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Ativistas pedem que réu do Escritório do Crime cumpra semiaberto fora do Cariri
Crimes chocaram a sociedade civil entre os anos de 2001 e 2002
Foto: Reprodução/ Internet
Regy Santos
17/06/25 0:00

Após 23 anos em regime fechado, o ex-bancário Sérgio Brasil Rolim, condenado a 150 anos de prisão por uma série de assassinatos de mulheres na região do Cariri, nos anos 2001 e 2002, conquistou o direito ao regime semiaberto. A progressão do regime é garantida pela legislação brasileira e foi conquistada pelo réu em 2024. Na ocasião, o Ministério Público do Ceará (MPCE) se posicionou contra a medida, mas, após exame criminológico, foi favorável à progressão de regime. 

A possibilidade gerou revolta em ativistas caririenses. Os crimes cometidos pelo o ex-bancário chocaram o Brasil pela crueldade, já que as vítimas foram estupradas, mortas e, em alguns casos, mutiladas. No semiaberto, o preso pode sair durante o dia, para estudar ou trabalhar, mas deve retornar à unidade prisional à noite. A defesa de Rolim defende a legalidade da progressão de regime, já que interno está preso ininterruptamente desde 2002, mesmo antes das primeiras condenações formais, o que contaria para o cálculo do tempo total de reclusão.

A professora aposentada e ativista da causa contra a violência de gênero, Mara Guedes, reconhece que não há meios legais de reverter à recente decisão, uma vez que a Justiça apenas está aplicando a Lei. “A gente está reivindicando, sim, mas sabemos que não temos o poder de desfazer a lei. O que tentamos, agora, é minimizar os efeitos dessa progressão. Mostrar a gravidade do caso, para que a sociedade e as autoridades não tratem esse fato com naturalidade”, reforçou Mara, destacando que desde a notícia sobre a semiliberdade do acusado, o movimento tem se reunido, enviado ofícios, solicitações e realizado ligações para autoridades, para que também façam intervenções.

Mara foi testemunha ocular à época dos crimes e participou ativamente da mobilização que exigia justiça para o acusado. Ela acompanhou de perto o caso que resultou na condenação de Sérgio Rolim, pelo assassinato de cinco mulheres. “O nosso objetivo, agora, não é dizer que ele não cumpra o regime semiaberto, mas pedir que ele cumpra essa decisão em uma penitenciária especializada, e não em Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, perto dos familiares e amigos das vítimas”, explicou.

O Movimento de Mulheres teve papel decisivo ao acompanhar todo o processo investigativo sobre as ações do grupo criminoso conhecido como “Escritório do Crime”, responsável por diversos ilícitos na região. Muitas das vítimas foram torturadas, tiveram os corpos queimados e só foram encontradas dias depois, já em estado de decomposição. “Naquela época foi uma coisa terrível. Ele matava com a pior crueldade, escondia os corpos, que só foram encontrados já em decomposição”, relembra Mara Guedes.

Segundo a ativista, se não fosse pela mobilização social e a pressão constante dos movimentos de mulheres da região, o condenado pelos assassinatos de cinco mulheres já poderia ter recebido o benefício da progressão de pena para o regime de semiliberdade em novembro de 2022, quando Rolim foi julgado pelos assassinatos de Maria Aparecida Pereira da Silva e Vaneska Maria da Silva (duas das cinco vítimas). “Se a gente não tivesse feito um movimento forte na época, ele já estaria em semiliberdade, mas, com o julgamento que resultou em uma pena de 32 anos, a Justiça refez os cálculos e o cumprimento ficou para agora”, explica Mara.

A notícia da progressão de regime de Sérgio Rolim causou forte comoção entre os membros do Movimento de Mulheres do Cariri e familiares das vítimas que ainda vivem na região. Em nota divulgada na última semana, o grupo repudia a decisão. “Nós, mulheres, que estamos nessa caminhada em busca de justiça e segurança, ao longo desses vinte e três anos, recebemos ameaças de toda ordem por parte do réu confesso e a nossa exposição merece atenção e cuidado por parte do judiciário”. E continua: “Não aceitamos que esse assassino passe a transitar entre nós e nem forjar uma convivência no seio da sociedade. Queremos que ele cumpra os 30 anos de prisão”.

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