Eleições 2024 acirram embate de Elmano, Camilo, Cid e Ciro Gomes
12/09/23 0:00

O confronto político no Ceará tem causado divergências, hoje insuperáveis, entre o governador Elmano de Freitas, o ministro Camilo Santana, o senador Cid Gomes e Ciro Gomes. O rompimento dos antigos aliados - e até irmãos -não retrocede. E tem efeitos na política do Cariri. Ciro está disposto a apoiar à reeleição do prefeito Glêdson Bezerra, porque é o candidato de oposição a Elmano e Camilo. A dúvida que paira é sobre o posicionamento que Cid Gomes adotará na corrida eleitoral de Juazeiro do Norte. Cid se comprometeu com a presidente nacional do Podemos, deputada Renata Abreu, a votar em Glêdson. Contudo, Cid não tem como se opor ao governador e ao ministro da Educação, quando sua prioridade é conseguir o apoio do Abolição para sua reeleição. Se Cid ficar ao lado de Glêdson, desagradará principalmente a Camilo, que está decidido a barrar à reeleição do prefeito juazeirense. Camilo não esconde sua determinação em eleger Fernando Santana. Ainda há muitas dúvidas a serem dissipadas: Fernando Santana será mesmo o candidato do PT e das forças de oposição? E outras candidaturas surgirão para enfrentar Glêdson? É provável. O prefeito Glêdson conta com o respaldo de Cid Gomes, como sei grande trunfo à conquista de um novo mandato. Mas, sabe que Camilo trabalhará para isolá-lo cada vez mais em seu palanque. Nesse cenário, teme perder o apoio de Cid Gomes. Pegou fogo a sucessão eleitoral em Juazeiro do Norte. A grande novidade, faltando ainda um ano para as eleições, é que Glêdson e Fernando estão literalmente rompidos. E caminham para se enfrentarem nas urnas.

Oposição de Juazeiro unida contra Glêdson

 O presidente em exercício da Assembleia, Fernando Santana, conseguiu colocar na prática o que vinha sendo discutido apenas na teoria: os grupos de oposição em Juazeiro do Norte começaram a analisar um acordo para marcharem juntos contra a reeleição do prefeito Glêdson Bezerra. A reunião do sábado, no Verde Vale Hotel, mostrou mais que uma articulação, uma certeza: Glêdson estará sozinho em 2024. Na reunião estavam as maiores forças políticas de Juazeiro, como os ex-prefeitos Arnon Bezerra e Raimundo Macedo. Apesar de não estar presente, o ex-prefeito Manoel Santana, também, fecha com o grupo e defende a candidatura de Fernando Santana. Estavam lá, ainda, os ex-deputados estaduais Nelinho Freitas e Ana Paula Cruz, o presidente da Câmara, Capitão Vieira Neto, o deputado federal Yury do Paredão e o estadual Davi de Raimundão, além do vice-prefeito Giovanni Sampaio. Remanescente de 2020, apenas Gilmar Bender permanece ao lado de Glêdson Bezerra. Mas, a avaliação hoje é que Bender não se envolverá  em 2024.

Administrar a oposição não será uma missão fácil

Na reunião do Verde Vale Hotel, a oposição conseguiu iniciar o movimento para isolar completamente o prefeito Glêdson Bezerra. Mas, a tarefa de unificar todos os políticos e partidos em torno de uma candidatura única não é tão simples. No primeiro encontro realizado, houve pequenos atritos entre as diversas forças políticas. O ex-prefeito Raimundo Macedo pediu e foi atendido, para que não fosse feito fotografias da reunião. Evita antecipar um entendimento eleitoral que está em fase preliminar. Todos consentiram. E não houve fotos. Entretanto, o problema mais visível a ser solucionado para a junção de todos foi o conflito verbal que surgiu entre o deputado federal Yury do Paredão e o vice-prefeito Giovanni Sampaio. Os dois discutiram sobre a falta de experiência deles, influência e poder dentro do processo eleitoral e os eventuais termos dos acordos a serem firmados. Os mais vividos na política juazeirense acabaram por acalmar aos dois políticos. Fernando Santana fez apelos para que focassem na união de todos, para construir uma candidatura forte, apta a vencer às eleições no ano que vem em Juazeiro do Norte. Seus apelos foram atendidos. E o clima amenizou, apesar das arestas entre Giovanni e Yury do Paredão ainda exigirem mais conversa entre ambos.

Glêdson dá combustível para Fernando avançar

 As sucessivas declarações do prefeito Glêdson Bezerra, questionando o Governo do Estado, criticando o PT de Lula e ao próprio presidente em exercício da Assembleia, Fernando Santana, e cobrando um compromisso assumido para votar na sua reeleição,  acabaram incendiando a discussão, que  deve levar ao rompimento total. Na sexta-feira, Glêdson voltou a cobrar, indiretamente, uma postura de Fernando no sentido de apoiá-lo em 2024. Fernando reagiu imediatamente e detonou a relação, ao dizer que o apoio de Glêdson custou R$ 22 milhões, articulados junto ao Governo do Estado. E tudo estava pago. Disse, ainda, que sua vontade de apoiar Glêdson, hoje, estava em zero e criticou a inabilidade do prefeito de Juazeiro do Norte: “ Prefeito Glêdson anda dizendo que eu tinha compromisso de apoiá-lo. Para além de compromisso, eu tinha vontade. E essa vontade tem ido embora todos os dias”. Esse confronto entre Glêdson e Fernando Santana ameaça gerar um isolamento político do prefeito de Juazeiro nas eleições.

PT do Crato alija lideranças do debate

Uma reunião do PT cratense, no sábado (9), chamou a atenção da base do prefeito Zé Ailton Brasil (PT). Pautada para iniciar os debates sobre o cenário político local e a preparação do partido para as eleições de 2024, o encontro não teve a presença mais importante dentro do PT cratense: do prefeito Zé Ailton Brasil. O prefeito Zé Ailton, como maior liderança política do Crato,  avalia que é muito cedo para deflagrar essa discussão. Alega, com razão, pois ainda tem meses de administração para cumprir até o início do período eleitoral, que no momento oportuno, sentará com o ministro Camilo Santana e o deputado federal José Guimarães para decidirem a composição da chapa petista juntamente com os aliados, para disputar à prefeitura no próximo ano. Essa política de aliança é uma decisão tomada pelo Diretório Nacional e referendada também pelo comando estadual do PT. Há autonomia do diretório estadual para resolver todos os impasses surgidos durante a definição do candidato e do tipo de aliança a ser feita no município do Crato.

Pedro Lobo ameaça deixar o PT falando só

O PT do Crato não pode se isolar na antecipação de um debate eleitoral, sem que seus grandes líderes sejam ouvidos: prefeito Zé Ailton, ministro Camilo e deputado José Guimarães. O vereador Pedro Lobo, que é pré-candidato a prefeito, conduziu a reunião no Crato com a clara intenção para impor que o candidato à sucessão de Zé Ailton terá de sair obrigatoriamente do PT. E fez mais exigências: “o nome escolhido terá de ser identificado com as suas bandeiras de luta”. Só faltou complementar: serei eu o candidato. Pedro Lobo corre risco de deixar PT falando sozinho no Crato. Mesmo ciente desse risco de isolamento, Pedro Lobo repete que não aceitará novas filiações. Acredita que suas chances de virar candidato dependem de barrar o ingresso de novas lideranças no PT cratense. Esse posicionamento desagrada à Direção estadual do PT, que terá de interferir. Sob pena, do PT se alijar das eleições num dos mais importantes municípios do Cariri, e fundamental para o projeto estadual de reeleger o governador Elmano e assegurar um novo mandato para o presidente Lula. Diante desse quadro, é questão de dias, haver uma conversa  para o PT não perder o protagonismo no Crato.

Disse me disse…

 A insistente recusa do vereador Pedro Lobo em receber novos filiados no PT cratense, pode fortalecer o PSB local, que está inativo no Município.

Nomes como a secretária de Educação do Estado, Eliane Estrela, e o assessor especial, Rondinele Brasil, esperam apenas o aval de Camilo.

Pedro Lobo deverá ter uma conversa com a direção estadual do PT, que deseja eleger o novo prefeito do Crato.

Maior cacique do PT cearense, deputado José Guimarães quer construir uma base sólida do partido no Crajubar, para alavancar sua candidatura ao Senado Federal.

Deputado Yury do Paredão pretende definir seu novo destino partidário até o final do mês de setembro.

As negociações avançam com dirigentes nacionais de diversas legendas em Brasília.

Mas, tudo fica dependente de uma manifestação do ministro Camilo Santana e do governador Elmano de Freitas sobre o melhor destino partidário para Yury do Paredão.

Desculpe a ignorância, azedou a relação política entre o prefeito Glêdson Bezerra com o Abolição?

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