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Saiba como destinação correta do óleo de cozinha usado impacta o meio ambiente
Se descartado incorretamente, um litro de óleo de cozinha pode contaminar mais de 20 mil litros de água
Foto: Pixabay
Joaquim Júnior
14/12/24 9:30

Grande parte dos brasileiros utiliza o óleo de cozinha na preparação de receitas e, principalmente, de frituras. Para se ter uma ideia do quão utilizado é o produto, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) apresentou elevação na projeção do consumo de óleo de soja no mercado brasileiro em 2024 para 9,9 milhões de toneladas. O alto número acende um alerta: após usado, qual deve ser o destino necessário do óleo de cozinha?

Se descartado incorretamente, um litro de óleo de cozinha pode contaminar mais de 20 mil litros de água. Diante disso, os órgãos ambientais têm como desafio, entre inúmeros outros, a conscientização da população quanto aos cuidados necessários com o descarte do produto.

Como aponta a professora Celme Torres, coordenadora do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) da Universidade Federal do Cariri (UFCA), a reciclagem do óleo de cozinha é uma prática para a proteção do meio ambiente e para o desenvolvimento sustentável. Quando descartado de forma inadequada, o óleo pode causar sérios danos, como a contaminação de solos, lençóis freáticos/ subterrâneos e corpos hídricos, além de obstruir sistemas de esgoto e aumentar os custos de tratamento de água. “A prática da reciclagem não só reduz os impactos negativos do descarte incorreto, mas também contribui para a economia circular, promovendo uma cultura de responsabilidade compartilhada e cuidado com os recursos naturais”, afirma.

Desta forma, a coordenadora do CCT cita que a reciclagem do óleo de cozinha é essencial para mitigar os impactos ambientais e promover a sustentabilidade, e que vários benefícios podem ser elencados quando o tema é reciclagem do óleo, que abrange o tripé da sustentabilidade: ambiental, econômico e social.

“Na dimensão ambiental, é possível destacar a redução da contaminação de corpos hídricos, proteção dos ecossistemas e minimização da emissão de gases de efeito estufa quando o óleo é reaproveitado para biodiesel; da dimensão econômica, o destaque é dado à criação de cadeias produtivas, como a produção de sabões, detergentes e biodiesel, que movimentam a economia sustentável; já na dimensão social, temos a geração de empregos e conscientização ambiental”, pontua a professora Celme, ao enfatizar que “a prática de reciclagem de óleo de cozinha reduz danos aos sistemas de esgoto, que frequentemente enfrentam obstruções devido ao acúmulo de gordura, gerando custos elevados para as concessionárias de água e esgoto”.

A docente ainda destaca que os principais agravantes do descarte incorreto do óleo de cozinha são os impactos no solo, onde o óleo forma uma camada impermeável, prejudicando a troca gasosa e a absorção de água pelas plantas, inclusive podendo alterar o pH e comprometer a fertilidade; nas redes de esgoto, em que o impacto maior está no acúmulo de gorduras que provoca entupimentos, reduz a eficiência dos sistemas de tratamento e aumenta os custos de manutenção; e nos lençóis freáticos, onde o impacto ambiental do óleo descartado em solo ou nos sistemas de drenagem pode infiltrar e contaminar os aquíferos, dificultando a qualidade e a potabilidade da água.

Poluição na rede de esgotos

Para se ter uma ideia, entre julho de 2023 e julho de 2024, a Ambiental Ceará, parceira da Cagece na operação e universalização do esgoto, retirou 35 toneladas de resíduos nas Estações de Tratamento (ETE) e Elevatórias de Esgoto (EEE) nas cidades atendidas pela Parceria Público-Privada (PPP) de esgotamento sanitário no Cariri.

Além de itens variados, como preservativos, absorventes, fraldas, tampas, sacolas plásticas e canudos, o óleo de cozinha e outras gorduras usadas na culinária fazem parte do problema, uma vez que, ao serem descartados na rede de esgoto, endurecem e entopem os canos. A orientação da Ambiental Ceará é que os imóveis tenham caixas de gordura, estruturas que podem ser compradas prontas ou construídas, agregadas à tubulação que recolhe o esgoto da casa. O equipamento evita que o óleo residual das atividades do dia a dia seja direcionado para a rede de esgoto.

Descarte adequado

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) orienta que o descarte adequado do óleo do consumidor deve seguir alguns passos:

1 – Espere o óleo esfriar na panela;

2 – Despeje o óleo em uma garrafa PET. Para isso, um funil pode ser utilizado;

3 – Feche a garrafa para evitar vazamentos e não gerar odores, além de atrair insetos;

4 – Leve a garrafa fechada no ponto de entrega.

Etapas da reciclagem

Ainda segundo a Abiove, algumas etapas são percorridas no decorrer da reciclagem do óleo:

- Filtragem e peneiramento para a retirada de restos de alimentos e resíduos sólidos;

- Decantação em tanques para promover a purificação do óleo;

- Ajuste de parâmetros físico-químicos, como pH e umidade;

- Além disso, a reciclagem envolve a destinação correta da garrafa PET utilizada para o armazenamento.

Projetos de reutilização no Cariri

Em busca de evitar maiores danos ao meio ambiente, no Cariri são desenvolvidas inúmeras iniciativas voltadas à conscientização sobre educação ambiental – inclusive, sobre o que fazer com o material após ele ser utilizado. Confira, abaixo, algumas iniciativas desenvolvidas atualmente:

- A partir de projeto da Fundação Escola de Educação Ambiental Monsenhor Murilo de Sá Barreto, em Juazeiro do Norte, as escolas da rede pública de ensino fundamental possuem coletores de óleo prontos para receberem doações do óleo de cozinha utilizado. Como explica a professora Tânia Pinheiro, diretora da instituição, a cada doação, é realizada a contabilização do material para que, posteriormente, ele seja doado a catadores e a associações regularmente cadastradas. O projeto deve ter continuidade no ano de 2025, quando deve passar por adaptações para que seja melhorado.

- Eco Juá – projeto idealizado desde o ano de 2016 pelos Produtos de Limpeza Juá. O projeto vai às comunidades e recolhe, por meio de doação, resíduos de óleo ali gerados. Cada litro coletado do material é revertido em recursos financeiros, atualmente R$ 2,50, integralmente transferidos às instituições beneficiárias da iniciativa. O material é coletado através de Eco Pontos (espalhados por várias cidades do Ceará) ou de bombonas. Desde que iniciado o projeto, mais de 300 mil litros de óleo foram reciclados.

- Associação Kariri Ambiental – apesar de dedicar a maior parte dos trabalhos à reciclagem de outros materiais, a exemplo de produto eletrônico, ferro velho, papelão, etc, a entidade também recebe óleo de cozinha – ação que, além de ajudar o meio ambiente, contribui financeiramente para os catadores.

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