As eleições municipais em Juazeiro do Norte se encaminham para uma polarização entre o prefeito Glêdson Bezerra (Podemos) e o deputado estadual Fernando Santana (PT). As articulações, feitas pelos dois pré-candidatos no último fim de semana, deram o tom de disputa entre o grupo liderado pelo ministro Camilo Santana (PT) e a oposição estadual, encabeçada pelo ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT). O prefeito juazeirense disse acompanhar com expectativa as definições, enquanto avalia possíveis concorrentes.
Entre eles, Glêdson destaca o deputado estadual Davi de Raimundão, um dos nomes “com densidade eleitoral já comprovada”. O gestor acredita na possibilidade de dissidência na oposição, ao avaliar as dificuldades de consenso ante um grupo diverso. “Olhando de fora, acho que é praticamente inviável, para não dizer impossível, manter tantas pessoas, com interesses tão heterogêneos, num mesmo lugar. Posso afirmar que nossa pré-candidatura está mantida”, argumenta.
Glêdson disse “estar aberto ao diálogo com todos”, inclusive com quem hoje está mais perto da oposição, como é o caso do ex-candidato a prefeito Demontieux Fernandes, que avalia deixar o PSOL para se filiar ao PDT. Contudo, impôs condições. “Se alguém vier se somar ao nosso projeto, respeitando a forma como fazemos política, show de bola. Se fosse para ter apoio de qualquer pessoa, fugir da nossa identidade política, essa possibilidade não existe. Eu não teria nem o interesse em ser prefeito, se fosse assim”.
Demontieux nega qualquer apoio à reeleição de Glêdson: “Não me misturo com o que não acredito”, resumiu. Apesar disso, Diogo Machado garantiu ter sido procurado por ele, com a intenção de se filiar ao PDT, mesmo com a sigla apoiando a reeleição do prefeito. Na sexta-feira (02), Glêdson, Diogo, Demontieux e outros políticos almoçaram com Gerdal Teles, dirigente nacional do PDT, onde obteve a confirmação de que o diretório municipal será entregue a Diogo, favorito para compor como vice de Glêdson.
A aliança foi costurada entre Glêdson e Ciro Gomes, que intermediou conversas entre o prefeito e o deputado André Figueiredo (PDT). “Durante as conversas que eu tive com essas lideranças do PDT estadual, eles sinalizaram que são simpáticos à minha reeleição. Fico feliz em saber que o PDT tem essa grande possibilidade de estar conosco”, considerou Glêdson. O prefeito confirmou permanência no Podemos, com quem tem uma relação “extraordinária” com a direção nacional. Já a estadual apoia o governador Elmano de Freitas.
A decisão é respeitada por Glêdson, que exige autonomia nas decisões em nível municipal. “O Podemos, por mais que tenha esse apoio em nível estadual, precisa compreender que aqui eu terei minha liberdade de fechar as coligações que eu entender necessárias”, argumenta o prefeito. Entre os partidos aliados, as negociações são com PDT, PL, Novo, União Brasil, PP, PSDB, Cidadania e o Podemos. “Ainda vamos dialogar com outras pessoas”.
Entre a sexta e o sábado (03), Fernando participou de reuniões e articulações com suas bases. Se reuniu com o deputado federal Yury do Paredão (MDB), com o ex-prefeito Arnon Bezerra e o ex-deputado federal, Pedro Bezerra, e participou de evento solidário com o ex-prefeito Raimundo Macedo (MDB). Fernando manteve, ainda, contato com vereadores de Juazeiro.
Glêdson e Fernando finalizaram suas agendas do fim de semana, na missa em ação de graças a inauguração da Igreja Bom Jesus do Horto, no sábado (3), em Juazeiro do Norte, quando os dois ficaram lado a lado, acompanhados das respectivas bases eleitorais. O encontro aconteceu depois de mais de um ano, desde a eleição de 2022, quando dividiram o mesmo palanque.
