O prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos), conseguiu uma verdadeira façanha na eleição de domingo (06). Venceu o deputado estadual, Fernando Santana (PT), um dos maiores líderes políticos do Cariri, com uma maioria de 12.578 votos, ou 8,02 pontos percentuais. A vitória de Glêdson ainda é mais forte, diante do amplo arco de alianças que o candidato Fernando Santana compôs, que incluiu quatro ex-prefeitos, dois deputados federais e um estadual, todos com forte atuação política no Município. Glêdson rompeu o tabu de nunca um prefeito se reeleger em Juazeiro, desde que a reeleição foi implantada no Brasil, a partir das eleições de 1998. Fernando Santana construiu a sua candidatura contando com os apoios do presidente Lula, do governador Elmano e do ministro Camilo Santana. Esse amplo espectro de suporte político, não foi capaz de alavancar a candidatura de Fernando Santana. Reeleito, o prefeito Glêdson definiu a sua vitória através de uma comparação: a luta entre Davi e Golias, história do velho testamento. Comparações à parte, Glêdson representa no Cariri, o avanço de um contraponto ao PT. Glêdson recusa o rótulo de ser prefeito de direita, ou de centro. Diz que é um prefeito que respeita o dinheiro do povo. E não admite corrupção. Glêdson sai das urnas como o nome mais forte de contraponto à liderança do ministro Camilo no Cariri. Porém, Glêdson põem fim as especulações sobre uma candidatura ao Abolição em 2026, e garante que só tem um foco nos próximos quatro anos: continuar a governar bem Juazeiro do Norte. Claro que Ciro Gomes, Roberto Cláudio e Tasso Jereissati sonham com outra expectativa.

PT e PSB contabilizam 110 prefeitos eleitos no Ceará
A avaliação eleitoral das urnas no Ceará aponta que o PSB e o PT foram os dois partidos mais vencedores, elegendo no Ceará um total de 110 prefeitos. E o PT ainda disputa o segundo turno em Fortaleza e em Caucaia. O PSB é, agora, o maior partido do Estado: elegeu 65 prefeitos. O senador Cid Gomes poderia estar festejando essa liderança partidária. Mas, junta os cacos de seu clã político. A oligarquia Ferreira Gomes, comandada pelo próprio Cid Gomes e os irmãos Ciro e Ivo Gomes, perdeu a sua principal base eleitoral: Sobral, que controlava com mãos de ferro há 28 anos. E foi uma surra para não ser esquecida, imposta pelo deputado Oscar Rodrigues, contra a ex-governadora Izolda Cela. Uma maioria superior a 6 mil votos. Esse fim da oligarquia Ferreira Gomes elimina as chances de Cid Gomes atrapalhar os planos do ministro Camilo, de reeleger o governador Elmano, daqui a dois anos. E Cid Gomes reconhece aos mais próximos colaboradores, que o controle desses 65 prefeitos eleitos no PSB não é dele. A esmagadora maioria segue a orientação do ministro Camilo. Se o PSB tem esse quadro favorável à liderança de Camilo e Elmano, no PT, o cenário não é diferente. Os petistas elegeram 45 prefeitos no Ceará. Desses, dois são no Crajubar: André Barreto, no Crato, e Guilherme Saraiva, em Barbalha.

PT e PSB mudam quadro partidário no Cariri
As eleições municipais deste ano modificaram o panorama político do Cariri, em relação ao número de partidos eleitos no controle das prefeituras. A redução foi pela metade. Senão vejamos: seis das 12 siglas que elegeram prefeitos ou prefeitas em 2020 não conseguiram repetir o êxito eleitoral no domingo, 06: PSDB, PP, PSOL, PROS, DEM e PTB sumiram do mapa político regional. Já o PT que é o 2º maior partido no Ceará, se tornou a legenda com mais prefeituras no Cariri, passando de cinco para 12, o que significa um crescimento de 170% , comparando as duas eleições. O PSB é o segundo partido, saltando de uma prefeitura em 2020 para oito em 2024, registrando, assim, um crescimento de 700%. O MDB ampliou de três para quatro o número de prefeitos eleitos. Enquanto isso, o PDT, quase desapareceu no Ceará, elegendo agora apenas cinco prefeitos: Antonina do Norte, Cariré, Groaíras, Potengi e Farias Brito. Em relação ao Cariri, o PDT que tinha sido o partido que mais elegeu prefeitos em 2020, caiu de 10 para três municípios, uma queda de 70%.
No Cariri, o protagonismo do PSB e do PT foi marcante. Essas duas siglas travaram embates em oito cidades, com seis vitórias do PSB. Apesar do bom
desempenho do PT, seu principal dirigente, deputado José Guimarães fazia uma previsão de eleger 60 prefeitos. Mas, o PT cresceu no Ceará.

Fernando Santana está cotado para presidente
Mesmo derrotado, o deputado Fernando Santana se comportou como uma das mais importantes lideranças do PT no Ceará. Fez uma live para agradecer os mais de 70 mil votos, e não terá tempo para descansar. Já deve comparecer, nesta terça (08), a sessão na Assembléia Legislativa do Ceará. Fernando Santana chega na Alece com uma tarefa que está sendo colocada em seus ombros: a grande maioria dos 46 deputados, principalmente os 36 aliados do Abolição, defendem a sua candidatura à sucessão do presidente Evandro Leitão. Dizem abertamente que o nome de Fernando Santana é o que mais unifica a base aliada na Alece. Fernando Santana não se manifesta sobre essa eleição, cujo escolhido tende a ser de forma consensual, com aval do governador Elmano e do ministro Camilo. Porém, Fernando Santana leva uma vantagem enorme, pois quem queria tomar o controle da Alece, o senador Cid Gomes, precisa mudar os planos políticos, sob pena de ser até excluído da chapa majoritária de Elmano governador. São duas vagas de senadores e uma está definida: é de José Guimarães, do PT. A outra está no páreo, o próprio Cid Gomes, que está fragilizado, o deputado Eunicio Oliveira, e surge um nome novo: deputado federal Moses Rodrigues, cujo pai, Oscar Rodrigues, acaba de ser eleito prefeito de Sobral. Moses já conversa com ministro Camilo para o seu partido, União Brasil, apoiar a candidatura de Evandro Leitão no segundo turno. Assim, Moses acredita se cacifar para ficar com a outra vaga ao Senado.

 Zona rural dá vitória a André no Crato 
Uma virada, literalmente, nos últimos instantes da apuração, manteve o projeto de governo conduzido pelo prefeito Zé Ailton Brasil (PT) no Crato. Zé Ailton, que apoiou André Barreto (PT), teve que assumir erros e contar com o aval do ministro Camilo Santana para corrigir os rumos na futura administração a ser liderada por André Barreto. Deu certo, porque Camilo prometeu apadrinhar a população para reavaliar o contrato com a Ambiental e refazer o estádio Mirandão. Com a minimização dos impactos negativos na sede do Município, a equipe do prefeito Zé Ailton e o então candidato André Barreto fizeram a diferença na zona rural, onde o candidato da oposição, Aloísio Brasil (União), não tinha acesso. Havia a expectativa de um enfrentamento eleitoral a favor de Aloísio, com a colaboração do ex-prefeito Ronaldo Mattos, que ainda manteria influência na zona rural. Prevaleceu a força do Estado. E do ministro Camilo. André Barreto sabe que seu governo tem a obrigação e precisa honrar os compromissos públicos de Camilo.
 
Guilherme se consolida como a maior liderança
A vitória acachapante do prefeito Guilherme Saraiva, em Barbalha, impressionou a todos que não havia entendido que o jovem médico tinha se tornado numa poderosa liderança política de Barbalha. Guilherme Saraiva conduziu com maestria a sua reeleição. Não deu chance ao azar. Não cometeu erros, e comandou a sua campanha sempre com muita humildade e evitando os embates desnecessários, com uma liderança oposicionista que perdeu a capacidade de convencer o eleitorado. O povo mostrou estar cansado do discurso vazio, das agressões improdutivas, e afirmou preferir um prefeito que entrega. Um administrador que apresenta resultados e aceita as cobranças de sua gente, por saber que é um empregado do povo. Essa maturidade do prefeito Guilherme Saraiva surpreendeu ao ministro Camilo, pois não teve nenhuma preocupação com as eleições em Barbalha, bem diferente de Juazeiro do Norte e do Crato, onde Camilo foi obrigado a se envolver pessoalmente, cumprindo as mais diferentes agendas nos dois municípios. Em Barbalha, a organização da campanha do prefeito Guilherme recebeu a aprovação das urnas, onde a reeleição venceu com expressivos 23.970 votos, contra apenas 17.220 do candidato da oposição. Isso significa uma maioria expressiva de 58,19% contra 41,81%. Uma frente de 16,38 pontos percentuais. Ou a impressionante diferença de 6.750 votos. Ao saber do resultado, tanto o governador Elmano quanto o ministro Camilo aplaudiram o prefeito Guilherme Saraiva. E atestaram: esse tem futuro político, pelo talento e pela liderança que se tornou em Barbalha.

Disse me disse…
O vereador mais votado de Juazeiro do Norte foi Felipe Vasques, que arrebentou nas urnas: obteve 6.670 votos. E em segundo lugar com uma votação empolgante foi Lukão, com 5.926 votos. São dois dos 14 novos vereadores. Apenas sete se reelegeram.

O resultado das urnas em Juazeiro impôs uma derrota fragorosa a quase todos políticos tradicionais do Município. A lista de derrotados é extensa. Só escapou o ex-prefeito Manoel Salviano, que apoiou a reeleição do prefeito Glêdson.
 
A dedicação do deputado federal Yury do Paredão, na campanha de Fernando Santana, em Juazeiro, impressionou o ministro Camilo, e esse fato ajuda - e muito - a sua reeleição em 2026.
 
Para eleger Fernando Santana, Yury abandonou suas bases no Ceará, mas, mesmo assim, ainda elegeu 22 prefeitos no Ceará, como Dr. Vilmar em Acopiara.

Quem sai arranhado da disputa de Juazeiro é o ex-prefeito Raimundão. Terá dificuldades com a candidatura de Davi Macedo em 2028.
 
Raimundão acabou deixando suas bases sem atenção e perdeu, entre outras, Aurora, seu berço eleitoral. E não conseguiu a reeleição do prefeito Marcondes Ferraz, em Saboeiro.

Arnon Bezerra é outro derrotado na disputa em Juazeiro, que faz contas para definir se ele é candidato à Câmara Federal ou lança o filho, Pedro Bezerra.

Desculpa a ignorância, a mosca azul vai picar o prefeito Glêdson para que concorra ao Abolição em 2026?