Queimadas: ICMBio e MP alertam para fragilidade na punição dos criminosos
Para o promotor de Justiça a falha está na repressão dos criminosos
Foto: Câmara do Crato
Robson Roque
01/12/25 17:49

Uma audiência pública promovida pela Câmara Municipal do Crato, nesta segunda-feira (27), concluiu que a principal fragilidade no enfrentamento aos incêndios e queimadas criminosas no município está na repressão dos criminosos. O encontro reuniu vereadores, Ministério Público, ICMBio e Secretaria Municipal de Meio Ambiente, em meio a um cenário de queimadas que, segundo os participantes, se agravou de forma abrupta em setembro e outubro.

O vereador Luís Carlos Saraiva (PT) abriu a discussão afirmando que, embora se esperasse uma redução, as ocorrências “aumentaram abruptamente” e seguem um “padrão” que preocupa as autoridades. Os dados apresentados pelo promotor de Justiça Thiago Marques reforçaram a percepção: “Vínhamos, até julho e agosto, com índices menores que os do ano passado. Só que, em setembro e, principalmente, outubro, esses índices saltaram drasticamente”.

O promotor foi categórico ao afirmar que mais de 90% dos incêndios têm origem criminosa. “Quando alguém coloca fogo em uma área sem autorização necessária, já está praticando um crime. Sem sombra de dúvidas, mais de 90% desses casos são criminosos”, disse. Para ele, o maior gargalo é a repressão: “As ações preventivas existem, precisam melhorar, mas existem. Onde estamos falhando é na repressão”.

O promotor ressaltou a sobrecarga das equipes que atuam no combate ao fogo. Citou os limites estruturais do Corpo de Bombeiros, da Brigada Municipal e do ICMBio, responsáveis por extensas áreas de conservação. “A quantidade de focos chegou a um ponto em que, mesmo trabalhando 24 horas por dia, não daríamos conta”, afirmou. 

Ele ainda sugeriu que os vereadores pressionem o Governo do Estado pela criação de uma delegacia especializada em crimes ambientais no Cariri. O promotor encerrou alertando para a tendência de agravamento desses eventos extremos: “Temos que nos preparar para a possibilidade real de esses eventos serem mais frequentes e mais intensos”.

Representando o ICMBio, Carlos Augusto descreveu a situação como insustentável: “O ICMBio está cansado. Ninguém aguenta mais respirar fumaça. É inadmissível incêndio em área urbana”. Ele propôs ações educativas no primeiro semestre e contratação temporária de agricultores para reforçar o combate no período crítico.

O secretário municipal de Meio Ambiente, George Borges, defendeu que o Município tem atuado dentro de suas capacidades. Informou a criação de duas brigadas - uma de incêndio, com 12 brigadistas e possibilidade de ampliação, e outra ambiental, com seis integrantes. Mencionou, ainda, o uso de drones para identificação de focos e envio de denúncias à Polícia, além de ações de educação ambiental nas escolas. “O Município não está inerte. Até onde a gente pode fazer, estamos fazendo”, afirmou.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE PUBLICIDADE
RECOMENDADAS PARA VOCÊ
PUBLICIDADE
RECOMENDADAS PARA VOCÊ
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE