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Municípios montam força-tarefa para tentar barrar variante Delta
Potencial de transmissibilidade da Delta é 2,5 vezes maior do que o vírus inicial
Foto: Thiago Sousa
Joaquim Júnior
17/08/21 8:30

Das cinco regiões de saúde do Ceará, o Cariri é a única região que ainda não confirmou casos da variante Delta do coronavírus. Na última semana, o primeiro caso de transmissão comunitária no estado foi identificado no município de Icó. Diante do aumento de confirmações da variante no Ceará, que tem potencial de transmissibilidade 2,5 vezes maior do que o vírus inicial, os municípios da região iniciaram força-tarefa para conter a transmissão. A vacinação e os cuidados com a prevenção continuam sendo apontados como essenciais para vencer a pandemia. Somente em Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, já foram aplicadas 204.242 primeiras doses da vacina, 75.840 segundas doses e 8.528 doses únicas. De acordo com a Secretaria da Saúde, os principais sintomas da nova variante incluem tosse, febre, coriza, mal-estar e dor de cabeça, garganta e muscular.

Henrique Albuquerque, coordenador da Vigilância Sanitária de Barbalha, contou que, desde a semana passada, uma barreira sanitária foi instalada na rodoviária local, ao lado da qual há um trailer montado com equipe formada por diferentes órgãos. “É um trabalho realizado com base no horário de embarque e desembarque desses ônibus”, explica. Os passageiros que desembarcam advindos de estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Maranhão, estando ou não com a covid, são aconselhados a realizar a autoquarentena de 14 dias. Pacientes com sintomas característicos da variante realizam teste Swab de antígeno e, em caso positivo, é realizado o exame RT-PCR, que é encaminhado para verificação da variante. A testagem é feita tanto por passageiros sintomáticos como por amostragem, em que são testadas 20% das pessoas que chegam. Além disso, os passageiros preenchem uma ficha de monitoramento e assinam um termo de compromisso sanitário para que seja feito monitoramento dessas pessoas.

Dhiones Gomes, gerente em Vigilância em Saúde no Crato, conta que as barreiras sanitárias foram montadas na sexta-feira (13), no Terminal Rodoviário. “A ação, de educação e saúde, é feita dentro do ônibus que chega ao Município”, explica. Lá, os passageiros preenchem questionário epidemiológico, em que sinalizam se possuem sinais e sintomas gripais. Caso sim, são encaminhados para testagem. Independente de sintomas, ele diz ser feita amostragem com cerca de 20% da quantidade dos passageiros que chegam. A autoquarentena de 14 dias também é aconselhada.

Em Juazeiro do Norte, as barreiras foram iniciadas na sexta-feira, com ações similares às orientações que são postas em práticas pelos municípios de Crato e Barbalha. Além de rodoviária, Juazeiro possui o Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes, com voos para diferentes regiões do país. Na última semana, o Governo do Ceará, representado pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE), teve acatado, pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), pedido para comprovação de exames ou de vacinação contra a doença antes do embarque aéreo. Contudo, alguns dias depois, o TRF-5 derrubou a liminar de exigência. O governador do Ceará, Camilo Santana, se pronunciou pelas redes sociais: “Decisão Lamentável. Nosso único objetivo tem sido preservar a vida dos cearenses e de quem nos visita. Essa é a nossa prioridade absoluta”, afirmou, ao dizer que o Estado do Ceará iria recorrer.

Entenda sobre a variante

A médica infectologista Melissa Medeiros, que atua no Hospital São José e Hospital São Raimundo, explica que o vírus é composto de “pedacinhos genéticos”, que são compostos de aminoácidos e têm uma constituição. O vírus tem um receptor, chamado de proteína S ou Spike, que é de superfície, que se liga às células humanas. Com a constituição, o vírus vai se multiplicando e, nesse processo, existe a chance de erro durante a multiplicação, o que pode construir outros vírus, mas com modificações. Quando se modificam nessa proteína S, que se liga às células do corpo, ela pode ficar com um pouco mais de sensibilidade, se tornando mais afim, o que implica diretamente na transmissibilidade. Devido a esses fatores, conforme a médica, a variante Delta é a que mais preocupa no mundo inteiro, porque já se torna hoje a variante prevalente das infecções mais novas que a gente tem hoje. “Geralmente, ela consegue infectar 2,5 vezes mais do que uma variante mais antiga”, destaca.

“O grande diferencial da variante Delta é que ela tem uma taxa de afinidade, ela consegue se ligar muito mais facilmente aos nossos receptores celulares do que as variantes antigas” alerta, ao citar que o fato assusta devido a já termos passado por colapso do sistema de saúde durante as curvas anteriores. Melissa Medeiros destaca, ainda, que em alguns países, mesmo com alta taxa de vacinação, está sendo registrado aumento no número de infecções. “Embora o que a gente tenha percebido é que, mesmo com a vacina não protegendo das novas infecções, a gente tem visto uma redução drástica tanto nas internações como na mortalidade”, menciona, ao dizer que o que vai realmente impactar não ser registrada uma mortalidade tão alta e não precisar colapsar o sistema com tantas internações é a vacinação. “É o que a gente espera que aconteça se a gente conseguir caminhar para uma vacinação bem mais ampla, como a gente está caminhando”, realça, ao lembrar que as medidas de prevenção devem permanecer sendo seguidas.

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