Jornal do Cariri
Perto do colapso
16/03/21 0:00

Enquanto os prefeitos cearenses discutem a necessidade de lockdown, alguns municípios já estão à beira de um colapso de oxigênio hospitalar. No dia 13, o presidente da Aprece (Associação dos Municípios do Ceará), Francisco de Castro Júnior, publicou nota com uma relação de 39 cidades sem oxigênio, entre elas Umari e Caririaçu, no Cariri. Entre os principais problemas do desabastecimento está a dificuldade de logística. A empresa responsável, a White Martins, está sendo pressionada a priorizar hospitais em detrimento a indústria. No fim de fevereiro, o Ministério Público solicitou adoção de medidas para prevenir o problema em 10 municípios do Cariri, entre eles Caririaçu, hoje colapsado. Apesar da informação, o prefeito Edmilson Leite garante que tomou todas medidas e os pacientes do Município não sofrerão falta de oxigênio. Nos outros nove municípios, a informação é que o problema está sob controle. 

O problema continua 

Preocupada com a possibilidade de desabastecimento no fornecimento de oxigênio no Estado, a Aprece coordenará um Grupo de Trabalho para acompanhar a situação. Ao lado da Aprece, o Ministério Público do Estado também acompanha a distribuição. Em reunião virtual no dia 12, estiveram presentes, além da Aprece e do MP do Ceará, o Ministério Público Federal, o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems), a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), o Grupo Mulheres do Brasil e empresas fornecedoras de oxigênio. A avaliação preocupante foi percebida depois que secretários de Saúde dos 184 municípios responderam a questionários sobre a pandemia. Os gestores apontaram falta de cilindros e a logística do suprimento como os principais problemas enfrentados nas gestões municipais. 

Crise política 

Na discussão sobre adesão do lockdown, os prefeitos do Cariri acabaram criando um problema político. A expectativa frustrada de decretação do isolamento social rígido pelos municípios acabou gerando do Governo uma reação aos aliados que votaram por não fazer lockdown. Dos 17 votos contrários, pelo menos quatro estariam na lista de aliados fiéis. O bastante para garantir a decretação esperada pelo governador Camilo Santana. Nos bastidores, a informação é que o governador ligou para cada um dos prefeitos para reclamar da posição adotada. Ficaram contra o lockdown os prefeitos de Jardim, Aniziário Costa (PSB); de Aurora, Marcone Tavares (PSD); de Farias Brito, Deda Pereira (PDT); e de Caririaçu, Edmilson Leite (PDT). No dia seguinte à reunião dos prefeitos, Camilo decretou o lockdown em todo o Estado. 

Sem salário 

O prefeito de Aurora, Marcone Tavares, entrou o mês de março sem pagar os salários de dezembro de 2020. Na explicação da Procuradoria do Município, o pagamento não aconteceu porque a gestão anterior não deixou saldo em caixa. A explicação não convenceu o Ministério Público do Estado, que ingressou com Ação Civil Pública no dia 09, pedindo a quitação do pagamento em até 72 horas, sob pena de multa de R$ 5 mil por dia de descumprimento, para cada salário atrasado. Parece que a gestão do prefeito Marcone esqueceu que a responsabilidade é da Prefeitura, mesmo que os ex-prefeitos possam responder judicialmente. “O gestor atual efetuou o pagamento de todos os seus comissionados escolhidos em janeiro de 2021, antes que se quitasse a dívida com os servidores públicos”, frisa o promotor Luiz Cogan, autor da ação. 

Cadê o aumento? 

Os professores de Farias Brito estão esperando o aumento e a valorização profissional prometida em campanha pelo prefeito Deda Pereira. O então candidato dizia que não queria o professor da cidade ganhando R$ 1.100,00. Mesmo não fechando um valor, Deda garantia que o professor teria condição digna para sustentar sua família, com algo acima de R$ 2 mil. Apesar das críticas aos salários, Deda reconhecia o destaque alcançado pela Educação do Município nos últimos anos. Para ele, teria chegado a hora unir bons resultados a bons salários. “Quero uma Farias Brito com salários, cargos de carreira [...] com todas as perdas salariais recuperadas”, dizia em lives de campanha. E prometia: “vote em Deda, que você vai receber seus 12% e, talvez, receba mais alguma coisa”. Tudo está gravado e a oposição acusa Deda de estelionato eleitoral. 

Jogando para galera 

A Prefeita de Jati, Mônica Mariano, vai conceder aumento aos professores do Município. A decisão, que poderia estar sendo comemorada pela classe, acabou gerando críticas. O reajuste de 3% é questionado por representantes dos professores, como a ex-presidente do Sindicato, Nesci Vidal. A sindicalista, que também é ex-candidata a vereadora, avalia que o reajuste não cobre as perdas, está bem abaixo da inflação e fere a dignidade dos professores. Já a Prefeitura garante que o reajuste é para ser comemorado por estar acima da média nacional. Para a prefeita Mônica, “é fundamental reconhecer o desempenho dos profissionais da Educação, principalmente neste momento em que estamos vivendo”. Mônica se refere a pandemia da covid-19, em que na maioria dos municípios não haverá aumentos salariais. A questão é: quem está jogando para galera? 

Enquanto isso... 

... Na Câmara de Jati, a situação financeira parece desesperadora. Pelo menos é o que deixa transparecer a decisão do presidente Ailton da Mãe D’agua. Ele não vai transmitir as sessões da Casa por falta de equipamentos, que se resume a um tripé e um celular. A explicação não convenceu a população e a bancada de oposição. 

... A avaliação em Jati é que o presidente Ailton não quer fazer a transmissão por uma questão política. Primeiro, para fugir das críticas e preservar a imagem da prefeita Monica Mariano, que tem sofrido desgaste com contratações sem licitação no início da gestão. A oposição não descarta recorrer à Justiça para garantir a transmissão pelas redes sociais. 

... Em Altaneira, o prefeito Dariomar Rodrigues quer conceder reajuste apenas aos servidores que ganham menos de um salário mínimo. O recado foi passado pelo presidente do Sindicato dos Servidores, José Evantuil, no dia 9, pelas redes sociais. A mensagem enviada à Câmara, em regime de urgência, beneficia apenas agentes comunitários de saúde e endemias. 

... Sobre o projeto, Dariomar e Evantuil foram muito criticados por opositores. Dariomar foi questionado pelo vereador professor Adeilton sobre a vontade de consultar o TCE para incluir outras categorias e Evantuil por exercer uma presidência aliada ao prefeito. Para o professor Reginaldo Venâncio, o Sindicato é um puxadinho da Prefeitura. 

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
RECOMENDADAS PARA VOCÊ
PUBLICIDADE
RECOMENDADAS PARA VOCÊ