Jornal do Cariri
Mais de 400 mil pessoas vivem em extrema pobreza no Cariri
Municípios com menor população se destacam
Foto: Natinho Rodrigues
Natália Alves
11/04/23 12:00

A Região Metropolitana do Cariri apresenta mais de 400 mil pessoas em situação de extrema pobreza. De acordo com dados do Ministério da Cidadania, atualizados até abril de 2022, são 148.304 grupos familiares caririenses em vulnerabilidade, com renda per capita de até R $105.

Em relação ao total populacional e ao número de pessoas em extrema pobreza, o município de Antonina do Norte se destaca: com 7.402 habitantes, mais de 5 mil pessoas vivem em famílias extremamente pobres, sendo 71% da população em vulnerabilidade. Penaforte e Salitre aparecem em seguida, com 68% e 60% da população em extrema pobreza. Juazeiro do Norte, Crato e Brejo Santo são os municípios com o menor índice de vulnerabilidade extrema, apresentando 20%, 33% e 38% da população neste contexto social, respectivamente.

A professora Sued Carvalho, membro da Frente Juazeiro sem Fome, explica que uma série de fatores foram cruciais para que a pobreza e a vulnerabilidade social se agravassem no Cariri,  como a desorganização de apoio à agricultura familiar e a falência de pequenas empresas.

"Os menores municípios da nossa região tem boa parte de sua população empregada na agricultura familiar e que foram atingidas pela redução de programas como o Programa de Aquisição de Alimentos, que adquiriam alimentos dos pequenos agricultores para as cozinhas comunitárias e outras iniciativas, sendo um dos fatores que levaram ao aumento do desemprego e da pobreza no Cariri”, explica.

Do número total das famílias em extrema pobreza, pouco mais de 130 mil têm acesso ao Auxílio Brasil. Crato lidera o número de grupos familiares na fila para o recebimento do auxílio governamental, com o total de 1.623 famílias, seguido de Juazeiro do Norte (1.117) e Assaré (737). Dados de estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) apontam que o Ceará é o 3º estado do Nordeste com maior demanda reprimida para o antigo Bolsa Família.

Sued Carvalho comenta que os auxílios governamentais durante a pandemia foram importantes, mas inferiores em valor aos salários perdidos com o desemprego, impedindo a queda na média da renda familiar. “É importante salientar também que o que faz a economia crescer é o trabalho. Sem trabalhadores empregados para gerar valor, há estagnação econômica, queda do consumo e empobrecimento”, explica.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
RECOMENDADAS PARA VOCÊ
PUBLICIDADE
RECOMENDADAS PARA VOCÊ