Mães se unem por tratamento com a Cannabis medicinal
Foto: Arquivo pessoal
Luan Moura
07/09/21 17:00

Um encontro virtual, realizado pela Associação das Mães Escolhidas (Ame), reuniu ativistas, professores, pesquisadores, políticos, além da sociedade civil, via plataforma do Google Meet. Na pauta, foi discutida a busca por garantir que o tratamento terapêutico por meio da Cannabis medicinal seja alcançado por todos na região do Cariri. O óleo da erva auxilia no tratamento de doenças como epilepsia refratária de difícil controle, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Alzheimer, Parkinson, glaucoma, câncer, doenças crônicas, entre outros problemas de saúde.

Criada em janeiro de 2016, a Ame é formada por um grupo de mulheres que tem o propósito de acolher, apoiar e dar suporte às famílias de deficientes da região do Cariri. A entidade já atua à frente de pautas como o direito das crianças com deficiência à educação e à assistência social, bem como oferece atendimento médico e jurídico às famílias. Agora, as mães irão buscar junto ao Legislativo de Juazeiro do Norte, um Projeto de Lei de apoio aos pacientes que fazem uso desse tratamento, e parcerias com universidades para testar o óleo da Cannabis. A doação de um terreno para ser a sede da Ame, local que servirá de reabilitação e centro de pesquisa com o óleo, também foi debatida na reunião.

A juazeirense Arleth Almeida tem um filho de 20 anos com paralisia cerebral, que faz uso da Cannabis há três anos. Ela conta que, antes da Cannabis, ele tinha muitos espasmos incontroláveis, usava vários medicamentos alopáticos, mas após a introdução da Cannabis, as dores da alma e do corpo vêm amenizando. “A maconha foi a decisão mais acertada que tomei”, afirma a mãe, que hoje é a única na região do Cariri a possuir o HC, uma espécie de Habeas Corpus em que a Justiça autoriza o cultivo e a extração da maconha, sem o risco de ser apreendida. “Comecei a ver um cenário caótico aqui na região, então vi que era hora do Cariri cearense chegar ao cenário nacional para preencher a grave lacuna provocada pelo estado de ilegalidade da Cannabis, fato pelo qual grande número de pacientes em potencial encontra-se privado de seus benefícios terapêuticos”, conta. Arleth explica que um dos seus objetivos era, mais tarde, que outras crianças pudessem fazer uso do mesmo benefício, mas identificou que a demanda era muito maior. “Com o passar do tempo, percebi que a demanda não era mais só crianças, pois recebia diariamente mensagem para o tratamento e os pacientes aumentando. Hoje, temos pacientes adultos, com várias patologias, e os relatos são impressionantes”, ressalta.

Ao todo, a entidade tem 120 associados das cidades do Cariri, e também fora dele. A maioria dos pacientes é de Juazeiro do Norte, mas também têm pessoas do Crato, Barbalha, Iguatu, Nova Olinda, Santana do Cariri e Piquet Carneiro. Uma das urgências da associação é um maior diálogo com o poder público e o Legislativo, para conseguir um Projeto de Lei que institua um dia de conscientização sobre a importância da Cannabis medicinal em Juazeiro do Norte, dada a dificuldade de acesso ao tratamento no Brasil, em virtude do alto custo. Em sua observação, o melhor caminho é que as mães possam cultivar e extrair o óleo, já que muitas não têm recursos suficientes para comprar o medicamento na indústria farmacêutica. “A nossa intenção é fazer a produção do óleo de forma coletiva para distribuir às famílias associadas que não têm condições. Para isso precisamos de apoio, colocar em pauta o tema. Nunca o direito à vida é polêmico, como a maioria das autoridades que procuramos pedir apoio nos disse”, relata.

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