Jornal do Cariri
Araripe paga R$ 625 mil à editora por realização de show
Prefeito de Araripe diz que houve um engano e que a falha já foi corrigida.
11/08/20 21:00

A Prefeitura de Araripe, na região do Cariri, pagou R$ 625 mil a Didáticos Editora para a realização de um show. É o que diz o Extrato de Inexigibilidade de Licitação, emitido em junho de 2018. O objeto do contrato com a editora seria, na verdade, a confecção de livros didáticos denominados “Araripe Cidade da Gente, Estudos Regionais”.

Mesmo com a grande repercussão do caso, noticiado em veículos de comunicação do Estado e nacional, a Prefeitura não explicou o possível engano. O prefeito Giovane Guedes (PR), em conversa com o Jornal do Cariri, disse que o show não foi realizado. Sobre a presença da informação no Extrato de Inexigibilidade, Giovane disse que tudo não passou de um engano e que a falha foi corrigida. O prefeito disse, ainda, estar tranquilo e à disposição da Polícia Federal, com relação às investigações que têm como alvo contratos da Didáticos Editora com prefeituras cearenses.

Giovane garante que o processo de inexigibilidade se deu pelo fato da editora ser a única a fazer o tipo de projeto no Brasil. “Na verdade, não é apenas um livro. É uma produção que envolve técnicos da editora, professores e artistas da cidade”, disse. Segundo ele, o valor mencionado foi pago pelos cinco mil exemplares do livro.

Araripe está entre as 22 prefeituras investigadas pela PF, sob suspeitas de desvio de recursos públicos no contrato com a Didáticos. No Cariri, além de Araripe, Juazeiro do Norte também está entre os investigados. A PF investiga indícios de recebimento de propina por parte de gestores dos municípios. O escândalo ficou conhecido como 50/50, referência à proporção da propina.

Os recursos usados na compra dos livros, adquiridos sem licitação, vieram dos precatórios do antigo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) e do atual Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério).

No Ceará, o escândalo foi destacado pelo Portal CN7. No dia 31 de julho, a investigação foi destaque no Jornal de Brasília, que expôs o inquérito da Polícia Federal (nº 0038/2019-4) sobre a investigação dos supostos desvios de recursos do Fundeb e Fundef no Ceará. A apuração tem sido feita pela delegacia de Repressão a Crimes Fazendários. Ainda segundo a matéria, nos casos investigados no Ceará, a avaliação da PF é de que há “indícios de malversações de recursos públicos e possível fraude” na contratação da Didáticos. As prefeituras pagaram cerca de R$ 93 reais por exemplar dos livros. Em Juazeiro, o valor chegou a R$ 3,7 milhões.

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