Jornal do Cariri
Hospital é condenado por erro que causou morte de criança
Elise faleceu no último dia 19 de março, aos 5 anos
Robson Roque
29/03/22 14:00

Diagnosticada como tendo um rim atrofiado, a pequena Elise Bezerra foi operada em junho de 2018, quando tinha apenas um ano e 10 meses. O procedimento cirúrgico, no entanto, resultou na retirada do rim que funcionava perfeitamente. Diante disso, a família entrou com uma ação de reparação de danos morais e materiais contra o médico uropediatra Eleazar Araújo, responsável pelo procedimento, acusando-o de erro médico. O Hospital São Vicente de Paulo, onde a cirurgia foi realizada, também é alvo da ação feita pela família de Elise, que morreu no último dia 19 de março, aos cinco anos. O Hospital já foi responsabilizado em primeiro grau. Já o médico teve seu nome retirado da ação.

Desde a cirurgia, quando Elise se internou com dois rins e deixou o hospital sem nenhum deles e à beira da morte, como a família afirma, a criança foi submetida a intervenções médicas e não teve mais uma vida normal, passando a viver no hospital, para consultas e hemodiálises diárias. “Só quero a justiça para que não aconteça com outras crianças, porque a morte de Elise foi consequência de um erro grosseiro”, argumenta a avó materna, Sônia Bezerra.

De acordo com o advogado Filipe Santana, que representa a família de Elise na ação, provas documentais e testemunhais dão conta de que “a criança ingressou no hospital com ambos os rins e saiu dele à beira da morte e sem os dois após ser operada”. O advogado destaca, ainda, que a sentença em primeiro grau reconheceu o erro médico e condenou o hospital ao pagamento de indenização à família, “mas o hospital recorreu e, agora, o processo está no Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, para ser apreciado em 2ª instância”.

A família também se queixa pelo fato de o médico ter sido retirado da ação, o que impediu que ele fosse responsabilizado no momento. A expectativa da família de Elise é de que a responsabilidade do Hospital São Vicente seja reconhecida em todas as instâncias, “pois os fatos são inquestionáveis e as provas são fortes”. O advogado lamenta que o processo tenda a perdurar por tempo maior do que Elise viveu entre a cirurgia e a morte. “Há o tempo da Justiça, com suas instâncias, mas não tenho nenhuma dúvida de que haverá o reconhecimento da responsabilidade do hospital e a consequente condenação ao pagamento de indenização à família, embora não possa afirmar quanto tempo leve até esse dia. Com seu falecimento, aumenta o débito dos responsáveis com sua família. Já não há qualquer valor arbitrado que possa reparar a perda sofrida pela mãe, irmão e toda a família”, conclui Filipe Santana.

Em nota enviada ao Jornal do Cariri, a direção do Hospital São Vicente disse que “lamenta profundamente esse fato, e repassa os mais profundos sentimentos à família enlutada”. O hospital ressalta que o processo está em fase de recurso feito pela entidade e diz acreditar na Justiça, e que “obedecerá a suas decisões até final deslinde da situação, não comentando processo que seguem em tramitação”. O JC também tentou falar com o médico citado pela família, por meio de contatos disponíveis na internet, ligando e deixando mensagens, mas não foi possível obter respostas.

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