A intervenção fotográfica “#Transitoriedade”, da artista Nívea Uchôa, retrata a efemeridade das imagens nas redes sociais. O trabalho foi realizado a partir dos registros capturados pela fotógrafa, ao longo de sua carreira, e foi fixado em espaços da cidade de Juazeiro do Norte, a partir da técnica de lambe-lambe. O Sesc, a Quebrada Cultural, O Cangaço Bar e o Centro de Apoio aos Romeiros foram alguns dos espaços que receberam a ação em Juazeiro. No Crato, a intervenção ocorreu na Linha Férrea e Coletivo Camaradas, no bairro Gesso.

A intervenção lança mão de um questionamento: Ainda é possível, mesmo com a fotografia efêmera nas redes sociais, contemplar a fotografia fixada no tempo? Diante de tal questionamento, a intervenção se desdobra na colagem de fotografias impressas em papel de outdoor, em fachadas disponíveis pelas cidades, ficando expostas continuamente para o público que transita em meio ao fluxo do cotidiano urbano. “A ideia de fazer os lambes em grande formato tem a ver com o tema que eu tenho trabalhado há pelo menos dois ou três anos, chamado transitoriedade, onde a gente pode perceber que o tempo existe, mas de forma transitória. Nós passamos por vários processos de mutação na vida e as imagens, principalmente as fotográficas, são muito determinantes para discutir a questão do tempo. Mas eu discuto também a questão das redes de comunicação, que nós estamos impregnados de muita profusão de imagens soltas nas redes sociais”, explica Nívea.

A rede social Instagram seria, de acordo com a fotógrafa, o claro exemplo da efemeridade que as imagens tomaram. As imagens passam de forma rápida. Além disso, a fotógrafa defende os registros que foram fixados no tempo e na memória como algo que deve ser admirado e contemplado. Para isto, ela se ampara nos termos “a beleza das coisas’’, utilizado por Freud, para compreender, gravar e admirar as imagens.