A demora exagerada em ligações e na manutenção das redes de energia na região do Cariri, sob responsabilidade da Enel Distribuição Ceará, tem atrapalhado as negociações para a instalação de novas empresas na região. O diretor de negócios da Agencia de Desenvolvimento do Ceará (Adece), Rafael Branco, disse que tem conversado com secretários de Desenvolvimento Econômico e o debate deve chegar aos prefeitos.
Rafael, que reside no Cariri, disse ao Jornal do Cariri, que tem percebido um movimento de retração na instalação novas de empresas e na ampliação de outras, que apontam como causa as dificuldades enfrentadas na relação com Enel. Para o diretor da Adece, o movimento preocupa pelo atual momento, em que os estados disputam empresas, com foco na geração de emprego e renda.
No Cariri, Rafael disse que a diretoria de negócios da Adece pretende iniciar um estudo de caso na região, para acionar a Enel, cobrando mais celeridade, sob pena de subsidiar os municípios e empresas em ações judiciais de ressarcimento financeiro, a partir da comprovação de prejuízos.
Rafael citou casos que se tornaram referências negativas e que motivam resistências para a instalação de novos empreendimentos. Em Juazeiro do Norte, a inauguração de um supermercado, na Lagoa Seca, chegou a ser adiada, por quatro meses, por atrasos na ligação de energia do prédio. O caso foi tema de discussões e denúncias na Câmara de Vereadores em 2021.
Em Brejo Santo, uma indústria de calçados passou cerca de oito meses operando com geradores, por falta de instalação elétrica. O caso foi levado à Assembleia Legislativa do Ceará, pelo deputado estadual Guilherme Landim (PDT), hoje relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os casos em todo o Estado.
Entre os casos de repercussão estadual, está a lentidão para novas ligações de energia e o descumprido de prazos para entrega de obras de expansão da malha elétrica caririense e cearense. No Cariri, houve atraso de quase um ano, na construção da rede de energia subterrânea que iria conectar os centros históricos de Crato e Barbalha. O caso foi denunciado pelo deputado estadual e presidente da CPI da Enel, Fernando Santana (PT).
Rafael diz temer pelo andamento de projetos como a efetivação do Porto Seco, em Missão Velha, e a retomada do Distrito Industrial do Crajubar, que demandariam um volume de investimento e mais agilidade nas ligações. Para ele, as recentes cobranças, inclusive investigadas pela CPI na Assembleia Legislativa, podem ajudar a melhorar os serviços.
Apesar de otimista na avaliação, Rafael avalia também que haverá um longo caminho até convencer as empresas de que tudo estará normalizado.