Os perigos dos jogos on-line no Cariri
Nenhum familiar percebeu os traumas vivenciados pela vítima
Foto: Divulgação.
Regy Santos
10/09/24 14:00

Jogo do Tigrinho, Bets ou casas de apostas, são inúmeras as opções de jogos on-line disponíveis na rede. O espaço virou um verdadeiro cassino virtual. A lei que regulamenta as apostas on-line no Brasil foi sancionada no início deste ano de 2024. Na prática, as casas de apostas on-line continuam a existir, mas com algumas regras. A regulamentação impulsionou ainda mais a prática.

Casos como o da vendedora Ângela Maria Camila da Paz, de 39 anos, de Missão Velha, que contraiu dívidas de cerca de R$ 100 mil reais e tirou a própria vida em consequência das pressões ocasionadas pelo vício nos jogos de azar, chamam atenção para os perigos oferecidos por plataformas que, aparentemente, foram feitas para entreter. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o jogo compulsivo é como uma doença e se assimila a dependência de álcool.

Até o falecimento de Ângela Maria, em dezembro de 2023, nenhum familiar percebeu os traumas vivenciados pela vítima, por meio dos jogos. Jessica Lobo, irmã de Ângela, conta que a família não tinha ideia do problema. “A gente não percebia porque, infelizmente, os jogos corrompem e a pessoa acaba mentindo para a família”, explicou.

Após a perda da irmã, Jessica foi para a internet contar o que tinha acontecido e acabou se surpreendendo com a quantidade de pessoas que a procuraram, relatando estar passando pelo mesmo problema. A partir daí, surgiu o Instituto Renascer, um grupo dedicado a ouvir pessoas e tratar os problemas causados pelos jogos de azar da internet. “Eu decidi criar uma comunidade. Hoje, eu tenho um psicólogo e um terapeuta que me ajudam voluntariamente. Eu tenho, hoje, um projeto de criar um aplicativo para ajudar essas pessoas”, afirma.

Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, em julho deste ano (2024), aponta que o Brasil possui uma média de dois milhões de pessoas viciadas em jogos. Ao ouvir inúmeros relatos, entre jovens, adultos e outras faixas etárias, Jessica afirma que grande parte das pessoas que acabam se endividando com os jogos de azar são da região nordeste. “É muito frustrante. É muito doloroso ver que uma região tão carente como o nordeste é a mais atingida, porque as pessoas buscam ali uma fonte de renda e acabam adoecendo”, lamenta.

Para Jéssica, o poder público tem uma grande responsabilidade sobre o problema das pessoas que vivem o vício e amargam as dívidas ocasionadas por ele. “Elas (as autoridades políticas, jurídicas e da segurança) podem ajudar, dando suporte para que as pessoas tenham tratamento, já que liberaram, nada mais justo que busquem uma solução”, concluiu.

Ajuda

O Instituto Renascer atende de forma on-line. O endereço da página no instagram é: @institutorenascer. O contato direto com Jessica Lobo, fundadora e palestrante do grupo, também pode ser feito pelo seu instagram: @eujessicalobo.

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