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Educadores apoiam políticas sobre saúde mental nas escolas
Foto: Pixabay/g-stockstudio
GENEUZA MUNIZ
02/03/22 19:00

O Senado Federal aprovou um Projeto de Lei (PL) que institui a Política Nacional de Atenção Psicossocial nas Comunidades Escolares. A política prevê ações do Poder Público que garantam a oferta de serviços de atenção psicossocial para a comunidade escolar. A ideia consiste em prestar auxílio aos estudantes em questões como ansiedade e depressão, dentre outros problemas que afetam o sistema psicológico.

Para o psicopedagogo e professor da Universidade Regional do Cariri (Urca) Rogério Nobre, a covid-19 afetou significativamente a estabilidade emocional de todos os seres humanos e, claro, na área educacional não seria diferente. “Não apenas os professores e os alunos, mas a gestão da escola, os funcionários e as famílias. Cada sujeito participante da escola teve que se recriar para atender as necessidades do momento e os professores tiveram que adaptar seus lares, seus espaços de descanso e vínculos familiares, se transformaram em extensão da escola”, justifica. Ele avalia que a implementação da Atenção Psicossocial nas escolas ajudaria a amenizar diversos danos.

De acordo com a Organização Pan-americana de Saúde (Opas), um terço das pessoas que sofreram com covid-19 foram diagnosticadas com transtorno neurológico ou mental. Os dados analisados mostram que mais de quatro em cada 10 brasileiros tiveram problemas de ansiedade.

Outro aspecto mencionado pelo psicopedagogo diz respeito a uma formação dos profissionais da saúde para atuarem dentro do espaço escolar. “Não é só o profissional ter uma formação acadêmica nas categorias contempladas, mas reconhecer se ele está preparado para atuar dentro das escolas, conseguir lidar com outros profissionais que estão ali e aquele local é seu lugar de atuação e de fala”. As pessoas selecionadas para atuar dentro das escolas precisam estar, de alguma forma, preparadas para lidar com disciplinas voltadas para as políticas educacionais, para a docência, para a gestão escolar.

O professor Anael Ribeiro ressalta que a proposta é bastante positiva, porém tardia. “Lamentavelmente, esse projeto chega em um contexto de agravamento da saúde mental de professores, alunos, profissionais da educação, em razão da pandemia provocada pela covid-19”. Segundo ele, a quantidade de alunos com distúrbios e a saúde mental impactada é algo que nos preocupa muito enquanto educadores, e nos sentimos impotentes, pois não somos especializados para lidar com determinados transtornos”.

O professor acredita que o maior desafio na implementação desse projeto seria a escassez de profissionais para dar conta da alta demanda nas escolas. Atualmente o suporte dado nesse sentido é muito pontual e chega apenas em casos extremos, como automutilações. “O Projeto de Lei, caso se torne uma política pública, pode ajudar a reparar os danos emocionais causados pela pandemia, desde que este suporte seja contínuo ao longo de todo ano letivo, ajudando a habilitar profissionais da gestão”.

A aluna Dara Elise, que atualmente cursa o terceiro ano do Ensino Médio em uma escola pública de tempo integral, na cidade de Barbalha, ressalta a necessidade dentro do contexto em que vive. “Acho que são poucos os alunos que não tiveram nenhum problema psicológico e isso, realmente, requer uma atenção. Muitos estão indo pra escola esgotados, principalmente uma escola como a minha, que é no período integral. Alguns até preferem ir pra escola pra fugir um pouco da ansiedade ou da depressão.”

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