Rota do tráfico: Cariri registra aumento na apreensão de drogas
Instituições de segurança pública ainda sofrem com precariedade
Foto: SSPDS.
Regy Santos
17/07/24 15:30

Na tentativa de diminuir o tráfico de drogas, o Brasil tem alinhado leis e ações  com experiências globais.  Uma das principais estratégias é a desarticulação financeira dos criminosos, por meio do confisco do patrimônio adquirido com o enriquecimento ilícito. No Ceará, as ações coordenadas pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) direcionam forças para desmantelar quadrilhas que comandam o tráfico no Estado.

Dados recentes divulgados pelo órgão revelam que a região do Cariri se destacou no aumento das apreensões de entorpecentes em 2024. Os números deste ano revelam uma crescente de 411,18% em relação ao mesmo período do ano passado. O transporte intermunicipal privado é um dos meios usados para facilitar a chegada das substâncias ilícitas.

Grandes apreensões de entorpecentes no interior revelam que cada vez mais a região do Cariri é um destino certo para o comércio das substâncias. “O número insuficiente de servidores públicos e uma situação quase sempre precária no setor de investigação policial são os principais motivos para o avanço no comércio ilegal de substâncias ilícitas no Cariri”, é o que afirma a advogada criminal, Danila Mendes. A jurista atende diversos casos relacionados ao tráfico ou uso de entorpecentes na região

Para Danila, instituições de segurança pública ainda sofrem com uma precariedade no corpo de servidores e na estrutura do setor de inteligência, que são decisivos. “Se a gente tiver um processo de segurança investigativa todo legalizado, todo bem fundamentado, teremos um número menor de traficantes na rua, porque com um maior número de provas, a tendência de condenação é muito maior” , comenta.

Falar sobre o tráfico de drogas e como ele tem se tornado mais comum nas regiões interioranas, é falar também sobre as pessoas usuárias de drogas que quase sempre são vistas como criminosas. “O artigo 28 da lei de drogas visa distinguir quem é usuário e quem é traficante”, comenta a advogada Danila Mendes. Ela explica que ser usuário de drogas é totalmente diferente de ser traficante. O usuário é um problema de saúde pública. A questão do traficante é um problema de segurança pública.

“São coisas totalmente opostas, dentro desse cenário, o traficante possui atos diferentes do usuário e ele deve ser punido com uma lei mais severa. Já o usuário, a primeira pessoa que ele atinge é a si mesmo. Então, ele se auto destrói e se torna vítima da situação”, pontua a advogada, que acredita que a resolução da problemática sobre traficante e usuário depende da rede de segurança pública. “Quando a gente tem um processo bem estruturado, a probabilidade da gente condenar alguém que realmente tem culpa é 100% de certeza, mas quando temos um processo frágil, temos a probabilidade de levar pessoas inocentes para dentro do sistema e acabar ajudando o tráfico”, finalizou a criminalista.

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