. Ele mencionou, ainda, outros pontos que contribuíram para a crescente religiosidade, como o estabelecimento de igrejas, capelas, paróquias e a fundação do Seminário São José, em 1875.

“Eu também destacaria, nessa mesma perspectiva do contexto histórico e cultural para o alto número de católicos, conforme estatísticas atuais, as missões do padre Ibiapina, que foram profundamente enriquecedoras em todo o Cariri e outras regiões do Nordeste, mas muito aqui. E, tendo continuidade a essa mesma trilha, esse mesmo chão, com o trabalho do Padre Cícero Romão Batista, o padrinho do Juazeiro. Que, de fato, congregou multidões, atraiu presença para o Nordeste e consolidou mais ainda uma catequese e um vínculo à Igreja Católica. Aliado a isso, o trabalho que, durante mais de cem anos, a diocese do Crato vem realizando nessas terras”, enfatizou padre Rocildo, ao destacar o polo intenso de romarias em Juazeiro e nas cidades vizinhas - como em Santana do Cariri, com a devoção a Benigna Cardoso, a primeira beata do Ceará -, que contribuem para o crescimento, o desenvolvimento, a cultura e expressões populares.

Diversidade religiosa

Pablo Costa, zelador de Umbanda Sagrada, acredita que um tipo de pesquisa como o Censo é uma forma de reparação, mesmo que tardia, para um território. “Reconhecer, estudar e respeitar as formas de cultuar o sagrado para além de uma perspectiva cristã é uma necessidade que contribuirá na correção das desigualdades historicamente demarcadas para com negros, indígenas, pardos e quilombolas brasileiros”, pontua, ao destacar que o Brasil foi estruturado a partir da mistura de variados povos e culturas.

Ao levar em consideração a diversidade religiosa existente, Pablo Rezador, como também é conhecido, cita que a população pode contribuir no combate à intolerância religiosa, ainda presente no país, buscando mais conhecimento para com a própria história brasileira. “Fortalecer a nossa memória enquanto brasileiro já seria um passo fundamental, alinhado com o reconhecimento da individualidade de cada ser, independente de sua religião, e o respeito para com as formas e escolhas de expressar seu culto e crença!”, conclui.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE PUBLICIDADE
RECOMENDADAS PARA VOCÊ
PUBLICIDADE
RECOMENDADAS PARA VOCÊ
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE