A Câmara Municipal de Juazeiro do Norte revive farras com o dinheiro público dos juazeirenses, que caracterizaram o Poder Legislativo em anos anteriores. Desde o início de 2022, 93 pessoas foram nomeadas como servidores comissionados. Deste total, 78 são apadrinhados pelos vereadores, já que ocupam cargos de livre nomeação. Dentre os beneficiados, estão dirigentes partidários, candidatos ao cargo de vereador (a) nas eleições de 2020, ex-vereador, entre outros. A ampliação dos cargos e, como consequência, das despesas do Poder Legislativo, foi aprovada no “apagar das luzes” de 2021, na última sessão do ano passado. A projeção é de que a folha salarial aumente em pelo menos R$ 1,5 milhão anualmente.

Os servidores apadrinhados pelos atuais vereadores são inseridos em cargos como assessor parlamentar, em um total de 49 pessoas, e 18 assessores especiais. Ainda chama a atenção os 11 cargos de coordenador de manutenção. Outros são funções já estabelecidas na Câmara Municipal: coordenador de serviços de som, relações públicas, assessoria de imprensa, coordenador de contabilidade, diretor legislativo, secretário especial parlamentar, chefe de gabinete, além de três subprocuradores e quatro coordenadores de apoio parlamentar.

Os vereadores podem nomear até 126 assessores parlamentares ao todo, com salários de R$ 1.250,00; 20 chefes de gabinete que recebem R$ 3.500 cada; 46 assessores especiais, com vencimentos na ordem de R$ 2 mil; e 20 secretários de gabinete, cuja remuneração é de R$ 2.500,00. O número de servidores apadrinhados reflete nas despesas mensais da Câmara Municipal. A folha salarial do mês passado foi de R$ 663.303,40 para o pagamento de 272 servidores: 205 comissionados, 42 efetivos e 24 vereadores - os três parlamentares afastados (Darlan Lobo, Capitão Vieira Neto e Beto Primo) continuam recebendo seus vencimentos.

O número de servidores no Legislativo e o montante de despesas têm crescido progressivamente nos últimos meses. De acordo com as ferramentas de transparência disponíveis no site da Câmara, existiam 223 servidores em setembro de 2021, perfazendo uma folha salarial de R$ 517.805,04. Em outubro, a quantidade de servidores passou para 225, e as despesas subiram para R$ 540.939,85. Em novembro, os pagamentos somaram R$ 534.940,01 em meio a 237 servidores. Foi neste mês que William Bazílio (Bilinha, do PTB) assumiu a presidência da Câmara, após os afastamentos de Darlan Lobo e Vieira Neto, eleitos presidente e vice-presidente. No primeiro mês efetivamente da gestão de Bilinha, dezembro, a quantidade de servidores atingiu o maior patamar dos últimos sete meses: 286 servidores e R$ 603.640,01 em despesas. Os meses de janeiro e fevereiro de 2022 perfazem, respectivamente, 259 e 272 servidores e despesas que saltaram de R$ 635.232,43 para R$ 663.303,40.

Além disso, os valores das diárias para viagens de vereadores e servidores do Legislativo foram atualizados no último dia 8 de março. Com isso, o presidente da Câmara pode solicitar diária de R$ 1 mil, os demais vereadores podem receber R$ 750 para viagens e os servidores R$ 500. Os valores devem ser usados para cobrir despesas com locomoção, hospedagem e alimentação. Caso o deslocamento seja para outro estado, os valores podem ser aumentados em 50% por dia de deslocamento. Em 2021, a Câmara gastou R$ 37.300,00 em despesas, sendo o então presidente Darlan Lobo (PTB) o que mais gastou em diárias (R$ 9.000,00), seguido do atual presidente Bilinha (R$ 6.250,00). Desde primeiro de janeiro de 2022, R$ 9.700,00 já foram gastos com diárias.