A direção do Hospital Regional do Cariri (HRC) relata dificuldades com a alta demanda por atendimentos de pacientes. A sobrecarga ocorre pelo atendimento de pessoas que não atendem ao perfil do hospital, voltado para média e alta complexidade. Apenas Juazeiro do Norte corresponde a mais da metade das internações (52%) e 72% dos atendimentos ambulatoriais no ano passado, cenário que permanece neste início de 2024. 

Ainda segundo a gestão do HRC, outras cidades falham pela indisponibilidade de ambulâncias, o que, com freqüência, retarda a alta do paciente e, portanto, o “giro de leito”. A expressão é usada nos hospitais, para descrever a disponibilidade de internação após a alta médica de um paciente, para que outro seja tratado. “Se chegarem quatro acidentados agora, e não tiver onde operar, a responsabilidade é minha”, argumenta o médico Giovanni Sampaio, diretor do HRC.

Giovanni revelou temer ser responsabilizado pelos atendimentos de pacientes que não cumprem o perfil. “Queremos que o povo de Juazeiro e do Cariri seja bem atendido e tenha a vida salva”, justifica. Conforme exemplo dado por Giovanni, a sala de reanimação, que comporta dois pacientes, foi usada como uma UTI improvisada e atendeu a sete pessoas na semana passada. 

A transferência de pacientes do HRC para outros hospitais da região é uma das alternativas apresentadas pela direção. Gerente de risco do HRC, Narya Brito detalha que “o hospital se encontra num estado de superlotação”, situação que ela não presenciou em 12 anos atuando na unidade. “Hoje, tivemos que cancelar todas as cirurgias eletivas que estavam previstas, por falta, realmente, de vagas. Foi chocante para mim, ver pela primeira vez, paciente no corredor. Nunca tínhamos visto isto”, relata.