Os embates públicos entre o prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos), e o deputado estadual Fernando Santana (PT) se avolumam nos últimos dias e intensificam-se à medida que as eleições municipais de 2024 se aproximam. Apesar de Fernando não confirmar pré-candidatura a prefeito nas eleições do próximo ano, ele é o principal nome do PT para concorrer contra a reeleição de Glêdson. No meio do fogo cruzado, o vice-prefeito Giovanni Sampaio (PSB), que além de defender Fernando, rompeu politicamente com o Glêdson na semana passada.
O prefeito de Juazeiro pede o envio de recursos estaduais para concluir obras no Município. Fernando expôs documentos para demonstrar que Juazeiro só receberá valores após resolver pendências junto à Secretaria Estadual de Obras Públicas (SOP). No confronto público entre dois, um acusou o outro de mentir. “Para governar, é preciso humildade, sensibilidade e falar a verdade”, disse Fernando. “Não adianta mais ficar faltando com a verdade ou, no popular, dizendo mentira, porque eu não vou permitir”, rebateu Glêdson.
Conforme o prefeito, Juazeiro do Norte precisa menos de dois milhões para concluir a reforma do Hospital Maria Amélia. “O que significa R$ 1,8 milhão para o Governo do Estado num orçamento de bilhões? É insignificante”, considera. O valor é parte de um total de R$ 22 milhões conseguidos pelo deputado estadual, que se posiciona como quem destina, mas não opera a receita. “Se ele tem o condão de resolver ou não, aí vai da consciência dele. O que posso dizer é que no submundo da política, a afirmação é de que não vem um real para Juazeiro”, comenta Glêdson. O prefeito diz ter uma série de provas sobre as tentativas de aproximação e diálogo junto ao Governo do Ceará.
Na manhã desta segunda-feira (13), Fernando esteve em frente ao Memorial Padre Cícero, uma das obras inacabadas. Na avaliação do deputado, a execução das obras compete à Prefeitura, e não ao Governo do Ceará. “Eu vim mostrar a vocês que não é verdade essa narrativa de que a responsabilidade dessas obras é do Governo do Ceará. O dinheiro é oriundo do Governo do Estado. Quem licitou e executa a obra é a Prefeitura”, explicou o parlamentar. Ele ainda recomendou que o prefeito Glêdson “fale menos e faça mais” e que “procure dar agilidade à obra”.
Fernando julga as cobranças de Glêdson como uma “cortina de fumaça”, diante do que aponta como ineficiência da atual gestão municipal. “Prefeito de Juazeiro do Norte, se precisar do deputado Fernando Santana, como você já precisou várias vezes e eu sempre ajudei naquilo que pude, pode me ligar, que eu ajudo a conduzir os trabalhos na Prefeitura. Se o senhor não estiver sabendo, entregue a quem sabe; se o senhor não quer entregar a quem sabe, contrate alguém que saiba e possa lhe ajudar a entregar essas obras”, ironizou Fernando, ainda orientando que Glêdson “fale menos e faça mais”.
Giovanni sai em defesa de Fernando
Diante do agravamento da relação entre Glêdson e Fernando, o vice-prefeito Giovanni Sampaio anunciou o rompimento político com o gestor juazeirense. Ele revelou que há pelo menos seis meses está ausente de compromissos públicos ao lado de Glêdson, ou relacionados ao cargo de vice. Giovanni diz não ter traído o prefeito, mas mantido o compromisso com Camilo Santana e Fernando Santana, a quem tem como líderes políticos. “A minha versão e o meu apoio é Fernando Santana. Agora, eu não vou, como vice-prefeito, baixar o nível, chamar esse ou aquele de mentiroso”, comentou.
Apesar disso, o vice criticou as cobranças por recursos feitas pelo prefeito. Na avaliação dele, Glêdson deveria ter sido solidário a Fernando e a Camilo, pois, segundo ele, foram os dois quem forneceram suporte jurídico e político quando prefeito e vice juazeirenses enfrentaram processo de cassação no início do mandato. “Eu não tinha nem uma tábua para passar de um lado para o outro, e Camilo nos mostrou um viaduto. Isso, por si só, já é mais do que qualquer coisa que estão debatendo”. Giovanni avalia as trocas de críticas e acusações entre Glêdson e Fernando como “narrativa de candidato para desgastar o outro”.
