Jornal do Cariri
Igreja inicia processo de beatificação do Pe. Cícero nesta quarta (30)
Celebração ocorrerá na Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores
Foto: Prefeitura de Juazeiro do Norte
Joaquim Júnior
29/11/22 0:00

Nesta quarta-feira (30) tem início o processo de beatificação do Padre Cícero – que abre as portas para a tão aguardada canonização, que o reconhecerá santo perante a Igreja Católica, uma verdade que milhões de fiéis acreditam e levam consigo há mais de um século. Os sinais da proximidade do processo tiveram início com a reconciliação da Igreja com o religioso, ainda em 2015 – sete anos antes da notícia de reconciliação com a memória espiritual dele, que recebeu, também em 2022, o título de Servo de Deus.

Na trajetória, como lembra o professor Renato Casimiro, memorialista e defensor da causa, foi constituída uma Comissão formada por historiadores, teólogos, filósofos, psicólogos, memorialistas (dentre os quais Casimiro), entre outros estudiosos. O intuito era de rever a documentação que já subsidiava, desde o século XIX, a trajetória do Pe. Cícero, sob diversos aspectos. Na época, D. Fernando Panico era o bispo na Diocese de Crato.

“O extenso dossiê produzido pelas subcomissões compôs a peça fundamental – uma petição, devidamente assinada por dezenas de bispos brasileiros, que foi entregue, protocolada na Sagrada Congregação da Doutrina da Fé, no Vaticano”, relembra o professor. A partir do processo, que passou por uma jornada de trabalho a cargo de especialistas do Dicastério e convidados, foram formalizadas posições que recomendavam a Reconciliação da Igreja para com religioso e o povo romeiro. O documento chegou ao povo de Juazeiro em 2015, já assinado pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, em nome do Papa Francisco.

Sete anos depois, em 20 de agosto de 2022, a notícia da Reabilitação foi anunciada pelo atual bispo diocesano Dom Henrique Magnus: "Queridos filhos e filhas da Diocese do Crato, romeiros de todo Brasil. É com grande alegria que vos comunico, nesta manhã histórica, que recebemos oficialmente da Santa Sé, por determinação do Santo Padre, o Papa Francisco, uma carta do Dicastério das Causas dos Santos, datada do dia 24 de junho de 2022. Recebemos a autorização para a abertura do processo de beatificação do Padre Cícero Romão Batista que, a partir de agora, receberá o título de Servo de Deus".

Agora, nesta quarta (30), a Missa na Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores terá sequência com sessão pública de abertura da Causa de Beatificação e Canonização do Padre Cícero. Na ocasião, segundo Renato Casimiro, devem ser divulgados os “procedimentos que podem ser tornados públicos, com os indicativos de procedimentos, conforme os requisitos dos Dicastérios, especialmente o relacionado às Causas dos Santos, pois se trata de abrir operacionalmente um procedimento que aqui se inicia, constituindo comissões de especialistas com o propósito de percorrer um caminho que é o usual com respeito ao trato de qualquer candidato às dignidades de Beato e/ou de Santo”. O esperado é que, na mesma data, o bispo anuncie os nomes dos integrantes que comporão a jornada de trabalhos e que atuarão no ajuntamento de documentos, depoimentos e estudos. “Enfim, é o que me parece, como leigo, que será este momento importante que viveremos”, pontua Renato.

Ao integrar a primeira comissão, anos atrás, o professor diz ter ponderado humildemente ao bispo de então: “No que posso eu, tão modesto engenheiro químico, colaborar para bom êxito desta Comissão? Por muitos anos fui, e continuo sendo, reconhecido como um ‘memorialista’, alguém específica e precisamente, nada acadêmico, mas um indivíduo que se deu por muitos anos em leituras, pesquisas, buscas de documentos e que terminou por contribuir com a ‘inteligentzia’ acadêmica na produção de incontáveis textos disto que se pode tratar como o ‘estado da arte’ pela historiografia do fenômeno religioso de Juazeiro do Norte e do Pe. Cícero”, relata, ao dizer que, formalmente, não foi convidado para uma nova comissão, mas que estará disponível para continuar contribuindo, se assim for desejável.

Sobre o tempo que o processo pode levar, Renato é enfático: “Roma é eterna, e até parece que ali o tempo também é eterno, como a se dizer muito longo”, afirma. “Penso que será temerário dizer alguma coisa a respeito, mesmo a considerar a nossa pressa por algo que já poderia ter sido esclarecido no século atrasado. Mas, cometo a leviandade para dizer-lhe que uma grande Graça seria esta decisão para o dia 15/09/2027, quando estaremos agradecendo a Deus por nossa existência e, principalmente, para mais ainda louvar a nossa imensa devoção à nossa Mãe das Dores, cuja reverência nasceu entre nós, e muito mais foi engrandecida pela ação missionária do Pe. Cícero, quando assumiu, em 1872, há 150 anos, a sua missão, com sede naquela pequena Capela que aqui passou a existir em 15/09/1827”, finaliza.

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