Jornal do Cariri
Mulher trans brilha como rainha em quadrilha junina caririense
No último final de semana, ela conquistou o prêmio de Melhor Rainha nas competições de Barbalha e Juazeiro do Norte
Foto: Pedro Henrique
Joaquim Júnior
20/06/23 10:00

De origem europeia e com influências brasileiras, as quadrilhas são, atualmente, uma das atrações mais aguardadas das festas juninas. No Cariri, Adriely Dias dá sequência à tradição secular e marca seu nome nas páginas da história ao se tornar uma das primeiras mulheres trans a serem coroadas como Rainha em quadrilha junina. Uma coisa é certa: ao que depender do carisma, do talento e da disposição que ela entrega, muitos capítulos dessa história repleta de cor, brilho, dança e música ainda estão por vir.

Natural de São Paulo, Adriely mora em Juazeiro do Norte há 17 anos – e foi em meados do ano de 2013, ao ver pela primeira ver a Quadrilha Nação Nordestina e ter contato com a então Rainha do grupo, que de fato surgiu o encanto. “Eu assistia ela dançando e isso me encantava muito. Era um sonho pra mim estar ali. A dança me motivava!”, relembra. Após ser convidada para dançar num antigo grupo e ser, finalmente, escolhida como Rainha, atualmente ela carrega a coroa na Nação Nordestina, grupo que a fez se apaixonar pela arte junina.

Foto: Pedro Henrique

“Comecei bem cedo como Rainha G, onde eu fui apontada por várias coisas e inúmeras vezes sempre fui desmotivada por pessoas, mas sempre seguindo em frente em busca de um sonho”, relata, ao citar que, hoje em dia, há várias quadrilhas com mulheres trans como Rainhas – o que considera extremamente necessário para elas e para o movimento LGBTQIA+ como um todo.

O ano de 2023 é o primeiro dela como Rainha na Nação Nordestina. “Eu sou muito grata a todos que me ajudaram e me ajudam até hoje. Tenho pessoas que realmente estão ali sempre comigo: meu presidente Jhone Barros; Victor Lima, que me ajuda bastante; Ítalo e muitas outras pessoas que merecem respeito por tudo o que eles têm feito por mim. Eu sou eternamente grata a todos!”.

Ter chegado até aqui e ocupar o espaço em que se encontra ainda é, para Adriely, difícil de acreditar: “até hoje eu não acredito de fato que estou ali. Só quem dança São João sabe como é dançar, ser um destaque, ver inspirações dançando... Isso nos motiva demais e é o que sempre levo”, conta, ao dizer que leva o máximo de pessoas que a inspiram para dentro das quadras.

“O que eu posso falar sobre sonhos? É acreditar e nunca deixar que ninguém te diminua por você ser quem você é! Às vezes a gente precisa colocar na nossa cabeça que hater não nos leva a nada e que a gente tem que saber lidar com qualquer crítica, seja ela construtiva ou não. Seja sempre você, dê sempre o seu melhor e valorize pessoas que te ajudam. A gente não chega lá sozinho, a gente sempre tem que valorizar as pessoas que estão conosco. Nunca desistam dos seus sonhos! Por mais que eles pareçam difíceis, uma hora a gente chega lá!”, finaliza Adriely Dias.

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