Apenas 39% das escolas do Cariri estão conectadas à rede pública de esgoto, segundo dados do Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025, fundamentado no Censo Escolar. O índice é inferior à média nacional, de 48%. Situações mais críticas são registradas em Abaiara, onde nenhuma escola tem ligação com a rede, e em Salitre e Potengi, que apresentam apenas 7% e 9% de cobertura, respectivamente.

Na outra ponta, Antonina do Norte (75%) lidera o ranking regional, seguida por Crato (72%), Juazeiro do Norte (69%) e Nova Olinda (66%). Os quatro municípios figuram entre os dez melhores do Ceará em termos de cobertura, atrás apenas de Massapê (90%), Fortaleza (88%) e Sobral (86%).

Em sete municípios caririenses - Crato, Barbalha, Juazeiro do Norte, Farias Brito, Missão Velha e Santana do Cariri - a responsabilidade pela universalização do esgotamento sanitário é da Ambiental Ceará e da Ambiental Crato. Em Juazeiro, maior cidade da região, 41% dos esgotos são tratados, com previsão de alcançar 46% até o fim do ano. “Estamos falando de mais de 100 km de rede implantados em Juazeiro, mais de 40 mil pessoas beneficiadas e R$ 130 milhões investidos”, destaca Tadeu Bezerra, gerente-executivo das duas companhias.

Segundo ele, o principal desafio não está na execução das obras, mas na adesão da população. “Somente ter a obra executada e a população não se interligar, a obra não chega à sua finalidade, que é tirar o esgoto a céu aberto e levar qualidade de vida e saúde à população”, explica. 

Em Barbalha, primeiro município da região que irá superar metade do território com rede coletora, apenas 30% dos moradores aderiram ao sistema. Já em Juazeiro, cerca de 15 mil imóveis ainda não estão conectados. “Então, a infraestrutura está sendo disponibilizada à frente dos imóveis e, se não tiver uso dessa infraestrutura, acabamos não conseguindo ter o impacto que a rede coletora vem trazer”, explica Tadeu. 

As empresas também desenvolvem projetos socioambientais nas escolas, como os programas Saúde Nota 10 e Pioneiros, que buscam conscientizar a comunidade sobre a importância do saneamento. “Quando uma criança fica exposta ao esgoto a céu aberto, ela adoece. Isso gera déficit escolar para ela e impacto direto na rotina dos pais, que vão ter de faltar ao trabalho”, conclui Tadeu Bezerra.