Idab paga R$ 106 mil a médica por dois meses de trabalho
Denúncia foi feita por vereador juazeirense
Foto: Antonio Rodrigues
JORNAL DO CARIRI
14/12/21 0:00

Novas denúncias envolvendo o Instituto Diva Alves do Brasil (Idab), apresentadas na Câmara Municipal de Juazeiro do Norte, uniram vereadores de oposição e situação, com o intuito de exigir que a Prefeitura rompa o contrato que a organização social tem com o Município. O Idab é responsável, desde março, pela gestão do Hospital e Maternidade São Lucas e da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Limoeiro.

Os vereadores Pedro Januário (Janu, do Republicanos), de oposição, e Rafael Cearense (Podemos), líder do prefeito Glêdson Bezerra na Câmara, chegaram ao consenso de que o Município deveria trocar a gestão das duas unidades de saúde por outra Organização Social (OS). O caso está sob análise da Procuradoria-geral do Município, que analisa a possibilidade de um distrato ou de uma intervenção na administração dos equipamentos. O Jornal do Cariri tentou contato com o procurador Walberton Carneiro, mas ele não quis gravar entrevista, alegando que a pessoa ideal para responder sobre o assunto é a secretária de Saúde do Município, Francimones Albuquerque.

Entre as denúncias, destaca-se o salário de R$ 53 mil recebido por uma médica, em março e abril, totalizando R$ 106 mil. Os pagamentos podem ter continuado, já que os parlamentares só tiveram acesso à prestação de contas dos dois primeiros meses. “A justificativa que nos deram é que ela trabalha muito, que ela nem vai em casa, que ela fica dentro do hospital direto. Inclusive, pedi as escalas dos meses referentes [março e abril] e não me mandaram ainda. Eu tenho essas escalas, mas eu pedi só para ver se vai haver adulteração nas escalas. Eu tenho, já conferi e ela não trabalhou esses dias todos”, diz o vereador Janu.

Na documentação das prestações de contas referentes aos meses de março e abril, a oposição ainda identificou um contrato no valor de R$ 89.925,00 entre o Idab e uma empresa que fornece alimentos para o Hospital São Lucas. A contratada, no entanto, tem sede em Araripina (PE) e não indicou uma filial em Juazeiro do Norte ou cidade próxima, o que levou o vereador Janu a questionar: “Como as refeições são realizadas em Araripina, no Pernambuco, e trazidas para Juazeiro do Norte diariamente?”.

A Comissão de Saúde da Câmara Municipal visitou os equipamentos e comprovou a denúncia anterior, de que apenas uma ambulância estava à disposição do hospital e da UPA, quando o contrato previa dois veículos. A informação foi confirmada à comissão da Câmara, por uma diretora-administrativa da UPA do Limoeiro. “Ela falou que isso já aconteceu várias vezes. É lamentável porque, talvez, isso tenha até custado a vida de alguém, duas unidades de saúde terem apenas uma ambulância”, conta Janu. As investigações conduzidas pelos parlamentares também chegaram ao diretor do Hospital São Lucas, Álvaro Silva Carvalho. Ele é sócio da Med Clinic Eng & Med, empresa contratada pelo próprio hospital. “Uma irregularidade gravíssima”, classifica Janu.

Discrepâncias nos pagamentos de salários para os servidores do Hospital São Lucas também estão na mira da comissão de vereadores. Eles identificaram que o diretor-clínico recebeu pagamentos que variam entre R$ 7 mil e R$ 10 mil, além de agentes administrativos que recebem salários de R$ 1 mil e R$ 3 mil, para o desempenho da mesma função. Nas apurações, os vereadores ainda encontraram contas de água e energia da sede do Idab, em Alagoas, pagos com dinheiro do contrato entre a OS e o Município. “O dinheiro de Juazeiro do Norte está pagando contas de água e de luz desses rapazes, lá de Alagoas, onde a sede existe. Isso é um crime gravíssimo e não era para estar acontecendo. Está na prestação de contas”, destaca. Líder do governo municipal na Câmara, o vereador Rafael Cearense (Podemos) reafirmou ser contrário à gestão do Idab em Juazeiro do Norte. Ele convocou a Comissão de Saúde para emitir um parecer contra a organização, “porque é inadmissível que o Idab viva aprontando, fazendo tantas coisas absurdas e a gente não tome um posicionamento”.

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