Jornal do Cariri
Conselho aponta desconhecimento de prefeituras sobre a Psicologia
Fila de espera por serviços psicológicos é superior a 300 pessoas
Foto: SHVETS production / Pexels
Robson Roque
14/11/23 15:00

Aregião do Cariri tem uma alta demanda por serviços psicológicos e outros fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A região conta, hoje, com uma fila superior a 300 pessoas que aguardam por atendimento. Paradoxalmente, um recenseamento feito pelo Conselho Nacional de Psicologia revela que a maior parte dos psicólogos brasileiros atua com políticas públicas. Como explicar, então, a fila superior a 300 pessoas que esperam serem atendidas por um psicólogo no Cariri?

O Conselho Regional de Psicologia do Ceará (CRP), que tem uma subsede em Juazeiro do Norte, cita alguns fatores explicativos do cenário na região, contexto comum a praticamente todo o Brasil. Entre eles, destacam-se: precarização da profissão, baixos salários, subutilização de profissionais e desconhecimento sobre a demanda e o potencial da Psicologia.

Presidente do Conselho, Niveamara Sidrac reclama a maior presença de psicólogos nas unidades básicas de saúde. No Ceará, apenas Sobral possui este profissional na Estratégia de Saúde da Família. Portarias do Ministério da Saúde estabelecem a presença de um especialista, que não necessariamente precisa ser um psicólogo, para atuar na promoção da saúde mental.

“Às vezes nem tem um psicólogo, tem um enfermeiro ou outro profissional que tem especialização em saúde mental”, conta Niveamara. A gestora recomenda “olhar ao nosso redor” e observar quem é atendido ou precisa de serviço psicológico para perceber a necessidade das abordagens psicoterá picas. Ela exemplifica que, enquanto isso, “o último concurso ofereceu apenas 26 vagas para o Ceará inteiro”, o que é “humanamente impossível”, conforme avalia.

Há, portanto, uma lacuna entre teoria e realidade sobre as políticas públicas no Brasil. Para a presidente do CRP, gestores como prefeitos e secretários, “ou não conhecem ou fecham os olhos e fazem o mínimo do que [as políticas públicas] estão pedindo”. Diretora de Saúde Mental em Juazeiro do Norte, Dayse Luz destaca a existência de psicólogos “em algumas unidades básicas de saúde”.

Os postos localizados nos bairros são a principal porta de entrada de pacientes. Se a unidade de saúde possui uma psicóloga, ela será atendida no local. Caso contrário, e a depender da gravidade da demanda, a pessoa é encaminhada para outros serviços. Dayse reconhece que “cada vez mais as pessoas necessitam da abordagem e assistência” de psicólogos, sobretudo após a pandemia. Ela conclui afirmando que Juazeiro do Norte se prepara para ampliar a oferta.

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