Jornal do Cariri
Feminicídio: o ciclo da violência contra a mulher no Cariri
Cariri registrou 27 feminicídios em cinco anos
Foto: Paulo H. Carvalho/ Agência Brasil
Natália Alves
07/03/23 8:30

A violência contra a mulher tem evidência entre os crimes cometidos no estado do Ceará, mas que persiste com força expressiva sobre a Região Metropolitana do Cariri. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), entre 2018 e 2023, dos 157 feminicídios ocorridos no Ceará, 27 aconteceram em cidades caririenses. Entre os 72 municípios em que os crimes ocorreram, 13 são da região, onde três cidades aparecem entre as 10 que mais matam mulheres no Estado: Juazeiro do Norte, Crato e Brejo Santo.

Apesar da variação de números totais ao decorrer dos anos, os crimes em razão de gênero não diminuíram no Cariri. Juazeiro do Norte registrou feminicídios em 2019 (duas mortes), 2020 (três mortes) e 2022 (uma morte). Em 2021, a região apresentou uma média diária de sete mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar, compreendendo 14,55% das 15.400 ocorrências registradas no Ceará.

Em termos de história, o Cariri foi palco de uma série de assassinatos de mulheres praticados entre maio de 2001 e março de 2002, em Crato, Barbalha, Araripe, Missão Velha, Juazeiro do Norte e Brejo Santo, por uma organização criminosa denominada “Escritório do Crime”. Sete mulheres foram vítimas de violência e assassinato, por razão de queima de arquivo ou motivos passionais. A Lei do Feminicídio só foi sancionada em 2015, pela ex-presidente Dilma Rousseff.

A quebra do ciclo da violência é uma das pautas levantadas por movimentos sociais em combate à violência contra a mulher, evidenciando a importância do enfrentamento dos persistentes crimes. Unidades de apoio à mulher, como a Patrulha Maria da Penha e a Casa da Mulher Cearense auxiliam na quebra deste ciclo, oferecendo novas perspectivas para mulheres assistidas pelos equipamentos.

“O poder público precisa garantir acesso à psicoterapia e cuidado em saúde mental para as mulheres e suas filhas e filhos em situação de violência doméstica. São muitas as marcas da violência, não somente física, mas também psicológica. É fundamental o acesso ao cuidado em saúde mental para que as mulheres tenham condições de recomeçar a sua vida”, reivindica Macedônia Félix, ativista do Movimento de Mulheres na Frente de Mulheres do Cariri.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
RECOMENDADAS PARA VOCÊ
PUBLICIDADE
RECOMENDADAS PARA VOCÊ