Jornal do Cariri
Instituições de ensino têm cerca de 30 alunos surdos
Profissionais pedem mais inclusão e oportunidades por parte da sociedade
Foto: Divulgação
Joaquim Júnior
02/04/21 11:00

Durante o período de pandemia, as aulas remotas ganharam espaço e aproximaram professores e alunos – inclusive os da comunidade surda, que enfrentam dificuldade no processo educacional devido a problemas de acessibilidade. No Cariri, a Associação de Profissionais Intérpretes de Língua de Sinais da Região Metropolitana do Cariri (APILSMC) possui 16 intérpretes de Libras associadas. A intenção é contabilizar quantos profissionais atuam na região. Na Universidade Federal do Cariri (UFCA), Instituto Federal do Ceará (IFCE) campus Juazeiro e Universidade Regional do Cariri há 20 alunos surdos matriculados atualmente.

Soraya Almeida, presidente da Associação, cita que, no período de pandemia, em que as aulas acontecem pela internet, existem impasses como o acesso às tecnologias assistivas no tocante à inclusão e à acessibilidade em Libras e as redes de internet ainda precárias. Sobre um maior incentivo à acessibilidade por parte do poder público, ela cita a contratação suficiente de intérpretes de Libras; além da oferta de formações continuadas; remunerações justas e condições para atuações nas interpretações com qualidades reais para que sejam bem compreendidas.

Atualmente, a UFCA, que possui o curso de Letras-Libras, conta com nove alunos surdos na instituição. De acordo com a Secretaria de Acessibilidade (Seace/ UFCA), na instituição há quatro servidores efetivos que atuam como tradutores intérpretes e três tradutores intérpretes de Libras/Português, além de outros três contratados temporariamente. “A UFCA se esforça para ampliar continuamente a oferta de conteúdos em Libras, sem se restringir à mera tradução dos conteúdos de aulas e/ou material didático”, informa o setor.

No IFCE, conforme repassado pela assessoria de comunicação, o campus em Juazeiro do Norte possui oito estudantes surdos enquanto que, em Crato, não há nenhum. Sobre a falta de intérpretes na instituição, o IFCE afirma que “o problema inicial é que o Decreto 10.185/2019, de 20 de dezembro de 2019, proibiu a abertura de concursos públicos e a nomeação de servidores em diversos cargos nos Institutos Federais, entre eles o de Tradutor Intérprete de Linguagem de Sinais. No momento, o IFCE está organizando um processo licitatório para contratação do serviço de forma terceirizada, que deverá atender a todos os campi da instituição, e estamos buscando formas de financiamento, já que os sucessivos cortes orçamentários têm dificultado a contratação de novos serviços terceirizados”.

Por sua vez, na Urca, que conta com o Núcleo de Acessibilidade (NUARC), há três alunos surdos matriculados. Rerbelânia Pereira, professora de Libras, destaca que, ao contrário do que algumas pessoas pensam, quando se fala de acessibilidade e inclusão, não se fala especificamente das pessoas com deficiência. “Uma aula ou ambiente acessível, por exemplo, significa que todos podem ser beneficiados. As instituições de ensino devem estar preparadas para receber todos. Antigamente, as pessoas com deficiência não tinham direito à educação e a ocupar os espaços sociais, ficavam trancadas em casa, isoladas. Este tempo passou, embora ainda enfrentem barreiras, elas estão ocupando o espaço que também pertence a elas, como no ensino superior”, enfatiza.

Raquel Santos, coordenadora do Atendimento- Educacional Especializado de Barbalha, conta que, no Município, há menos de dez alunos surdos matriculados atualmente. Durante a pandemia, os professores continuam com as mesmas atividades, de forma remota, on-line e chamada de vídeo. Também com as atividades impressas, onde os professores vão entregar em domicílio ou as mães recebem na Escola. “Vale salientar que as mães desses alunos surdos são atuantes e envolvidas com a Educação Escolar dos seus filhos e conhecedoras dos direitos da pessoa surda”, enfatiza Raquel.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
RECOMENDADAS PARA VOCÊ
PUBLICIDADE
RECOMENDADAS PARA VOCÊ