Transferindo responsabilidade
26/05/20 0:00

Sem explicação administrativa para o crescimento assustador dos casos de covid-19, o prefeito de Mauriti, Mano Morais, resolveu achar um culpado, a população. Depois de anunciar, no dia 21, um boletim com 36 casos confirmados e seis óbitos, Mano fez discurso nas redes sociais, prevendo o aumento dos casos porque, segundo ele, a população não está ficando em casa. “Você não está fazendo sua parte”, repetiu várias vezes. Fora isso, a Prefeitura foi acionada pelo Ministério Público para fazer o controle da transmissão. A unidade sentinela está funcionando em uma UBS; não há local específico para atendimento da covid-19 e o hospital municipal não tem essa capacidade. Além disso, a gestão perdeu R$ 400 mil para o hospital, por incapacidade administrativa, e a folha de abril da saúde não foi paga. Para a população, o prefeito tenta transferia a culpa.

Cartas na mesa

A disputa eleitoral em Jati está perto de uma definição. Depois do PT reconstruir a oposição, chegou a hora da empresária Mônica Mariano mostrar sua força. Ela garante que sua pré-candidatura é independente. Ao seu lado estão o ex-prefeito Esmeraldo, os líderes João Filho e Ediceu Justino, além de oito dos nove vereadores, incluindo o presidente Ronivaldo. O favorito a ocupar a vaga de vice é Rogério Couto. O grupo deve enfrentar uma candidatura da atual vice-prefeita Mundinha, filiada ao PT. Apesar da prefeita Neta Diniz garantir que não terá candidato, a oposição vê em Mônica a opção de Neta. Nas redes sociais, circula uma foto, provavelmente, de Mônica entregando cestas básicas com equipes da Prefeitura, além de ser creditada a ela a transferência de pacientes de Jati para São José do Belmonte, onde seu pai é prefeito. Será?

Sede ao pote

A vontade da maioria dos vereadores de Granjeiro, liderados pelo presidente Luiz Marcio, o Marcim, de cassar o prefeito Ticiano Tomé, parece um típico caso de “ir com muita sede ao pote”. Acabaram barrados pelo juiz Judson Pereira Spindola Júnior, de Caririaçu. Segundo o juiz, o Legislativo não permitiu o acesso do prefeito aos documentos da Comissão Processante. Para piorar, o prefeito teria sido comunicado oficialmente somente no dia 20, data da realização. A tese foi sustentada pelo advogado Luciano Daniel, que destaca outras falhas no processo, como ausência do direito de ampla defesa. Marcim garante que o trâmite seguiu as etapas regimentais, inclusive notificação do prefeito para defesa. Os lados devem apresentar provas perante a Justiça. Uma coisa é certa: alguém está mentindo. A Justiça promete brevidade na decisão.

Erro básico

Apesar da vitória momentânea, o prefeito de Granjeiro, Ticiano Tomé, vê sua situação ficar pior a cada dia. Além de não ter construído maioria na Câmara, o que ainda pode levar a sua cassação, terá que explicar uma carreata feita com veículos da Prefeitura, após a Justiça suspender a sessão de cassação. Há denúncias que a comemoração teve de ambulância a retroescavadeira. A polícia foi acionada, mas chegou tarde. Secretários, servidores e simpatizantes já haviam se dispersado. A oposição garante que fotografou tudo e vai oficializar denúncia no Ministério Público. Ainda na madrugada, o prédio da Prefeitura sofreu um atentado a bala. Porta e janelas foram estilhaçadas. A base do prefeito acusa a oposição, que aponta tentativa de criar um fato por parte da situação. A tensão deve aumentar com a proximidade da eleição, mantida para este ano.

Voltando atrás

Mesmo contrariando o decreto do Governo do Estado, o prefeito de Nova Olinda, Ítalo Brito, autorizou a reabertura do comércio local, mas foi desencorajado pelo Ministério Púbico do Estado. Aceitou a orientação de manter o decreto estadual e revogou a reabertura de lojas, academias e o comércio em geral. O promotor Daniel Ferreira de Lira não levou em conta a avaliação da “Comissão de Contingenciamento” do Município, que informa mais de 10 dias sem surgimento de novos casos do covid-19. E não adiantou as regras de manter o distanciamento, quantidade de pessoas por estabelecimento, desinfecções e uso de máscaras; nem o argumento da decisão do STF em delegar a estados e municípios a decisão de flexibilização ou não. Politicamente, a decisão retira de vez o prefeito da base governista. O decreto estadual vai até o dia 31 de maio.

Operação Arrebol

Como era esperado, a Justiça investiga crime eleitoral em Aurora. Na mira do Ministério Público Eleitoral, um possível benefício político com a crise da pandemia do coronavírus. Como parte da investigação, a Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão na sede do Município e no distrito de Ingazeiras. Na operação, realizada nesta quinta-feira (21) e denominada “Arrebol”, foram apreendidos celulares, computadores e documentos. Os promotores querem saber se houve uso de uma lotérica para furar a fila do auxílio emergencial na Caixa Econômica Federal. A operação aconteceu na loteria do pré-candidato a prefeito, Marcone Tavares, e apesar da assessoria da PF não confirmar, os agentes estiveram na casa do vereador Sílvio Benício. Marcone e Sílvio são citados no áudio de um pastor evangélico que expõe o esquema. Pegos pelas redes sociais!

Enquanto isso...

... Ainda em Aurora, principal alvo da investigação, Marcone é citado no áudio como mentor do esquema de recebimento do auxílio emergencial, sem necessidade de sair de casa. O esquema consistia em enviar documentos dos beneficiários, através de um vereador ligado ao pré-candidato. O pagamento aconteceria em cheque da lotérica.

... O problema é que o fato veio a público e pode comprometer a pré-candidatura de Marcone. Em resposta as acusações, Marcone mantém a versão de queria apenas ajudar as pessoas e evitar aglomerações na frente da lotérica e da Caixa. Independentemente do resultado da investigação, Marcone vai pagar um alto preço. O desgaste político é enorme.

... Em Caririaçu, a polêmica é o pagamento de cachê para artistas locais cantarem no período das festas juninas para quem estará em casa. A ideia, anunciada pelo prefeito Edmilson Leite, é que os artistas recebam por lives a serem realizadas durante os festejos. Segundo Edmilson, foi a forma encontrada para ajudar os artistas da terra.

... Apesar de aplaudida pelos artistas, a ideia sofreu críticas nas redes sociais. A reclamação é que os recursos poderiam ser usados na compra de cestas básicas para a população mais carente do Município. Categorias como topiqueiros e vendedores de joias perguntam o que o prefeito fará por eles, que também estão sem trabalhar. Edmilson ainda não respondeu.

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