Quatro fósseis de grande relevância científica e histórica estão prestes a retornar ao Brasil, após décadas fora do país. As peças, que integravam o acervo de um museu na Alemanha, devem chegar ainda neste mês ao Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens (MPPCN), em Santana do Cariri. Entre os itens repatriados, há exemplares originários da Bacia do Araripe, uma das mais importantes regiões fossilíferas do mundo.

Os fósseis estavam sob guarda do Landesmuseum Hannover (Museu Estadual de Hannover) e tiveram a devolução formalizada a partir de negociações diplomáticas entre instituições brasileiras e alemãs. O acordo foi celebrado em junho, durante um encontro realizado em Berlim, com participação da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece) e representantes do governo federal.

Com o termo de devolução formalizado, a Universidade Regional do Cariri (Urca) contratou uma empresa especializada para realizar todo o processo de importação, incluindo seguro internacional, armazenagem e transporte das peças. O custo total do translado foi de R$56 mil. No museu, as peças passarão por processos técnicos de curadoria, catalogação e documentação, recebendo registros oficiais que irão integrar definitivamente o acervo da instituição.

O conjunto repatriado reúne fósseis que representam tanto o reino animal quanto o vegetal. Entre eles está um exemplar do peixe Vinctifer comptoni, espécie que viveu há cerca de 115 milhões de anos na Formação Santana, na Bacia do Araripe; um peixe Notelops, de nadadeiras raiadas, que habitou o Nordeste brasileiro há aproximadamente 110 milhões de anos; um tronco silicificado de uma planta gimnosperma, vestígio da flora primitiva do período, que chama atenção pelo porte: a peça pesa cerca de 150 quilos, e por fim, um mesossaurídeo (Mesosaurus tenuidens ou Stereosternum tumidum), réptil aquático que viveu há cerca de 280 milhões de anos na Bacia do Paraná, no período Permiano.