Os obstáculos enfrentados pela polícia feminina no Cariri
A profissão é considerada truculenta
Foto: SSPDS.
Regy Santos
02/07/24 13:36

De acordo com dados recentes, divulgados pelo Fórum de Segurança Pública, as mulheres representam 12,8% do efetivo da Polícia Militar. Os números colocam em evidência o déficit desse gênero atuando na profissão, quando comparada à quantidade de homens ocupando o cargo. No Ceará, a Polícia Civil do Estado (PCCE) atua com 1.191 policiais femininas, sendo 163 delegadas, 474 escrivãs e 554 inspetoras. Já o efetivo de policiais militares conta com 1.500 mulheres em todo Estado. Destas, 46 fazem a segurança na região do Cariri.

Trabalhando em uma das cidades que compõem o triângulo Crajubar, Samara Alves, 3ª Sargento do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPPRAIO) de Barbalha, afirma que independente do gênero, a profissão é desafiadora e muito satisfatória. “Ser mulher Policial Militar é um desafio constante. O dia a dia de serviço nos instiga a sermos mais corajosas, mais inteligentes e sabermos nos impor perante a sociedade”, explica.

A profissão é considerada truculenta, especialmente nos casos do efetivo que trabalha na linha de frente. Para a Sargento Samara, existem muitos desafios para as mulheres que entram na segurança pública. “Esses desafios começam no ambiente doméstico, com as inúmeras atribuições, como ser esposa, mãe e dona de casa. Saindo do limites da vida doméstica, a predominância masculina na PM e os inúmeros preconceitos que a sociedade patriarcal impõe às mulheres na profissão, são dificuldades encontradas pelo sexo feminino”, explica a sargento do CPPRAIO.

Mesmo após muitas já terem superado as barreiras impostas, com resistência, força e determinação, ainda existem dificuldades a serem ultrapassadas. “Dentre alguns desses desafios, vale ressaltar o preconceito ainda existente por parte da sociedade, que duvida da capacidade profissional das policiais femininas”, destaca a soldado da PM, Polyana Lago, componente da 2ª Companhia do Batalhão de Polícia de Meio Ambiente do Cariri.

Em Juazeiro do Norte, a soldado da Polícia Militar, Ana Clara, que compõe a Força Tática da 1ª Companhia do 2º Batalhão, conta que em diversas ocorrências, é necessário se impor mais do que policiais do sexo masculino, para obter o respeito dos envolvidos. “Apesar disso, é notório o costume nos olhares, ao verem policiais femininas compondo as viaturas”, completou.

Soldado Ana Clara reconhece o longo caminho a ser percorrido na profissão, mas se sente realizada com tudo que já foi conquistado. “Muitas pessoas ainda não conseguem enxergar a importância da nossa contribuição para o serviço diário da corporação, pois nos vêem como sexo frágil. Mas isso não reduz a nossa relevância para cada integrante da sociedade, especialmente para as mulheres”, finaliza a policial. 

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