Jornal do Cariri
Censo 2022 estima 1.200 pessoas indígenas no Cariri
Números servirão para criação de políticas públicas e na demarcação de territórios
Foto: Associação dos Índios Cariri do Poço Dantas Umari
Joaquim Júnior
15/08/23 11:00

O Cariri possui 1.200 pessoas indígenas em seus territórios. Os números, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fazem parte do Censo 2022. Na região, o município de Crato é o que possui a maior concentração da população indígena, com 353 pessoas, seguida por Juazeiro do Norte e Jardim, respectivamente com 351 e 121 pessoas indígenas.

Como destaca Vanda Cariri, liderança do Povo Cariri, estar nos dados estatísticos do IBGE é, primeiro de tudo, resultado da luta dos povos indígenas do Ceará. “Entendemos serem esses dados de suma relevância para acessarmos as políticas públicas de educação, saúde, moradia, saneamento e acesso à terra as quais temos direito no nosso território. Além disso, esses dados demonstram a organização e resistência do nosso povo. Eles são representativos, mas precisamos continuar na luta”, enfatiza.

Vanda faz parte das 155 famílias que integram a Associação dos Índios Cariri do Poço Dantas Umari e que se autoafirmam indígenas no território. Como explica, a Funai já reconheceu o território como indígena, porém o processo de demarcação do território ainda está caminhando. Segundo ela, a primeira menção enviada à Funai foi em 1989 , mas os  documentos foram enviados pelos Cariri de Poços Dantas Umari  em 2008. Desde então, esse processo tramita e o que precisamos é que seja urgente que seja constituído o GT Grupo de trabalho. Demarcação já!”, completa.

De acordo com Fábio Jota, antropólogo e analista censitário de povos e comunidades tradicionais no IBGE/CE, a coleta dos dados da população indígena contou com uma cartografia censitária específica, com procedimentos como reuniões com lideranças indígenas e discussões sobre a identificação indígena.

“A partir do Censo, fica mais difícil de ignorar a presença da população indígena. Esses dados podem ser utilizados pelos movimentos e organizações indígenas, pela sociedade civil e pelo Estado de diversas formas... Para pensar políticas públicas especificas, avançar no processo de demarcação, ajudar na visibilidade, em política cultural, de educação e de saúde”, explica Fábio, ao finalizar citando que o Censo dá visibilidade e permite que os dados sejam apropriados por toda sociedade.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
RECOMENDADAS PARA VOCÊ
PUBLICIDADE
RECOMENDADAS PARA VOCÊ