Na avaliação do vereador Pedro Januário (Janu, do Republicanos), alguém da administração Glêdson Bezerra está recebendo propina para que o Instituto Diva Alves do Brasil (Idab) permaneça operando em Juazeiro do Norte. O Idab é responsável pela administração do Hospital e Maternidade São Lucas e da UPA do Limoeiro. Além de esta ser, para o vereador, a única explicação plausível para que a gestão municipal mantenha o contrato após uma série de denúncias feitas na Câmara Municipal, o parlamentar diz ter o nome de alguém que “receberia um retorno da Idab, para que ela continue fazendo uma péssima administração nesses dois equipamentos de saúde de Juazeiro do Norte”.

As denúncias contra o instituto já possuem mais de um ano. As principais acusações dizem respeito a superfaturamento em notas fiscais e compras de medicamentos, aluguel de duas ambulâncias enquanto apenas um veículo atendia às duas unidades de saúde - uma ao valor de R$ 18 mil e a outra por R$ 22 mil, totalizando R$ 40 mil mensais - e pagamentos superiores a R$ 8 mil para o serviço de transporte por aplicativos. As investigações empreendidas pelos vereadores Capitão Vieira Neto, que está afastado, e Janu foram encaminhadas a órgãos de segurança e fiscalização, a exemplo das polícias Civil e Federal, do Ministério Público do Ceará e o Federal, bem como ao Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE).

As denúncias mais recentes envolviam a saúde de pacientes, de modo especial aos recém-nascidos na maternidade do Hospital São Lucas. “NA UTI [pediátrica], as incubadoras estavam sem motores, em outras os aquecedores não estavam funcionando e não tinha o suficiente para as crianças”, afirma o vereador Janu. O parlamentar também relembrou a morte de uma gestante, ocorrida no final de dezembro passado. “Sem falar em óbito que teve lá de pessoas que chegaram no final de semana e não tinha profissional para fazer um exame, uma ultrassom obstétrica”.

Esta semana, o vereador Janu prestará depoimento, junto ao Ministério Público do Ceará, sobre as denúncias que ele apresentou aos órgãos citados acima. “Diante de tanta denúncia, de tanta coisa apresentada e materialmente comprovada, a gente fica sem entender o porquê de a gestão não fazer nada”, argumenta Janu. Ele ainda ressalta que a reunião realizada entre uma comissão de vereadores com a secretária de Saúde, Francimones Rolim, e o procurador-geral do Município, Walberton Carneiro, não surtiram efeitos em termos de decisões mais incisivas contra o Idab.

“Com certeza, tem alguém ganhando retorno e está segurando a Idab aí no poder. Só temos rumores sobre essa pessoa, e ainda não podemos confirmar. Já estamos fazendo um trabalho minucioso, para que possamos chegar a quem está pegando esse retorno do Idab, para que ela continue fazendo uma péssima administração nesses dois equipamentos de saúde da cidade de Juazeiro”, conclui o parlamentar.

O Jornal do Cariri manteve contato com a Secretaria de Saúde de Juazeiro do Norte por meio da assessoria de comunicação, na segunda-feira (28), mas não houve retorno da secretária em tempo hábil. Conseguimos contato com o procurador-geral, Walberton Carneiro, mas este sugeriu procurarmos a gestora da pasta, Francimones Rolim, para tratar sobre o assunto, visto que ela é quem está à frente da situação. Em 2021, a gestão municipal promoveu uma auditoria de modo a identificar irregularidades na prestação de contas do instituto sobre os recursos repassados pelo Município, chegando, inclusive, a bloquear R$ 1 milhão em repasses em setembro.