Glêdson deve estreitar diálogo para governar , diz cientista político
Glêdson enfrenta forte oposição na Câmara
Foto: Divulgação
Robson Roque
11/05/21 14:00

A gestão do prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos), tem vivenciado situações desfavoráveis à governabilidade, em decorrência da instabilidade entre o Executivo e Legislativo do Município. Duas comissões parlamentares de inquérito (CPI) foram abertas logo na primeira sessão, somadas a outras duas (uma delas suspensa por ordem judicial) que investigam denúncias de irregularidades na atual administração, que tem somente 130 dias.

Atualmente, apenas sete dos 21 vereadores compõem a base aliada de Glêdson na Câmara municipal, onze são de oposição e três se posicionam como independentes. “De fato, a gente vê uma Câmara ativa, empenhada para controle do Executivo e, também, para dificultar, neste caso, a governabilidade”, analisa o cientista político Raulino Pessoa Júnior, professor do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

“Arnon, apesar de não ter sido eleito prefeito, conseguiu fazer uma boa base no Legislativo municipal, o que garante uma dificuldade para Glêdson em termos de governabilidade. O próprio presidente da Câmara, Darlan Lobo, é ligado ao Arnon. Então, de fato, em termos de governabilidade, fica bem difícil para o prefeito, porque ele enfrenta uma Câmara de oposição que tem, em termos legais, um poder de controle alto sobre o prefeito”, comenta..

Para reverter à situação, Glêdson encurtou a distância entre os dois poderes, ao almoçar, na quarta-feira (5), com os sete vereadores que formam a base governista e os três independentes. Além de tentar definir o líder na Câmara, Glêdson buscava levar os independentes para o grupo de aliados. Segundo o professor Raulino Pessoa Júnior, faltava diálogo entre os dois poderes, o que causa estranhamento diante da experiência de Glêdson como vereador de três mandatos, inclusive sendo ex-presidente da Câmara.

“No entanto, temos que observar que além da ausência de diálogo, existe um empenho de vereadores em fazer uma oposição mais rígida, dada a fidelidade e à aliança política com Arnon Bezerra. Então, ele [Glêdson] tem que fazer esse diálogo e, vamos dizer assim, um diálogo mais qualificado para atrair esses aliados”, argumenta.

Uma das estratégias que Glêdson pode adotar diante das dificuldades que tem encontrado para governar, na opinião do cientista político, é adotar o modelo do presidencialismo de coalização. Neste sistema, o presidente da República coloca ministérios à disposição de partidos para que se tornem aliados. “Nesse caso, o prefeito precisaria fazer alianças para atrair, no caso, esses vereadores e conseguir minimamente um consenso para conseguir estabelecer suas políticas públicas”, diz Raulino.

Esta iniciativa abriria espaço para concessões a serem feitas pelo prefeito. “Normalmente as concessões são muito mal vistas porque são ligadas à ideia de fisiologismo, de compra de apoio, de entrega de alguns cargos, mas não necessariamente. Essas concessões podem ser, também, uma negociação em torno das políticas e prioridades do governo. De fato é exercer o que a política significa, que é o diálogo. E esse diálogo não significa necessariamente ceder cargos e verbas”, conclui o professor Raulino Pessoa Júnior.

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