Passe de mágica
MADSON VAGNER
04/01/22 0:00

As investigações sobre o desvio de repasses do INSS, na gestão do ex-prefeito interino de Jardim, João Cláudio, em 2010, devem ser retomadas em breve. Envolvidos diretamente na investigação simplesmente desapareceram do processo. Pura magia! Claro, tem os que estão provando inocência, como o ex-prefeito, mas outros como o articulador político Júnior Coutinho e sua irmã, Donizete Coutinho, não têm explicação. Em delação, o então contador garantiu ter entregue os valores desviados nas mãos de Júnior e Donizete, secretária de Administração que autorizou a retirada na época. Há indícios, inclusive, de participação de servidores do Bando do Brasil no caso. A pergunta é: como investigados pela organização do esquema, apesar dos fortes indícios, simplesmente desapareceram do processo? Com a palavra, o Ministério Público e a Justiça do Ceará.

Força política

O caso da investigação sobre desvios do INSS em Jardim ilustra bem a interação da política com a justiça brasileira. Lentidão proposital, que motiva o esquecimento de processos e o favorecimento de políticos, com arquivamentos de investigações sobre desvio de dinheiro público. Os servidores de Jardim devem ser prejudicados na sua aposentadoria. Já os responsáveis continuarão impunes. Para isso, claro, contam com forças políticas poderosas. No caso de Jardim, o padrinho de Júnior Coutinho é o deputado federal José Guimarães, atual vice-presidente nacional do PT. Homem forte do governo do ex-presidente Lula, há quem diga que Guimarães tem contatos na Justiça que favorecem seus aliados. O próprio Guimarães já conseguiu absolvição no caso dos dólares na cueca, encontrados com um dos seus assessores. Isso é Brasil!

Sem paciência

O deputado estadual Guilherme Landim parece ter perdido a paciência com o DNIT. O líder do PDT na Assembleia Legislativa vai denunciar o órgão ao Ministério Público Federal, por inoperância e irresponsabilidade. Guilherme alega que já enviou ofícios para que seja realizada a operação tapa-buracos no trecho da BR-116, que passa pela região do Cariri, de responsabilidade do órgão, e recebeu como resposta a desculpa de incapacidade de realizar a operação no momento. A direção do DNIT alega não ter contrato vigente para a realizar as obras de manutenção do trecho. Em entrevista a uma rádio local, Guilherme sustenta que sem contrato para a manutenção do trecho, o prejuízo recai sobre motoristas e a população, inclusive com a possibilidade de acidentes. O debate é sobre segurança viária, mas a crise é contra o Governo Federal em ano de eleição, e promete.

Quem responde

A investigação da Polícia Federal sobre o contrabando de fósseis da Chapada do Araripe e a sua repercussão nacional abrem uma janela sobre o crime: quem tem responsabilidade sobre o problema? No Cariri, os municípios diretamente envolvidos são Santana do Cariri e Nova Olinda, onde são feitas as escavações e a exposição das peças. Apesar do silêncio dos poderes públicos dos municípios, o debate para barrar o tráfico precisa passar pelas prefeituras e câmaras que, no momento, estão calados. O silêncio incentiva o tráfico, não as ações da Polícia Federal que concluiu inquérito onde aponta a participação de 11 pessoas no esquema. As investigações concluíram que trabalhadores de pedreiras locais são o ponto de partida para o tráfico e a investigação. A rota está traçada e a Justiça alertada. O poder político continua ausente.

Sem perdão

O prefeito de Farias Brito, Deda Pereira, apoiou uma grande festa de Reveillon no distrito do Quincuncá, zona rural do Município. Muito natural, não tivéssemos em plena pandemia e com decreto do Governo do Estado proibindo grandes aglomerações, inclusive limitando queima de fogos. Teve tudo isso na festa que juntou milhares de pessoas na praça local. Claro, com a realização de um aliado político. Além das críticas, o prefeito é acusado de perseguição política pelos adversários. Outra festa, particular e promovida com apoio de opositores, estava organizada para o mesmo dia. Ainda no dia 28, o promotor da festa se pronunciou nas redes sociais, acusando a gestão de falta de respeito e perseguição. Não teve perdão, teve prejuízo. A dúvida é se Justiça vai se pronunciar.

Dias melhores?

Depois de um ano de muita crise política e administrativa, aliados do prefeito de Potengi, Edson Veriato, começam a ter esperança de que 2022 será mais tranquilo. É que o atual gestor resolveu ampliar o poder do ex-prefeito Samuel Alencar na administração. Samuel foi apoiador de Edson e tem bem mais experiência com gestão pública e no trato com a política. Esperança para aliados e a certeza de que tudo pode piorar para os opositores. Apesar da experiência, Samuel tem uma vida pública bem conturbada. Em 2013, chegou a ter decisão judicial pela sua prisão, por compor esquema de corrupção e desvio de recursos públicos. O ex-prefeito se livrou das grades por estar em viagem fora do Brasil. Em 2020, Samuel desistiu da sua candidatura para apoiar Edson contra a ex-prefeita Alizandra Gomes, derrotada na eleição. Façam as apostas!

Enquanto isso...

... Quem se prepara para retornar ao cenário eleitoral é o ex-prefeito de Altaneira, Delvamberto Soares (PDT). O último passo para sanear a volta aconteceu no apagar das luzes de dezembro, quando a Câmara aprovou a última de suas contas do exercício 2015. Apesar do parecer pela desaprovação, do relator Professor Nonato (PT), as contas passaram.

... O parecer favorável do Tribunal de Contas do Estado exigiu dois terços dos votos para desaprovar as contas de Delvamberto. Dos nove vereadores, apenas três seguiram o relator. Aliados avaliam: era o que Delvamberto esperava para disputar novamente. Se Delvamberto for eleito, o terror das contas muda de lado e passa a ser de Dariomar.

... Quem também finalizou dezembro aliviado, foi o prefeito de Assaré, Libório Leite (PDT). A limpeza na pauta do Judiciário trouxe uma sentença de absolvição do prefeito e sua vice, Maria Valdeniza Costa. Os dois eram acusados de abuso de poder político ao, supostamente, obterem ganho político em obras de perfuração de poços profundos em ano eleitoral.

... A ação, movida pelo Ministério Público Eleitoral, foi julgada improcedente pelo juiz da comarca local, Antônio Vandembeg Francelino Freitas. Na decisão, o magistrado lembrou que “é preciso que haja provas robustas da prática ilícita e que seja demonstrada a gravidade das circunstâncias que a caracterizam”, o que parece não ter acontecido.

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