As águas de março já molham o Cariri. O segundo mês da quadra chuvosa no Cariri e no Ceará se apresenta após a região ter registrado volume acumulado de 115,4 mm no mês de fevereiro - ou seja, 30,9% abaixo da normal climatológica mensal, que é de 166,8 mm. Apesar da baixa, a média de precipitações foi maior que a registrada no Estado, em que os números ficaram 45,8% abaixo da média. Os dados parciais foram repassados pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), que lançou um prognóstico climático para os meses de março, abril e maio. O material prevê chuvas 35% abaixo, 45% dentro e 20% acima do normal.

Meiry Sakamoto, gerente de Meteorologia da Funceme, explica que os principais pontos que influenciaram o prognóstico são a tendência de enfraquecimento da La Niña ao longo da estação chuvosa, que possivelmente deve encerrar com condições neutras no Pacífico equatorial; e o Dipolo neutro no Atlântico tropical e a tendência, de acordo com modelos, de que o Atlântico Tropical Norte fique mais aquecido do que o Atlântico tropical sul.

Como explica Meiry, se o dipolo for positivo, significa que o Atlântico tropical sul está relativamente mais frio do que o Atlântico tropical norte e, nessas condições,  a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) se mantém afastada da região Nordeste. “Assim, esse padrão atual de dipolo neutro traz maiores incertezas ao prognóstico. Observamos que a ZCIT é o principal sistema indutor de chuvas durante a quadra chuvosa (período de fevereiro a maio) no Ceará”, acrescenta, ao lembrar que o prognóstico divulgado é válido para o estado do Ceará como um todo, inclusive a região do Cariri.

Como são feitos os prognósticos

A gerente de Meteorologia da Funceme, Meiry Sakamoto, explica que o prognóstico climático é realizado a partir da análise dos campos atmosféricos e oceânicos de grande escala (vento em superfície e em altitude, pressão ao nível do mar, temperatura da superfície do mar, entre outros) e dos resultados de modelos numéricos globais e regionais e de modelos estatísticos de diversas instituições de Meteorologia do Brasil (FUNCEME, INMET, CPTEC/INPE) e do exterior. “Observamos que o prognóstico indica as probabilidades referentes aos volumes acumulados nos trimestres (fevereiro a abril, ou março a maio) ficarem dentro das categorias acima, em torno ou abaixo da normal climatológica. Não é um indicativo de chuvas mensais ou mesmo diárias”, finaliza.