Terreiro Cariri leva cultura ao mundo até 25 de setembro
Evento reúne dez terreiros culturais de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Porteiras
Foto: Jade Luiza
Joaquim Júnior
31/08/21 15:00

Há três anos, o Movimento de Arte e Cultura do Sopé e Serra do Araripe (Moacpes) nasceu como uma articulação de grupos culturais, ONG's e pontos de cultura da região do Cariri. O objetivo? Fortalecer os grupos e ações culturais da biorregião do Araripe e fomentar a arte e a cultura através de uma rede de ações integradas, com promoção e realização de eventos e formações. Com esta premissa, foi criado o Terreiro Cariri – evento que acontecerá até o dia 25 setembro e reúne dez terreiros culturais de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Porteiras. Na programação, em que estão envolvidas comunidades indígenas, quilombolas, rurais e periféricas, participarão 06 bandas, além de mais de 20 grupos populares e de 40 educadores.

O evento é organizado pelo Moacpes, através da Aldeias Ponto de Cultura. Jéssika Cariri, gestora da Aldeias e coordenadora do Terreiro Cariri, conta que o evento envolve a produção e o lançamento de 10 documentários, 01 álbum virtual coletivo e um site. Além disso, há a realização da I Jornada Cultura Viva e Bem Viver no Cariri, Mostra de Arte e Cultura do Sopé e Serra do Araripe, Encontro dos Pontos de Cultura do Cariri, os Caminhos dos Artefatos e o Congresso Internacional Artefatos da Cultura Negra. No trajeto, estão incluídas apresentações artísticas de grupos populares e bandas, oficinas, mesas e rodas de conversa, tudo de forma gratuita e virtual.

“A programação do Terreiro Cariri nasce na coletividade, a  partir das ações que já vinham sendo realizadas. Nosso objetivo é  fomentar a autonomia, a sustentabilidade e as iniciativas da economia criativa desenvolvidas pelos grupos populares que compõem o Moacpes”, explica Jéssika. As ações, segundo a gestora, foram elaboradas a partir de dois eixos principais: Cultura Viva e Bem-viver, abrangendo as temáticas de Educação, Cultura e Memória, Saúde e Espiritualidade, Antirracismo, Gênero e Diversidade, Políticas Públicas e Acessibilidade. O Terreiro Cariri foi aprovado no Edital Prêmio Fomento Cultura e Arte - Lei Aldir Blanc Ceará, é apoiado pela Secretaria Estadual da Cultura e conta com parceiros como SescCeará, Universidade Regional do Cariri, Vivá Produções e Cáritas Diocesana.

“O evento tem realizado conexões entre estados como Minas Gerais, Pernambuco e Ceará, valorizando e fortalecendo os artistas autorais e independentes”, pontua Jéssika, que cita a participação de artistas como Gabi da Pele Preta, do Pernambuco, e dos cearenses Fábio Carneirinho, Nazirê, Na Base da Chinela, Sol na Macambira e Roda de Incenso. Outros participantes do movimento são lideranças indígenas, como Ailton Krenak (Mina Gerais), Cacica Tereza Kariri (Crateús), Pajé Rosa Cariri (Crato), Mãe Beth de Oxum (Patrimônio Vivo de Pernambuco), assim como mestras, mestres, educadores, educadoras, artistas, esportistas, historiadores, meizinhieras, quilombolas, povos de terreiros e ativistas de diversas frentes de movimentos sociais.

Por conta da pandemia de covid-19, a programação foi adaptada para acontecer de maneira virtual. Toda transmissão está sendo feita no canal Terreiro Cariri, no YouTube, e divulgada a partir das redes sociais, TV e mídias locais. De acordo com Jéssika, o público está bem receptivo às ações e tem somado bastante, se envolvendo e elogiando o projeto como um todo, principalmente por este entregar produtos de qualidade e criando  acervo documental sobre a memória e as culturas do Cariri, com documentários, registros, shows, apresentações, álbum musical, site e portfólios. “Além disso, as temáticas das mesas, oficinas e  rodas de saberes são extremamente atuais e necessárias para o momento que estamos vivendo, onde é fundamental pensar a partir da soma e da construção, sempre priorizando a diversidade de sujeitos, realidades e perspectivas. O evento cria diálogos que trazem apontamentos estratégicos sobre a cultura e o bem viver”, enfatiza Jéssika, que completa: “O Terreiro é Vivo e a arte é respiro! Deixo o convite a todas e todos para acompanhar o Terreiro Cariri, participar gratuitamente das oficinas e rodas de saberes e conhecer nossa riqueza e diversidade cultural do Cariri”.

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