No ano de 2019, o Governo do Ceará criou a Unidade de Conservação Municipal Refúgio da Vida Silvestre (Revis) Soldadinho do Araripe. Seis anos depois, o espaço voltado à proteção da ave endêmica recebeu o reconhecimento do Governo Federal. Agora, o Revis é uma Unidade de Conservação (UC) Federal e cobre mais de 4,8 mil hectares nos municípios de Barbalha, Crato e Missão Velha. A mudança, como apresenta o Governo do Estado, amplia a fiscalização, incentiva pesquisas e fortalece a conservação da espécie e do território

Carlos Augusto, chefe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) Araripe, conta que a principal diferença entre uma unidade de UC Municipal para uma UC Federal está na esfera da gestão e da competência legal. Como explica, a UC Federal, como o novo Revis Soldadinho-do-Araripe, é criada por ato do Governo Federal e gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), conforme as diretrizes da Lei nº 9.985/2000 (SNUC). “Isso garante maior respaldo legal, técnico e financeiro, além de integração com políticas públicas nacionais de conservação”, afirma.

Portanto, a criação da UC Federal amplia a proteção ambiental, fortalece o ordenamento do território e assegura a presença de uma gestão especializada e com maior capacidade de fiscalização e implementação de ações de conservação de longo prazo. Como explica, entre os benefícios da criação da Revis, estão a proteção efetiva do habitat do Soldadinho-do-Araripe, incluindo florestas úmidas e nascentes; a conservação de outras espécies endêmicas e ameaçadas da fauna e flora locais; a preservação de recursos hídricos, fundamentais para a região do Cariri. Consequentemente, espera-se o fomento ao ecoturismo e à educação ambiental, com geração de oportunidades para as comunidades locais, e o fortalecimento da governança ambiental, com a criação de um Conselho Consultivo participativo.

Apesar do avanço representado pela criação da UC, Emídio cita que ainda há desafios importantes, como desmatamento ilegal, uso inadequado do solo e expansão urbana desordenada nas áreas de entorno; regularização fundiária e compatibilização de usos nas áreas particulares inseridas no Revis; necessidade de fortalecimento institucional, com investimentos em infraestrutura, pessoal e equipamentos para o ICMBio. “A participação comunitária é essencial para o sucesso da Unidade”, destaca, ao citar, como exemplo, o envolvimento em projetos de educação ambiental, ecoturismo e conservação, que promovam renda e valorizem o território.