Projeto reaproxima reisados de Juazeiro e Alagoas
Ciclo de Reis poderá ser palco do reencontro dos grupos de tradição
Foto: Divulgação
Joaquim Júnior
04/10/22 11:15

A história de grupos de tradição remonta a culturas vindas de diferentes lugares. Com os reisados, por exemplo, parte dela tem origem no estado de Alagoas. Para reaproximar os brincantes alagoanos dos juazeirenses, há busca por um retorno da troca contínua de experiências, garantindo a preservação e a valorização da cultura.

O presidente do Focuarte, João Lemos, conta que o Auto dos Guerreiros surgiu em Alagoas, no final da década de 1920, da mistura dos antigos Reisados Alagoanos com partes do Auto dos Caboclinhos, de Pastoris e Chegança.  “Tem a sua dramaticidade voltada para o Ciclo do Natal, da louvação ao nascimento do Menino Jesus e das peripécias do Índio Peri, da Lira e do Boi.  É um grande Teatro Popular que resquícios da idade média. É um folguedo genuinamente alagoano que, em 2019, tornou-se Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado”, relata.

Como ele explica, desde que o Focuarte surgiu, os mestres do Guerreiro e de outras manifestações pedem por uma oportunidade de retomar, com seus grupos, as apresentações no Cariri cearense. “Depois de algumas pesquisas, descobrimos que, há pelos menos 70 anos, esses grupos fazem essa peregrinação uma vez ao ano. Com a falta extrema de apoio, isso foi caindo no esquecimento, chegando ao ponto da situação que nenhum grupo mais vai”, relata o pesquisador. Assim nasceu o reencontro dos mestres de Guerreiro e Reisado de Juazeiro, na tentativa de reconectar esses saberes e, juntamente com a Secretaria de Cultura de Juazeiro, trazer de volta essas manifestações para as ruas do Cariri.

“Nos encontramos com alguns mestres de Reisado, como caso do querido mestre Dodô, de bacamarte e Guerreiro. Um lindo encontro realizado no dia 24, no museu orgânico do mestre Nena, em Juazeiro. A conversa foi maravilhosa, porque, os mestres confirmaram o que nós já sabíamos, sobre a questão dos guerreiros e alguns Reisados existentes em Juazeiro, são provenientes de alagoanos que foram residir nessa região. Discutimos sobre a campanha de transformar o Guerreiro Alagoano em Patrimônio Cultural do Brasil, luta que o Focuarte vem batalhando desde o início do ano, sobre a sobrevivência desses grupos no Cariri, se eles se reconhecem como Guerreiros Alagoanos e quais os meios que nós iremos fazer para aproximar esses fazedores de cultura”, relata João Lemos..

Ao que tudo indica, o reencontro ocorrerá no Ciclo de Reis, juntamente com a Secult – a Secretaria, inclusive, tem sido parceira na coleta de assinaturas para que o Guerreiro Alagoano se torne Patrimônio Cultural do Brasil. Em dezembro, uma comitiva formada por mestres e representantes da cultura caririense, juntamente com Vandinho, irá a Alagoas para participar da 6ª Assembleia Geral que acontece em Arapiraca, agreste do Estado.

O secretário de Cultura de Juazeiro do Norte, Vandinho Pereira, conta que ao menos dois encontros foram feitos para restabelecer a parceria. Como destacou, o diálogo continua para que ocorra o intercâmbio cultural a fim de reconhecer o trabalho que os alagoanos desenvolveram e hoje é mantido no cariri cearense. A intenção é realizar encontros tanto em Alagoas como no Cariri. Entre algumas das ações realizadas atualmente pela Secutl, Vandinho cita o "Ciclo de Reis" e o “Cultura para todos”. Neste projeto, os grupos são levados para que se apresentem em diferentes locais e ocasiões durante o ano inteiro.

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