Jornal do Cariri
Hospital busca credenciamento para tratamento de AVC
Centenas de casos de AVC são registrados anualmente na região
Foto: Assessoria HSA
Joaquim Júnior
02/11/21 11:00

O Acidente Vascular Cerebral é uma das doenças que mais matam no Brasil. O Hospital Regional do Cariri (HRC), em Juazeiro do Norte, é referência na macrorregião, que abarca 45 municípios. Somente este ano, mais de 730 pacientes deram entrada na unidade de AVC do HRC – quase o total registrado em 2020, que foi 844 casos – número menor que o ano anterior, que teve mais de mil atendimentos. De Barbalha, o Hospital Santo Antônio busca credenciamento junto ao Ministério da Saúde, para que possa, através do Sistema Único de Saúde, fortalecer e somar forças no tratamento.

O neurologista Gustavo Vieira Rafael, coordenador da Unidade de AVC do HRC, explica que existem dois tipos de AVC: o isquêmico e o hemorrágico. O primeiro é causado por um coágulo de sangue que entope artéria no cérebro, impedindo a circulação de sangue e causando a morte dele; já o segundo é causado por um rompimento de uma artéria no cérebro, levando a um sangramento dentro da cabeça. Como lembra o médico, 90% dos AVCs são evitáveis, através do controle dos fatores de risco como pressão alta, diabetes, obesidade, sedentarismo, cigarro, álcool e drogas, má alimentação e problemas cardíacos.

Além da Unidade de AVC no HRC, Gustavo Vieira explica que a Emergência do equipamento também oferece atendimento especial aos casos da doença. “Quando a gente fala em AVC, cada minuto conta. Quanto mais rápido o paciente é tratado, menores as sequelas e menor a mortalidade”, destaca, ao dizer que os pacientes que procuram atendimento em período de até 4h30 podem se beneficiar com uso de uma medicação específica e amenizar possíveis danos.

De acordo com o neurocirurgião do Hospital Santo Antônio (HSA), José Correia Saraiva Júnior, cerca de 85% dos casos registrados de AVC são isquêmicos. “De todos os AVCs isquêmicos que chegam no tempo certo, um terço dá para desobstruir o vaso”, informa. Devido à alta demanda em toda região, ele explica que, em breve, será necessária segunda unidade de AVC que servirá para desafogar a unidade já existente e agilizar o atendimento. “Temos uma estrutura já feita no Hospital Santo Antônio, equipada, montada, mas não está funcionando como Unidade de AVC porque não tem o credenciamento SUS, do Ministério da Saúde”, relata, ao dizer que o equipamento depende desse credenciamento para iniciar a manutenção dos gastos.

Ele faz um apelo às autoridades políticas para que se sensibilizem com a situação, como meio para revertê-la, para que a população que depende dos serviços dos SUS, em toda região do Cariri, seja contemplada. Atualmente, a Unidade de AVC já existente atende às vítimas de AVC Isquêmico. Já aos pacientes de AVC hemorrágico, o tratamento é oferecido no HSA, através da microcirurgia aberta. De acordo com José Correia, em torno de 20% e 30% dos casos não é possível realizar este procedimento – o que necessita o encaminhamento para Fortaleza. Casos de aneurisma, que é um pré-AVC, também são encaminhados à capital.

“A gente não tem o credenciamento nem para tratamento endovascular, que é o AVC isquêmico, embolização, e nem o tratamento endovascular para o AVC hemorrágico, que é o sangramento”, comenta, ao dizer que no HSA possui equipamento e profissionais de saúde e que, agora, só falta o credenciamento para virar uma segunda referência na região e dividir os casos no sentido de somar forças no tratamento do AVC no Cariri. Como enfatiza o profissional, o tempo é crucial no atendimento. Ele cita que, caso o paciente procure atendimento após seis, oito horas do início dos sintomas, a recuperação é mais lenta e o tratamento é mais voltado aos danos, às sequelas.

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