Um atentado covarde. É assim que deve ser descrito o ataque a tiros que resultou na morte do advogado Francisco Di Angellis Morais, 41 anos. Por volta das 20 horas do sábado (6), ele foi alvo de 11 disparos pelas costas quando chegava em casa, no bairro Parquelândia, em Fortaleza. Morais, que advogava para o Don7 Media Group, deixa a esposa e dois filhos. O homicídio exige respostas aos familiares e amigos de Morais, da mesma forma que pressiona o Estado a dar um basta na violência vivenciada todos os dias no Ceará.

O crime está sob a responsabilidade da 6ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). “As investigações estão em curso, com o objetivo de elucidar o caso, identificar e capturar os suspeitos de praticarem o crime”, diz a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS/CE), em nota enviada ao Jornal do Cariri. “Conforme os primeiros levantamentos, os suspeitos seriam dois homens em uma motocicleta”, acrescenta a nota.

Além do governo estadual, órgãos como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Ceará) já se mobilizam em busca de tais respostas. Uma comissão de advogados foi criada exclusivamente para acompanhar o caso e cobrar por maior celeridade em identificar e punir executores e mandantes. “A OAB-CE vem acompanhando o caso e cobra investigação para a mais rápida responsabilização dos criminosos neste crime bárbaro”, diz a OAB, em nota. Prefeitos, deputados estaduais e federais se solidarizaram e também exigem a elucidação do crime.

Não calarão a verdade!

Em participação no programa Ceará News, na Rádio Plus, o presidente do Don7 Media Group, Donizete Arruda, lamentou o crime e homenageou Morais. O advogado cuidava do jurídico do grupo, de modo a garantir que o Ceará News, o Jornal do Cariri e a rede de rádios Plus FM continuassem em suas missões de informar de maneira independente e alheia às pressões de ordem política e econômica.

Donizete e Morais estavam juntos horas antes do assassinato, comemorando o aniversário de 80 anos do ex-governador cearense Lúcio Alcântara. “Morais tinha chegado em casa, às 20h20, parou o carro como sempre faz, a quatro metro da casa dele. Desceu, no celular. Veio uma moto que vinha seguindo ele – algumas pessoas diziam que eram duas motos – acertaram um tiro nele pelas costas” relata Donizete, antes de continuar:

“Ele tentou entrar numa casa vizinha. Acertaram um tiro e depois dispararam mais dez. Covardemente. Ele ainda continuou vivo. Ligou para a irmã, como ele era, não falou nada. A vizinha olhou e ele disse: ‘por que fizeram isso comigo?’. O Samu chegou, Morais já tinha morrido”.

No programa, Donizete Arruda lançou a campanha “Quem matou Morais?”, no sentido de exigir que o crime seja elucidado e os responsáveis punidos. “Enquanto não aparecer e forem presos os executores e o mandante, nós não nos calaremos”. Para o jornalista, nenhuma hipótese deve ser descartada, inclusive motivação política, diante das denúncias feitas diariamente por Donizete e seus veículos de comunicação.

 “É inaceitável falar nessa versão, nessa hipótese, nessa possibilidade de investigação. Mas a possibilidade mais forte, mais provável é essa”. Nos dias que antecederam o crime, Di Angellis Morais havia relatado ter sido alvo de ameaças, concretizadas no sábado. “Se imaginavam que iriam trazer intimidação, ameaça, medo, perderam tempo. A vida de Morais não será em vão. A vida de Morais não ficará jogada, destroçada como tentaram fazer nas redes sociais. Governador Elmano de Freitas, seu Governo está sob ameaça. A liberdade de expressão está sob ameaça”, conclui Donizete.

Políticos de diversos partidos prestaram homenagens a Morais, em redes sociais e em mensagens encaminhadas a Donizete Arruda. "Minha solidariedade neste momento de dor. Apuração e prisão dos envolvidos já!”, disse o líder do Governo Lula na Câmara Federal, José Guimarães. Também prestaram homenagem a Morais, a senadora Augusta Brito, os deputados federais Eunício Oliveira, Fernanda Pessoa e Danilo Forte; o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, e os deputados estaduais Fernando Santana, Filipe Mota, Dra. Silvana e Romeu Aldigueri, além do prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra.