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PT e Giovanni Sampaio saem em defesa de Camilo contra Ciro
Partido considerou as críticas e acusações como revanchistas
Foto: Reprodução/ Redes Sociais
Robson Roque
27/06/23 0:00

A direção estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) repudiou as declarações de Ciro Gomes (PDT) contra o ministro da Educação, Camilo Santana (PT). O PT considerou as críticas e acusações como revanchistas, diante do resultado das eleições para presidente da República e governador do Ceará. Ciro foi derrotado em ambas. “O PT do Ceará repudia as declarações levianas e revanchistas de Ciro Gomes sobre Camilo Santana, ao tempo em que reitera seu reconhecimento à integridade, ao espírito público e ao extraordinário desempenho de Camilo à frente do Governo do Estado e, mais recentemente, como Ministro da Educação do presidente Lula”, diz o partido, em nota.  

Além de chamar Camilo de inescrupuloso, Ciro o acusou de interferir diretamente nas decisões do governador Elmano de Freitas (PT). Disse, ainda, que Camilo pretendia deixar o PT logo após a prisão do presidente Lula, com a intenção de se afastar da imagem do petista preso em abril de 2018. 

Citado por Ciro, Giovanni Sampaio ironizou as declarações em um vídeo publicado em rede social: “Na inauguração da estátua de Santo Antônio, em Barbalha, Ciro, você no seu discurso, disse que Camilo foi um governador melhor que você e Cid. Mudou agora? Está com inveja do Camilo? Não tenho medo de você, seu falastrão”. Para o ex-ministro Ciro Gomes, a nomeação de Giovanni seria um exemplo de interferência de Camilo na gestão de Elmano. “Ele [Elmano] é uma boa pessoa. Agora, o que ele recebeu é um Estado em que ele não manda. [...] O Camilo mandando nomear um político, quebrando toda a meritocracia com que o Ceará vem administrando. Virou baderna”, alegou Ciro. 

Giovanni Sampaio se defendeu ressaltando os 35 anos de serviços prestados como médico ao poder público. Segundo ele, o ex-ministro estava “destilando ódio e ressentimentos”, durante a entrevista ao Diário do Nordeste, veiculada na sexta-feira (24). O vice-prefeito de Juazeiro ainda respaldou a atuação da suplente Janaína Farias que, na avaliação de Ciro, não possui capital político para assumir o cargo de senadora.  

“Mais uma vez, contra uma mulher. Uma pessoa do povo não pode chegar a senadora? A mesma coisa eu pergunto: quem era Ciro Gomes quando chegou na Assembleia? Suplente de deputado estadual”, argumentou Giovanni. Sobre Camilo, ele relembrou a reeleição do petista a governador do Ceará com votação expressiva de quase 80% dos votos válidos e tratou sobre o silêncio dele. “Camilo está calado, não é com medo, não é com omissão. É em respeito ao seu irmão [Cid]”, considerou Giovanni.  

Principal alvo das críticas, Camilo Santana preferiu não entrar no embate contra Ciro. O ministro cumpria agenda na Índia, na sexta-feira, reunido com ministros da Educação de mais de 20 países. Questionado sobre as declarações, o governador Elmano de Freitas ponderou que seguiria o conselho do próprio Camilo: “trabalhar, trabalhar e trabalhar", evitando, assim, comentar o caso. 

O senador Cid Gomes (PDT) também evitou comentar as declarações do irmão: “Tem hora e lugar para tudo. A hora e o lugar aqui é para tratar de hidrogênio verde. Mais tarde, a gente conversa”, ponderou, durante evento no Porto do Pecém, na manhã desta segunda-feira (26). Durante a entrevista ao Diário do Nordeste, Ciro optou por não responder a uma pergunta feita sobre a relação entre os dois. "Esta faca ainda está ardendo muito nas minhas costas, portanto se você me permitir eu não desejo fazer nenhum comentário sobre este assunto, porque a faca ainda arde. Eu acho que eu vou morrer com essa dor nas minhas costas", comentou o ex-ministro. 

Acusações
Entre as críticas, Ciro Gomes classificou Camilo Santana como inescrupuloso. Os dois foram aliados históricos e romperam os laços na separação entre PT e PDT, nas eleições do ano passado. Enquanto o petista defendia a reeleição da então governadora Izolda Cela, o pedetista apoiava o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio. “Me preocupa muito o monopólio de poder que o Camilo Santana está querendo montar no Ceará. É muito ruim para o Estado a gente botar os ovos todos numa cesta só. Num tropeço a gente perde tudo”, argumentou. 

Em seguida, Ciro questionou a reputação de Camilo, ao levantar suspeitas sobre a vida pessoal do petista e acusá-lo de querer monopolizar a política do Ceará. “É um erro grave nós colocarmos todo o poder na mão de um grupo de pessoas que é liderado por uma pessoa que não tem nenhum escrúpulo e que está tão poderoso que até descuidado ficou com as questões morais”, considerou.  

Ainda conforme Ciro, Camilo o teria procurado, manifestando o desejo de deixar o PT para se afastar da imagem do ex-presidente Lula, que acabara de ser preso, em abril de 2018. “E eu disse para ele: ‘você é muito jovem e vai ser visto como um rato fugindo do navio que está afundando. Fica quieto, espera’. E eu estava defendendo o Lula contra as arbitrariedades que o Lula sofreu”. O pedetista assegurou ter provas de que Camilo interferiu junto a um desembargador para prejudicar a gestão do prefeito de Fortaleza, José Sarto. 

As declarações de Ciro aprofundam a crise entre PDT e PT e tendem a implodir a tentativa do senador Cid Gomes, irmão de Ciro, de reaproximar as duas siglas. As manifestações ainda foram direcionadas ao ex-presidente do Senado e atual deputado federal Eunício Oliveira. “O ex-senador da República, que eu não quero mais mencionar o nome, meteu 60 processos em mim porque eu fiz a defesa do ex-governador Camilo Santana. E, hoje, estão os dois agarrados aí”. 

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