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Valor simbólico do Pau de Arara é reconhecido nacionalmente
Pau de Arara une tradição e fé em romarias a Juazeiro
Foto: Ricardo Stuckert / PR
Robson Roque
08/08/23 0:00

Juazeiro do Norte, um dos municípios mais importantes no interior do Nordeste, foi construído em torno da figura de Padre Cícero. Principal materialização da fé e do reconhecimento popular da santidade do “Padim”, as romarias atraem cerca de 2,5 milhões de pessoas a Juazeiro, ano após ano. Parte considerável dos romeiros ainda mantêm, por necessidade ou tradição, o vínculo com o “Pau de Arara”, caminhões adaptados semelhantes aos utilizados por nordestinos que migraram para o sudeste brasileiro, em busca de trabalho ou fugindo da seca.

Na semana passada, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou projeto de lei do deputado federal José Guimarães, que reconhece o pau de arara como manifestação da Cultura Nacional. “Eu saí de Pernambuco no dia 13 de dezembro de 1952. A gente foi num pau de arara, não tinha encosto atrás. Era o encerado que encobria e a gente utilizava o caminhão quando parava num lugar para dormir. A gente dormia embaixo do caminhão”, relembrou o presidente. A cerimônia, no Gabinete da Presidência, em Brasília, contou, além de Lula e Guimarães, com as presenças do prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra, do ex-prefeito Arnon Bezerra, e dos deputados Yury do Paredão (federal) e Fernando Santana (estadual).

A proposição tramitava na Câmara Federal desde 2015. Como lembra o deputado Guimarães, os primeiros “paus de arara” surgiram na década de 1950, com a construção de fábricas no sudeste e o êxodo nordestino. “O caminhão era adaptado de forma que, sobre a carroceria do veículo, eram colocadas tábuas, para servirem de assento, e instalada uma lona como cobertura para proteger os passageiros das intempéries”, explica o parlamentar. “Rapidamente, constituiu-se como o mais importante meio de transporte de agricultores devotos, que em romaria, se dirigiam às sedes municipais, para render homenagens aos santos de sua devoção”.

Ainda conforme Guimarães, o modelo de transporte prevalece até hoje, “sendo considerado parte do processo, envolvendo toda uma mística, uma vez que o percurso é permeado de cânticos e orações, num clima de preparação para as atividades na basílica”. Em 2014, um ano antes de a proposta de reconhecimento começar a tramitar, o Conselho Nacional de Trânsito impediu a circulação dos paus de arara, inclusive estabelecendo multas e gerando polêmicas em diversos municípios do Nordeste.

Para o prefeito Glêdson Bezerra, a lei é um reconhecimento do esforço dos romeiros e do valor simbólico do pau de arara, tanto para Juazeiro como outras cidades romeiras. “Fiz questão de estar aqui hoje, representando o nosso Município e a nação, uma vez que os romeiros são determinantes para o desenvolvimento da nossa cidade. Temos que reafirmar sempre a importância, o nosso respeito e gratidão à toda a nação romeira, que se desloca, anualmente, para o nosso Município”. Análise semelhante é feita pelo secretário municipal de Turismo e Romaria, Renato Willamis, para quem o pau de arara tem “uma relevância imensurável” como principal meio de transporte para milhares de fiéis.

Reitor da Basílica de Nossa Senhora das Dores, igreja que atrai o maior fluxo de pessoas durante as romarias, o Padre Cícero José concebe o pau de arara como uma evolução na história de 134 anos das romarias. Antes, lembra, a maioria dos romeiros chegavam a pé ou em lombo de animais. “Diante dos avanços que temos, não importa o meio de transporte que os romeiros usem para vir a Juazeiro, o importante é que eles são os protagonistas da nossa missão iniciada pelo Padre Cícero”, avalia o padre, que também participou da cerimônia de sanção em Brasília.

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