A história de Juazeiro do Norte tem início a partir de um evento religioso: o milagre da hóstia que se transformou em sangue. Entregue pelas mãos do Padre Cícero, a transubstanciação do alimento sagrado tem como protagonista uma mulher invisibilizada no folclore juazeirense: a Beata Maria de Araújo. Ainda em 2017, Priscila Ribeiro, doutora em Ciências das Religiões, desenvolve a ideia de pesquisar a história da religiosa, que morreu enclausurada e silenciada em 17 de janeiro de 1914.

Intitulado “O tempo do silêncio acabou: Beata Maria de Araújo”, o livro conta a história de Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo, sob uma perspectiva de rememória da vida e importância do conhecimento sobre a mulher que concedeu a Juazeiro do Norte um milagre que perdura até hoje. Priscila Ribeiro redige a obra sob o enfoque da invisibilidade de Maria de Araújo, além das injustiças que lhe foram cometidas ainda em vida.

“Eu me apaixonei pela Sociologia da Religião ainda na graduação, depois fiz mestrado sobre o assunto. Quando chegou o doutorado, ficou uma incógnita: qual seria a minha pesquisa? Além de religião, eu estudava sobre gênero há algum tempo e em uma palestra do teólogo Leonardo Boff, que falou sobre a importância da beatificação da Beata, eu tive um insight: estudar religiosidade sobre uma mulher, a Beata Maria de Araújo”, relembra.

O tema fez parte do Enem 2022, em uma questão que referenciou os lugares místicos e as experiências do catolicismo popular. A obra pode ser adquirida pela internet (www.beatamariadearaujo.com.br), e terá nova reimpressão em fevereiro deste ano. Na última terça-feira (17) foi realizado um seminário em memória ao aniversário de morte da religiosa. “O aniversário de morte dela entrou no calendário de romaria e isso é muito importante, mas é preciso também que entre a data que ocorreu o milagre, dia 1º de março. É muito importante estar nos espaços falando sobre a Beata”, finaliza Priscila.