ONG Beatos recebe artistas em programação especial
Momento foi registrado e será exibido pela TV
Foto: Dora Moreira
Joaquim Júnior
03/08/21 11:00

A ONG Beatos, localizada em Crato, foi palco do encontro entre grandes nomes da cultura local. João do Crato e Na Base da Chinela, Coletivo Cantando Marias e Rafael Vilarouca apresentaram, respectivamente, os projetos “Remoenda”, Nasceu Marias” e Sanctoriun”. O momento foi registrado dentro do Festival Online Festa do Sol e o resultado poderá ser conferido no Episódio Vênus, no programa Sistema Solar, que será exibido pela TV Ceará, no próximo sábado (07). Ao todo, foram realizados nove episódios ambientados em espaços culturais pelo estado, dentro do Festival, que é resultado da ação da Lei Aldir Blanc no Ceará.

De acordo com o cantor João do Crato o show “Remoenda” traz bases mais nordestinas e regionais. Como pontuou, o projeto oportunizou o trabalho junto ao Na Base da Chinela, grupo que, como ilustra João, tem um trabalho consistente com a música regional e é conhecedor do universo da música como um todo. “A gente tem uma expectativa muito grande com essa apresentação, porque o Festival Festa do Sol tem uma amplitude muito grande. Mobilizou quase 200 artistas pelo estado”, afirma. Aos espectadores que verão a transmissão pelo Festival, João do Crato espera que percebam o significado do “Remoenda” como uma questão de valorizar a música regional do Nordeste e os músicos do seu território com uma proposta alegre, divertida e performática. “Tem uma conotação bastante regional, mas também uma conotação universal, pela maneira como o grupo se apresenta em cima do palco. Acho que esse é o grande diferencial do ‘Remoenda’”. O artista se mostra confiante na possibilidade de levar o show presencial, em um período pós- -pandemia, ao público. “Vai ser uma nova emoção, uma nova sensação”, enfatiza.

Com o show “Nasceu Marias”, o Coletivo Cantando Marias apresenta um pouco da proposta do grupo, que surgiu em 2019, a partir da união de mulheres negras de diferentes lugares, contextos e linguagens. Juntas, elas se encontram com o desejo de partilhar dos saberes cantados e encantados das mestras cantoras e compositoras do Cariri. O espetáculo nasceu ainda em 2020, após ser idealizado, organizado e realizado pelas artistas Fatinha Gomes, Maria Macedo, Alda Maria, Leidiane Pereira e Jaque Rodrigues, com o apoio de nomes como Eliana Amorim, Renata Felinto e Edceu Barbosa. Algumas Mestras são protagonistas dessa ação: Mestra Zulene Galdino, Mestra Edite e Mestra Raimunda do Coco da Batateira, Mestra Maria da Santa e Mestra Marinez.

“Durante o espetáculo, as cinco mulheres envolvidas na performance cantam e contam as melodias e histórias, acompanhadas apenas de instrumentos percussivos. Assim, o ‘Cantando Marias’ busca, por meio da música e da contação de histórias, estabelecer uma relação de memória com as obras das mestras da região, as quais vivenciamos nossas trocas afetivas. Nossa meta é trazer essas mestras para dentro desse nosso espetáculo, seja em corpo ou em memória, pois é através da existência dessas mestras que o Cantando Narias surge”, explicam.

Nas artes visuais, o artista visual e fotógrafo Rafael Vilarouca apresenta a videoinstalação “Sanctoriun”. A primeira imagem feita da série de fotografias que constituem o projeto foi feita ainda em 2010: uma imagem quebrada de um santo levantada ao céu. “O ‘Corpo Santo’ surge da confluência de pensamentos que envolvem o pensar a representação dos corpos, ao mesmo tempo que pensa a formação das identidades”, explica Rafael. Ele conta que, enquanto fotógrafo, começou a investigar e perceber trâmites e lugares que fazem parte da identidade local. Como aponta Rafael, ao mesmo tempo em que a cidade de Juazeiro é marcada pela religiosidade, ela está em constante movimento urbano, em que ruínas se aglomeram nas próprias construções. Nestas, muitas vezes, estão presentes imagens quebradas dos santos – imagens que ele acompanhou a jornada desde que foram deixadas em espaços religiosos ao processo final, quando são recolhidas pela igreja, trituradas e misturadas ao adubo. Na videoinstalação, o trabalho se encaixa no espaço da ONG Beatos e integra uma simbiose entre o que já existe lá e o trabalho do artista. Entre estandartes com imagens dos santos quebradas, em que era possível passar entre elas, houve referência à realidade cotidiana das pessoas no universo apresentado. Dessa forma, imagens fixas e em movimento se encontraram e se adequaram na ocupação.

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